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Editorial

Entenda o caso do Bassiani club, da Georgia

Neste último fim de semana, a polícia da Georgia encerrou as atividades de duas casas noturnas do país. Entenda os motivos.

Bassiani

É muito difícil explicar com detalhes algo que não está ao alcance da mídia, mas vamos compreender um pouco sobre como dois donos de clubs na Geórgia estão atrás das grades e como que um país mobilizou sua população cultural para que haja justiça.

Para quem não conhece, Geórgia é um país da Europa Ocidental, localizado entre a Turquia e a Armênia, com ligações também no Azerbaijão e com o mar Negro. Com pouco mais de 3,5 milhões de habitantes, em pequeno território, a maioria da sua população vive em Tbilisi, capital. O governo Georgiano possui uma extrema política anti drogas, gerando polêmica até com os próprios direitos humanos.

Agora vamos aos clubs, o Bassiani e o Café Gallery são os dois maiores clubs de Tbilisi, capital da Georgia. Os pontos da cultura da dance music regional foram invadidos neste fim de semana por policiais armados. O motivo? Uma resposta do governo Georgiano a 5 mortes ligadas por drogas nas últimas duas semanas.

Mas as 5 mortes estão ligadas com os clubs fechados? Segundo comunicado oficial do Bassiani, na segunda feira passada, 7 de Maio, “nenhuma das mortes trágicas ocorreu dentro do club e que as acusações fazem parte de uma campanha de difamação por forças políticas de extrema direta, com intenções governamentais”. No batimento deste fim de semana, aproximadamente 60 pessoas foram presas, incluindo os co-founders do club Tato Getia e Zviad Gelbakhiani. Há também relatos de que Gelbakhiani foi espancado quando foi preso.

Em relato ao portal Resident Advisor, James Manning, DJ do club, comentou que “havia entre 5 e 15 pessoas no backstage, quando um grupo de 4 a 6 policiais fardados entraram por volta de uma da manhã e pediram para que o som fosse interrompido, todos com armas nas mãos”. O mesmo aconteceu no Café Gallery, a ex-booker, Mariam Murusidze cedeu o comentário relatando que “o que aconteceu no sábado não se trata dos clubs, mas sim de uma luta entre o passado soviético do país e a ditadura em que vive-se, principalmente depois que o parlamento georgiano iniciou uma sessão sobre a política liberal de drogas.”

Atualmente, a Geórgia mantém políticas de drogas extraordinariamente restritivas a tolerância zero. Testes feito por policiais são comuns e pequenas quantidades de drogas recreativas podem levar uma pessoa para a prisão por anos. Os clubs de Tbilisi estão na vanguarda de um movimento para mudar as leis antidrogas do país, especialmente o Bassiani, que tem laços estreitos com o grupo ativista White Noise.

Após a prisão dos sócios do Bassiani, um protesto foi planejado pelas casas noturnas da Geórgia, em apoio a Tato Getia e Zviad Gelbakhiani e o que aconteceu foi uma incrível festa ao ar livre, em frente ao parlamento Georgiano, com muito techno e muita gente querendo mudanças em um país tão radical:

Como se não bastasse algo tão especial acontecendo na cultura da dance music, há um DJ Michail Todua, que está preso por motivos parecidos há cinco anos e que já produziu até um EP dentro da cadeia, apenas com um laptop e o auxilio de alguns outros equipamentos, visto que o mesmo não tem acesso a internet.

Michail Todua, conhecido como Michailo, em seu estúdio na prisão

É extraordinário vivenciar algo deste porte em pleno século XXI e ainda bem que a cena da dance music mundial está a favor do Bassiani e todo seu arsenal de política de redução de danos que pode mudar o rumo de um país extremista como a Geórgia.  O Techno resiste e sempre resistirá.

Pós graduado em comunicação e marketing digital pela Universidade Belas Artes de São Paulo. DJ, produtor de eventos, PR, poeta e workaholic. Amante de um bom som, um por do sol e uma boa taça de gin tônica.

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