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‘Bate-Estaca’ relembra o começo da música eletrônica no Brasil

Camilo Rocha lançou seu livro, Bate-Estaca – Como DJs, drag queens e clubbers salvaram a noite de São Paulo (Editora Veneta). DJ, jornalista e agora oficialmente escritor, Camilo revisita personagens e lugares seminais para a aurora da cultura da música eletrônica no Brasil.

Bate-Estaca
Divulgação

A obra traça um retrato memorialístico e jornalístico da noite paulistana desde o fim dos anos 1980 até meados dos anos 2000 e acompanha a noite do período por meio das histórias de suas casas noturnas, personagens e mudanças nos hábitos culturais e comportamentais.

Embora trate de uma realidade historicamente recente, o livro pode soar surpreendente para os leitores que não viveram a época, como deve ter sido espantoso para quem debutou nos bailes de salão na década de 1950 e viu a ascensão da era disco dos anos 1970.

Afinal, hoje, as casas noturnas deram lugar a festas em prédios e espaços abandonados, as músicas povoam o cotidiano e a segmentação – por gênero, raça, orientação sexual – tomou o lugar da diversidade e da convivência democrática que começou a surgir naqueles anos.

O livro faz também um bom retrato do surgimento do “techno” – inicialmente chamado “underground” – e do estranhamento causado pelo gênero no período. “Em geral, esses sons não eram entendidos de imediato; demandavam dedicação e imersão”, escreve o autor.

Pista do Lov.e no início dos anos 2000. Foto: Fabio Mergulhão/Divulgação

Há seções para o histórico Love Club, a D-edge — casa ativa e bem-sucedida ainda hoje —, o extinto festival Skol Beats e também as raves de trance, que reuniam dezenas de milhares de pessoas em fazendas nos arredores de São Paulo. O texto tem tom de reportagem, com informações claras apresentadas em ordem cronológica, e subseções que explicam em detalhes cada uma das vertentes da eletrônica.

Keith Flint, vocalista do Prodigy, durante show no Skol Beats 2006 – Foto: Fabio Mergulhão/Divulgação

“Bate-estaca” mostra também o impacto da noite na cultura. Para além da cultura musical da época, a noite de então influenciou a imprensa e como também a própria moda dos anos 1990. Nisso, conforme aponta o autor, se destaca o Mercado Mundo Mix, que reunia estilistas ligados à cultura clubber e conseguiu criar um nicho de mercado hoje impensável.

Camilo conta que não deixar a memória clubber morrer foi o grande estímulo para a sua pesquisa, que afinal trata não só de baladas, mas da própria história de São Paulo.

Bate Estaca: Como DJs, Drag Queens e Clubbers Salvaram a Noite de São Paulo
Autoria: Camilo Rocha
Editora: Veneta
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