Travis Straw cria um experimento estético em ‘Dolphins R A-Holes’

Inspirada por um tufão e guiada pelo caos, ‘Dolphins R A-Holes’, de Travis Straw é o tipo de faixa que não pede licença para existir.

Travis Straw

Gravada em plena passagem do tufão Dolphin, nas ilhas de Guam, com apenas um tablet e uma caixa de som portátil, a nova música de Travis Straw é, ao mesmo tempo, um experimento espontâneo e uma afirmação estética. ‘Dolphins R A-Holes’ pulsa com a energia crua das tempestades tropicais — imprevisível, elétrica, sem filtro. As batidas são quadradas, mas inquietas, fundadas naquele groove áspero e direto que só os sons inspirados pelo Electro House conseguem invocar sem soar forçados. Ouça aqui.

Há distorções em lugares inesperados, sintetizadores que não pedem polidez, e uma sequência rítmica que parece desafiar as próprias regras da pista enquanto ainda faz o corpo obedecer. A faixa soa como um protesto lúdico contra a perfeição plastificada da dance music digital. E talvez esse seja o ponto central da obra de Travis: fazer música sem pretensão de viralizar — apenas para existir, respirar, circular.

Mais do que produtor, ele se define como compositor. Alguém que cria pelo prazer de permitir-se errar, testar, brincar com sons e palavras. ‘Dolphins R A-Holes’ carrega essa filosofia como um grito de liberdade encapsulado em BPMs acelerados e camadas instintivas. Não é sobre técnica — é sobre expressão. Sobre criar no meio do furacão. Literalmente.

Se a faixa te provoca, incomoda ou faz rir com o título, ótimo: ela cumpriu seu papel. E talvez seja essa a provocação maior de Travis Straw — não moldar sua música ao mercado, mas oferecer sua própria tempestade sonora a quem quiser dançar com ela.

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