Como um telefonema misterioso às três da manhã, ‘Ring Ring’, nova faixa de Baggi, não vem com aviso — vem com intenção. Escute agora.
Baggi retorna com uma faixa que pulsa como cidade viva: sons que ecoam entre concreto e fumaça, batidas que ressoam como passos apressados na calçada, e uma cadência que convida à repetição, ao delírio, ao corpo em estado contínuo de resposta. ‘Ring Ring’ não se apressa — ela dança em círculo, seduz de forma gradual, como quem sabe que o desejo não está no impacto imediato, mas na fricção constante entre tensão e liberação. Ouça aqui.
O groove é austero, mas envolvente. As linhas de baixo carregam elasticidade e pressão, enquanto os vocais — lançados em fragmentos como mensagens interceptadas — funcionam mais como textura do que como narrativa. O som se constrói em ciclos, girando sobre si mesmo como se cada nova volta fosse uma variação imperceptível da anterior. É música que convida ao transe sem cair na monotonia — e esse é justamente seu maior charme.
Baggi tem pleno domínio da arquitetura sonora que sustenta as madrugadas dançantes. Com ‘Ring Ring‘, ele prova mais uma vez que não se trata apenas de ritmo, mas de contexto. A faixa é pensada para aquele momento específico da noite em que já não se fala muito, não se pensa demais — só se sente. Onde o calor do clube é tão denso quanto o som, e tudo o que resta é seguir a batida até onde ela quiser levar.
Escute: