Como uma colisão entre máquina e desejo, ‘GET SO HIGH’, de Kazeta, é som que estilhaça a superfície e acende o subterrâneo. Escute agora.
Kazeta estreia com uma faixa que não pede introdução — ela entra com os dois pés no peito. ‘GET SO HIGH’ é um disparo direto à pista, uma construção frontal que dispensa floreios e aposta tudo no impacto. Desde os primeiros segundos, o que se ouve é uma arquitetura sonora desenhada para tremer paredes e liberar impulsos: sintetizadores encorpados, graves que vibram como motores no limite e um vocal esticado ao ponto da distorção, criando aquele efeito de dobra sensorial que gruda no cérebro como mantra. Ouça aqui.
A estrutura é simples — e é exatamente por isso que funciona tão bem. Kazeta trabalha com blocos sonoros sólidos: tudo é grande, direto, saturado com precisão. A melodia é mínima, mas a energia é máxima. É faixa feita para quando o set pede virada — para aquele momento em que a intenção precisa ser clara e a mensagem, inegociável: “we’re gonna get so high”.
O vocal, desconstruído até virar textura, atua como gatilho hipnótico. Não conduz a música — é parte do colapso. Um chamado repetitivo que, longe de soar artificial, empurra o ouvinte para dentro da própria batida, como se corpo e som fossem a mesma coisa.
Kazeta bebe da tensão sonora de referências contemporâneas, mas entrega com a voracidade de quem entende que, na pista, nem sempre é sobre detalhe — às vezes é sobre pressão. ‘GET SO HIGH’ não quer ser sutil. Ela quer ser lembrada. E consegue.
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