fbpx

Descubra: Barbo

O gaúcho Victor Schmitt é integrante do Duotone, projeto com sua esposa e nome por trás de Barbo, novo personagem da nossa coluna Descubra.

Barbo

Natural de Santa Maria, Victor Schmitt é um gaúcho que divide sua vida profissional em diferentes frentes, atuando como designer, DJ e produtor. Essa história teve início há alguns anos atrás, quando ele começou a dedicar boa parte do seu tempo para além das folhas de papel, aplicando seu lado artístico para estudar e aprender mais sobre música eletrônica.

Após adquirir a experiência necessária, Victor deu o start em sua carreira de DJ como Duotone, projeto comandado com sua esposa Bruna Paz, atualmente com um menor número de apresentações. Hoje, ele segue produzindo e se apresentando como artista solo, como Barbo, apostando na ilha catarinense como plano de fundo para desenhar uma nova história. Conversamos com esse artista versátil para saber todos os passos de sua carreira, do início até o atual momento. O resultado você confere abaixo.

Beat for Beat – Olá, Victor! Tudo bem? Antes de se apresentar como Barbo você tinha o Duotone, projeto em parceria com sua esposa Bruna Paz. Em que momento surgiu essa ideia e como as coisas se desenvolveram durante o tempo que vocês comandavam as pistas lado a lado?

Barbo – Olá, pessoal, por aqui tudo ótimo! Quero primeiro agradecer pelo espaço e oportunidade de falar sobre os meus projetos. Bom, quando tudo ainda era mato por aqui, eu trabalhava como designer gráfico e, durante seis anos, dediquei todos os meus esforços à minha empresa de comunicação. As coisas começaram a mudar quando a Bruna entrou na minha vida. Foi quando eu passei a me dedicar mais às minhas paixões, ao nosso relacionamento e a respeitar mais minhas vontades (que, definitivamente, não se limitavam a fazer aquilo que eu estava fazendo até então).

Sempre fui muito apaixonado por música (como todo dj), e sempre funcionei melhor com o som ligado: seja para dormir, acordar, trabalhar, me concentrar, para tudo (está ligado agora, inclusive). A Bruna já era DJ, sempre teve e continua tendo uma vibe parecida com a minha. Na época, nós morávamos em Santa Maria, onde a cena underground é muito desenvolvida, ela tocava em várias festas, sempre comigo ao lado, como uma espécie de roadie. Naturalmente, peguei gosto pela coisa, comecei a me dedicar à pesquisa e aprender a técnica ao tocar em casa. Foi assim que surgiu o Duotone: um casal de designers, apaixonados por música, que sempre incentivou um ao outro para fazermos o nosso melhor na intenção de transmitir aos outros as sensações boas que sentimos juntos na pista.

A Bruna também é designer, então juntamos todos os trapos e traços possíveis, e hoje dividimos nosso trabalho entre design, música, produção e, também, na Estufa Records. O Duotone teve um crescimento bem rápido e legal na cidade, tivemos a oportunidade de tocar nos melhores clubs e festas de lá, assumimos a residência da Infusion e da PVT que antecedeu o surgimento da label Under Station, duas festas já tradicionais de Santa Maria. A coisa foi evoluindo e, logo fizemos uma viagem incrível pelo Equador, tocando na capital e em outras cidades menores. Pra mim, que estava partindo quase do zero, foi sensacional e pude adquirir muita experiência! Tocamos com uma frequência bem alta e pude amadurecer na técnica, na pesquisa, na leitura de pista e na forma como eu lido com o nervosismo antes de uma gig.

B4B – Você pode nos contar quais estão sendo seus maiores desafios neste momento inicial da carreira solo?

Barbo – Acredito que a prospecção de gigs seja um dos maiores desafios, e até começar a tocar nos grandes clubs e festivais, sei que existe um longo caminho de maturação e investimento. Os contratantes querem atrações que levem público, e estão certos, então é preciso muita determinação para alcançar esse patamar.

B4B – Como está sendo esse processo de construção da sua identidade sonora? Ela já possui uma forma ou ainda está em fase de lapidação?

Barbo – O processo de identidade tem sido bem divertido e, também, sofrido [risos]. Eu não consigo me limitar a um ou dois estilos porque ouço muita coisa diferente. Muito provavelmente quem ouvir meus sets vai encontrar um som denso, uma mistura de techno, indie e algumas notas de break beat, hats rápidos e vocais, muitas vezes irônicos. É bem provável que eu vá evoluindo os estilos de som com o amadurecimento, sempre seguindo uma consistente e coerente com a minha identidade.

B4B – Recentemente você se mudou de Santa Maria para morar em Florianópolis. Existem grandes diferenças entre as duas cenas? O que você já encontrou de positivo na ilha que pode te trazer frutos no futuro?

Barbo – Mudamos há um tempo para Florianópolis e tivemos um filho manezinho no final do ano passado. Esse já é um ponto muito positivo pra mim [risos]. São cenas bem diferentes e isso é legal, apesar das dificuldades. Sinto que aqui na ilha há um interesse maior pela produção musical e, por se tratar de uma capital, temos acesso a atrações maiores com mais frequência. Santa Maria tem uma cena maravilhosa e está em franco crescimento, mas tem um problema gigante de logística, e mesmo assim existem clubs e festas que fazem um trabalho maravilhoso de curadoria e ajudam no processo de “educação” do público. Desde 2012 temos a Sunset Sessions, que sempre leva grandes atrações e, agora, outros nomes como a Under Station, que vem crescendo absurdamente e sempre diversifica os lineups sempre com alguma atração de peso. A Infusion também é outra festa impressionante em ascensão, na segunda edição tocamos como Duotone ao lado da Noizzed. Lá a gente se conheceu, nos tornamos amigos e viemos parar em Floripa, quase que ao mesmo tempo, o que rendeu alguns frutos muito legais, algumas tracks juntos, Estufa Records e a minha residência na ‘Blak.out.

B4B – Você é uma das ‘espécies’ [risos] por trás da Estufa Records, certo? Qual é exatamente sua relação com a gravadora e o que vocês buscam neste momento de crescimento do label?

Barbo – Sabe quando a pessoa tem envolvimento, vontade, contatos, conhecimento, mas não consegue fazer tudo sozinha? A Fabi Cenci aka Noizzed tinha isso tudo, mas é um volume denso de trabalho, então ela nos convidou para trabalharmos juntos. Temos um ambiente extremamente fértil no Brasil, e com a facilidade de acesso a informação, tem cada vez mais produtores ótimos surgindo diariamente. A Estufa foi criada pra ouvir essas pessoas também. Percebemos que muita gente desanima quando esbarra na falta de apoio, então temos a diretriz de ouvir todas as demos e enviar feedbacks, mesmo quando elas não serão lançadas. É um trabalho, muitas vezes, exaustivo, mas muito gratificante. Temos um retorno muito positivo com esse relacionamento, conhecemos produtores do interior que certamente serão grandes e temos orgulho em ter aberto essa primeira porta para eles.

B4B – Para finalizar, o que você vê na música eletrônica que te motiva a continuar na carreira de DJ?

Barbo – Na música eletrônica, a gente precisa seguir algumas diretrizes, mas no sentido geral, é terreno para infinitas possibilidades. E isso é fantástico! No meu trabalho como designer, sempre tive que atender a expectativas concretas e fazer trabalhos com foco em determinado público. Na música, eu sou meu próprio cliente e preciso atender as minhas próprias expectativas antes de apresentar aos outros. Acredito que, enquanto eu fizer isso com verdade e empolgação, vou acabar agradando outras pessoas e, aos poucos, criando meu próprio ‘público-alvo’. O caminho é inverso, difícil, mas extremamente empolgante e desafiador. Mas vale a pena. Música é energia e a troca que existe entre DJ e pista é muito viciante. É isso que me motiva a continuar aprendendo e crescendo.