Em meio a galpões no centro de São Paulo, a Carlos Capslock reuniu centenas de pessoas em sua comemoração de 8 anos, com muito techno.
O ar quente da noite de São Paulo já ditava o ritmo da noite que começaria na Vila dos Galpões. As ruas da região central da cidade eram tomadas por seres dos mais variados tipos, em busca de boa música e diversão. Todos os caminhos dos eternos clubbers, naquela noite de 18 de janeiro, levavam para um único lugar: a Carlos Capslock.
Um complexo de galpões desativados era o cenário para a comemoração de 8 anos de uma das festas mais irreverentes e tradicionais do circuito underground de São Paulo. O clima descontraído e libertário da festa começou logo na porta, onde drag queens e transexuais recebiam o público, composto por pessoas cis, trans, montadas, afeminadas… um local onde o preconceito não tem vez e você pode ser quem quiser e como quiser. Pouca roupa era regra da noite e até uma piscina daquelas de plástico, que você provavelmente teve na infância, estava a disposição do público em uma das áreas externas. Diversão era palavra de ordem!
Na Capslock, o conceito underground é levado muito a sério. A pista, bem escura, contava com uma iluminação feita na medida certa, perfeita para criar uma atmosfera de “inferninho”, que era acentuada ainda mais com o calor da noite. Ventiladores gigantes foram distruidos ao redor da pista, mas o fogo que emanava dos corpos dançantes na pista era cada vez maior e conforme os DJs iam se revezando, a temperatura só aumentava. Muito suor e pegação.
Caio T foi o responsável por abrir a noite e não haveria pessoa melhor. De uma elegância sem comparação, Caio soube como esquentar a pista da melhor maneira, pronto para entregar para um dos titãs nacionais do techno. Gui Boratto é um verdadeiro lorde quando está tocando. Seus hits ecoaram pelo galpão escuro e todos fomos transportados para um mundo que só o Gui é capaz de construir, mas que foi invadido por uma força feminina sem precedentes, ANNA. Ela é um verdadeiro furacão e seus sets são de tirar o fôlego de qualquer um. ANNA sabe como conduzir uma pista com força e feminilidade e levou para a Carlos Capslock todo o seu poder, que vem ganhando o mundo.
Sebastian Voigt trouxe um ar europeu para a comemoração dos 8 anos da Capslock e descolou a sola do sapato de muita gente, isso é, se ainda existiam sapatos. Com toda a sua expertise, Voigt conseguiu nos levar por um passeio nas ruas de Berlim, bastava fechar os olhos e dançar. Irreverente, Tessuto ocupou seu lugar nos decks, montado dos pés a cabeça. Com uma legião de fãs, o sol já brilhava alto quando um dos responsáveis por aquela bagunça toda apertou o play e conduziu o público que não queria saber de ir embora, afinal, ainda faltava um flautista mágico se apresentar. L_cio foi o grande responsável por encerrar o baile, que para nós, poderia continuar para sempre. Sua flauta nos encantou e embalou os bravos sobreviventes, que mesmo após 14 horas de festa, pedia por mais. Delicado e poderoso, L_cio conseguiu manter viva a pista, até seus últimos segundos de atividade.
Mesmo com alguns contratempos, como filas para conseguir comprar fichas ou bebidas no bar, um calor que para alguns, era insuportável e um público que superava um pouco outras edições da festa, a Caps mostrou que para se manter viva por 8 anos, é preciso inventar e se reinventar, persistir e acima de tudo, resistir. Vida longa, Carlos Capslock.