Como um delírio cintilante sob luzes estroboscópicas, ‘Luigi’, de Anna-My, captura o instante exato em que o desejo encontra o som.
Anna-My retorna com sua segunda faixa e o mesmo talento de transformar memórias em música. Se com ‘Memoria’ ela lançou um convite sutil à introspecção eletrônica, ‘Luigi‘ é seu oposto complementar — um surto emocional guiado por bateria eletrônica, baixos elásticos e camadas de sintetizadores que brilham como néon molhado nas calçadas de uma noite que não quer acabar. Ouça aqui.
O ritmo pulsa como um coração entregue: constante, determinado, íntimo. Há uma tensão sensual entre cada batida e o silêncio que a segue, como se a faixa dançasse com o ouvinte e não apenas para ele. O baixo convida, a melodia seduz, e o staccato dos synths entra como uma lembrança repentina — precisa, nostálgica, deliciosa. É house music com alma de fita cassete, groove de primavera em cidade grande, e uma assinatura melódica que deixa marcas.
Anna-My não está apenas em ascensão: ela está em formação de linguagem própria. Com passagens pelas cabines de Londres, Nova York e Estocolmo desde 2013, ela já viveu os bastidores da noite por todos os ângulos — e isso transparece. ‘Luigi’ soa como a tradução sonora de alguém que conhece a pista como quem conhece um segredo.
Inspirada por um encontro fugaz — mãos entrelaçadas, euforia, calor e desaparecimento — a faixa é confissão disfarçada de refrão. Um delírio que, embora vivido por ela, poderia ser de qualquer um. E talvez por isso funcione tão bem: porque todo mundo já teve um ‘Luigi’.
Escute:
