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Caos enaltece talentos nacionais em noite histórica

Nem mesmo a greve foi capaz de segurar a multidão que lotou o Caos, em uma noite que recebeu grandes titãs da música eletrônica nacional.

Enquanto o país passava por um momento complicado, com a greve que assolava todas as estradas e prejudicava em muito a vida de nós, meros mortais, o Caos preparava-se para receber quatro titãs. A noite, que para muitos não aconteceria devido a confusão generalizada, teve combustível de sobra (mesmo faltando nos postos de gasolina), para realizar um evento inesquecível.

Vivemos em tempos que grandes internacionais marcas veem e vão com extrema rapidez. O público clama por grandes nomes internacionais e considera um evento atrativo apenas se o line up foi pago em moeda estrangeira, mas o contrário foi provado. Campinas foi palco de uma noite em que somente o talento nacional teve vez. Exaltamos a música eletrônica brasileira.

Gui Boratto

Imensas filas na porta do Caos já indicavam o sucesso absoluto da abertura, mesmo que para isso, algumas pessoas tiveram que ficar pra fora da festa, infelizmente. Antigos fãs do bom e velho techno misturavam-se a nova geração de clubbers, mistura fundamental para que o estilo perdure por muito e muito tempo. Enquanto isso, dentro do club, nomes mais que importantes do nosso cenário, revezavam-se nos decks, provando que não devemos nada aos gringos.

Leo Janeiro abriu a noite de forma impecável, ditando o ritmo do resto noite. Gui Boratto nos presentou com grandes clássicos de sua carreira e amostras de seu novo álbum, o Pentagram. Anna provou o porquê de ser uma das DJs mais respeitadas do techno mundial atualmente e que merece o seu lugar na capa do livro, também brasileiríssimo, ‘Todo DJ Já Sambou’ e por fim, mas não menos importante, Renato Ratier, um dos profissionais mais importantes do cenário eletrônico brasileiro e isso não resume-se apenas aos seu trabalho como DJ, Ratier vai além das pistas e é uma das mentes mais competentes de todo o mercado atual.

Anna

O público entregou-se ao som underground que ecoou e reverberou por toda a noite. Para onde quer que olhássemos, percebíamos que a pista estava em transe, completamente envolvida pelas mixagens dos quatro gigantes que por ali passaram. Se para alguns, prezar pela qualidade e segurança dos presentes, limitando o acesso ao público excedente foi um erro ou falta de consideração, para tantos outros, o club deu um show de organização, ao perceber que nem sempre o mais é sinônimo de qualidade e que o menos, é muito mais saudável. Respeito acima de tudo.

Mais uma vez, o Caos mostrou para o que veio e enaltecer artistas nacionais só intensificou o sentimento de gratidão ao club, que trouxe uma nova cara para o underground paulista e renovou as forças contra a tão presente e insistente, síndrome de virada lata do brasileiro.

Por Viktor Raphael

DJ, Produtor, Redator, Libriano e Sonhador. Trance para amar e Techno para dançar, com uma taça de Gin para acompanhar. Onde é o after?

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