Vincenzo Pizzi e Mary Gehnyei causam impacto em ‘POWER’

Feita para colidir com o corpo e ecoar na mente, ‘POWER’, de Vincenzo Pizzi em colaboração com Mary Gehnyei, é intensidade em estado puro.

Vincenzo Pizzi

‘POWER’, de Vincenzo Pizzi, conduz uma experiência densa e física. A base é rígida, repleta de texturas saturadas e batidas que não dão trégua. No centro desse vórtice rítmico, a voz de Mary Gehnyei surge como um feitiço industrial — mantralizada, repetitiva, evocativa. Ela não canta, ela invoca. E entre camadas ácidas e timbres corroídos, cada palavra reverbera como comando. Ouça aqui.

A construção da faixa não oferece respiro. Vincenzo trabalha com som bruto e direto, desdobrando a energia do techno em formas que parecem funcionar mais como impacto do que como melodia. A estrutura se mantém tensa e hipnótica, guiada por linhas que ardem e por frequências que vibram dentro da pele. A presença da voz feminina não suaviza: ela intensifica — é um chamado, não um alívio.

‘POWER’ é um manifesto sonoro. Uma faixa que transforma pista em rito, som em impacto e repetição em transe. Há algo de quase xamânico na forma como tudo se repete com variações mínimas, mas suficientes para manter o corpo em alerta constante. A força está na insistência. E a insistência, no controle absoluto da tensão.

É techno em sua forma mais crua e ritualística — feito não apenas para tocar, mas para dominar.

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