Autor: Viktor Raphael

Do começo cruzando a fronteira Minas x SP, Jamila Martins não imaginava que seu futuro traria pioneirismos, uma carreira sólida e influência.

De uma infância gravando músicas que tocavam nas rádios em fitas K7, para uma carreira 360. Das coleções de CDs e Summer Eletrohits, a uma agência de gerenciamento artístico e uma escola de DJs. Das baladas na adolescência ao pioneirismo feminino em Pouso Alegre e no Sul de Minas, Jamila Martins é o que podemos chamar de uma artista completa. Completando 20 anos de carreira, a DJane é digna de todos os aplausos.

Influenciada pelos icônicos DVD de Fatboy Slim Live At Big Beach Boutique II e XXXPerience 2003, Jamila resolveu dar seus primeiros passos na cena eletrônica, ainda como uma mera frequentadora. Entre idas e vindas, uma festa e outra, foi em uma balada LGTB, a lendária Disco Hyppe, que sua vida começou a tomar novos rumos. Incentivada pela produtora Érica/Kiss, Jamila colocou a coragem na mochila e todos os fins de semana saía de sua cidade e cruzava a fronteira entre Minas Gerais e São Paulo, onde fez suas primeiras aulas de discotecagem.

Entre algumas sambadas e muita ansiedade, as primeiras gigs aconteceram. Electro House era o que ditava o tom das apresentações de Jamila, que não imaginava o que o futuro a reservava. Electrixx, que serviu como inspiração, transformou-se nas batidas clássicas da House Music, de Chicago. Percussões também ganharam vida e o Afro House se fez presente nas produções da artista, que não limita-se e proporciona uma viagem sonora, transitando entre o Tech, Progressive e o que mais a pista permitir.

Ter anos de carreira proporcionaram a Jamila Martins alguns pioneirismos, que são motivo de orgulho. A DJane foi a primeira mulher sul mineira a se apresentar no Club Stage, palco do extinto Soulvision Festival, além de ser a primeira artista feminina de dance music da sua cidade. Sua paixão pela música e talento extraordinário, proporcionaram a Jamila apresentações em São Paulo, Florianópolis, Campinas, Jundiaí, Bragança Paulista, entre tantas outras. São milhares de quilômetro ouvindo suas músicas.

Ser uma referência em sua arte também trouxe novas oportunidades para Jamila. Em 2017, após ministrar aulas particulares usando um par de CDJs 200, nasceu a Beatlife. Hoje, ao lado de Mariana Rosa, a artista oferece uma estrutura para todos os aspirantes à música eletrônica. Ela pode, através do seu sonho, transformar a vida de diversas pessoas e transmitir conhecimento na arte da discotecagem.

E como o céu é o limite, a Beatplay mostra que os voos podem ser cada vez mais altos. Através da sugestão e parceria de um aluno , Jamila, que sempre ajudou seus protegidos a conseguirem gigs, criou sua própria agência em 2021. Como missão, a Beatplay Bookings representa diversos artistas da cena eletrônica nacional, como Cevith, Flare, Zomero e Brannco. Fruto de muito estudo e dedicação, a agência possui uma estrutura completa de backoffice para seus agenciados.

Sintetizar uma carreira de 20 anos num simples artigo, nem sempre é fácil. Contar a história de uma mulher, que sozinha entrou no mundo da música, atravessou cidades para aprender seu ofício e precisou ser seu próprio exemplo em muito do que se propôs a fazer, é mais do que escrever, é inspirar. Que Jamila continue contribuindo para a cena, como tem feito por todos esses anos e que seu legado seja reconhecido, assim como seu talento e criatividade.