Como um fluxo sereno, ‘Beechworth Cascades’, de PARIS, transforma uma caminhada solitária em paisagem íntima, meditativa e hipnotizante.
‘Beechworth Cascades’ abre o ciclo emocional de Labyrinth, álbum de estreia da artista australiana PARIS, com a delicadeza de quem escuta antes de falar. Gravado após uma trilha improvisada por uma floresta em Victoria, o single mistura gravações ambientais — o som dos insetos, da água correndo, do silêncio vivo da mata — com sintetizadores etéreos e construção sutil. É como se a própria natureza respirasse através da máquina, em um equilíbrio entre o orgânico e o digital que soa quase ritualístico. Ouça aqui.
A faixa não busca impacto imediato, mas imersão gradual. As camadas vão se revelando com elegância: arpejos cristalinos, texturas líquidas e uma progressão sonora que cresce sem nunca se impor. A estética lembra momentos de contemplação sonora de nomes como Four Tet, mas carrega uma assinatura muito pessoal — resultado de um processo criativo que PARIS descreve como uma travessia interior. Nesse caminho, ‘Beechworth Cascades’ funciona como ponto de partida e manifesto: é a primeira curva do labirinto que dá nome ao disco, e já anuncia que o percurso será profundo, sensível e fora do previsível.
Mais do que apenas ambientar o álbum, a faixa apresenta um novo capítulo na trajetória de PARIS, que evolui do underground para um espaço mais amplo e introspectivo, sem perder conexão com a pista. É música feita para sentir com o corpo em pausa — ou em movimento lento, como água.
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