Web série documental, Sons da Cena, registra trajetória da cena eletrônica de Pouso Alegre, com lançamento marcado para 8 de setembro de 2025.
A websérie Sons da Cena documenta a história de Pouso Alegre, cidade do interior mineiro que construiu uma cena eletrônica independente, enfrentando preconceitos e consolidando identidade própria ao longo de mais de duas décadas. A produção estreia em 8 de setembro de 2025, data que coincide com o aniversário de 37 anos da idealizadora do projeto, Jamila Martins, que dedicou 23 anos de sua vida à cena eletrônica de Minas Gerais.
Sons da Cena é composta por três episódios que seguem uma narrativa documental, combinando entrevistas, depoimentos, imagens de arquivo e registros de eventos e festas. A linguagem visual alterna entre estética documental e elementos artísticos, enquanto a trilha sonora percorre desde as raízes do house e techno até influências contemporâneas.
A websérie conta também com um EP produzido por Jamila, formado por três faixas originais: ‘The Past’, ‘Present’ e ‘Our music isn’t just beats and noise’. Cada música representa simbolicamente um episódio — passado, presente e futuro. Além disso, a produção garante acessibilidade universal, contando com intérprete de Libras e legendas.
O roteiro da websérie foi escrito pelo artista, jornalista e produtor cultural Luciano Prado, ampliando a densidade narrativa e assegurando a fidelidade histórica do projeto.
O projeto nasceu da necessidade de registrar uma memória ainda invisível. Segundo Jamila:
“A urgência de preservar essa história veio da constatação de que, embora eventos importantes tivessem ocorrido desde os anos 2000, quase nada havia sido documentado formalmente”.
A websérie é, ao mesmo tempo, um retrato do passado e um ponto de partida para projetos futuros que pretendem mapear toda a música eletrônica em Minas Gerais.
Cada episódio aborda momentos distintos da cena local. O primeiro, “Origens Eletrônicas”, destaca os primeiros eventos dos anos 2000 e os pioneiros que abriram caminho. O segundo, “Evolução e Desafios”, mostra a consolidação na década de 2010, a resistência cultural e o impacto da pandemia. O terceiro, “Legado e Futuro”, apresenta os artistas que projetaram Pouso Alegre e as perspectivas para novas gerações. Confira o teaser no Instagram.
A pesquisa envolveu entrevistas com DJs, produtores, organizadores e público que vivenciaram diferentes fases da cena. Fotos, vídeos e relatos foram coletados de maneira sistemática, formando a base para o projeto atual e para a expansão futura em âmbito estadual. Jamila ressalta que “reencontrar histórias e pessoas que, mesmo sem visibilidade, foram fundamentais para a construção da cena foi emocionante”.
Nos anos 90, a cena eletrônica ainda engatinhava no Brasil. Em Pouso Alegre, no sul de Minas, ela praticamente não existia — até que a gente chegou. Em 1996, eu e alguns amigos começamos a descobrir, consumir e viver a cultura eletrônica underground. Em meio a uma cidade conservadora e sem espaço para a música alternativa, fomos desbravadores. Organizamos festas, promovemos encontros e criamos uma rede de pessoas apaixonadas por beats, liberdade e expressão. Essa movimentação ajudou a plantar sementes que, décadas depois, ainda florescem em novas gerações. A história da música eletrônica em Pouso Alegre também é a nossa história — e merece ser contada.” (Benedito Procópio)
A produção enfrentou desafios relacionados à ausência de registros formais, dispersão de material, falta de políticas públicas e captação de recursos. A Beatlife, escola de DJs e formadora de talentos, estruturou a equipe mobilizando alunos, ex-alunos e voluntários locais, além de obter financiamento por meio da Lei Paulo Gustavo, em nível municipal. Parceiros como o Coletivo Mantiqueira e artistas locais também foram essenciais, disponibilizando acervos e contribuindo com depoimentos.

O projeto conecta a trajetória pessoal de Jamila à história da cena. Com mais de 20 anos de experiência como DJ, produtora cultural e fundadora da Beatplay, ela explica:
“Sons da Cena é a realização prática do meu propósito de profissionalizar e registrar a cena, garantindo sua continuidade”. A série também busca inspirar outras cidades a reconhecer e valorizar suas próprias cenas locais, mostrando que cada núcleo cultural tem potencial de contribuir para a narrativa nacional.
Além de documentar a história, a websérie evidencia a contribuição de Pouso Alegre para a música eletrônica brasileira, incluindo a resistência cultural, a criação de espaços independentes e a formação de DJs que hoje atuam em grandes palcos. “A música eletrônica é resistência, conexão e transformação. Cada cena local, por menor que pareça, é parte do todo e tem muito a contribuir”, afirma Jamila.
O lançamento marcado para o aniversário de Jamila reforça a conexão pessoal entre a idealizadora e o projeto. Ele também simboliza o reconhecimento coletivo do esforço de dezenas de pessoas envolvidas na construção da cena. Ao consolidar memórias e trajetórias, Sons da Cena oferece registro histórico e serve como referência para iniciativas semelhantes em outras cidades de Minas e do Brasil.
Sons da Cena apresenta Pouso Alegre como um exemplo de cena eletrônica do interior que construiu identidade própria, resistiu a adversidades e formou talentos. O documentário transforma experiências individuais e coletivas em memória cultural acessível, conectando passado, presente e futuro da música eletrônica regional.
A série reforça a importância de reconhecer a diversidade geográfica da cultura eletrônica brasileira, lembrando que a produção musical vai além dos grandes centros urbanos. Com isso, o projeto amplia o entendimento sobre a cena nacional e deixa registro da história de quem contribuiu para construí-la. Saiba mais sobre o Sons da Cena no site oficial.