Como uma lembrança de verão que insiste em voltar, ‘Sunny Tournais’ de Sabadé e Yona Maria aquece o presente com ecos do passado.
Sabadé une forças com Yona Maria para criar uma faixa que é puro convite à nostalgia — mas com os pés bem fincados na pista atual. ‘Sunny Tournais’ surge da interseção entre duas linhagens históricas da música dançante: o swing ensolarado do classic house e as batidas fragmentadas do UK garage raiz. O resultado é uma composição que brilha com a leveza do título, mas esconde, sob a superfície, um trabalho minucioso de construção estética. Ouça aqui.
Cada elemento tem seu lugar: os vocais de Yona Maria deslizam suaves, como se flutuassem entre sintetizadores quentes e linhas de baixo que pulsam com elasticidade. Não há pressa na estrutura — ela cresce com confiança, criando espaço para respirar, sentir e dançar. É música que sorri de canto, que traz a sensação de fim de tarde em festival, de rua molhada sob sol londrino, de liberdade domesticada em groove.
Sabadé não mira tendências, mas costura referências. A faixa não é revival nem pastiche — é releitura pessoal, feita com afeto e intenção. Ao evocar o charme do passado e reformatá-lo com frescor, ‘Sunny Tournais’ oferece algo raro: uma faixa que acolhe tanto quem viveu a era dourada dos clubes quanto quem apenas imagina como ela soava.
No fim, o que se ouve é mais do que uma homenagem: é um gesto de comunhão. Entre dois artistas. Entre épocas. E entre pistas que seguem abertas ao inesperado.
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