Da programação à música eletrônica, o DJ e produtor de Cascavel, Joao Ferrari é o novo personagem da nossa coluna Descubra.
Para muitos a música pode servir como uma válvula de escape, um remédio para a alma. Foi depois de passar um tempo imerso entre números e códigos de programação que Joao Ferrari percebeu que aquela não era a equação certa para sua vida. Então, ele decidiu trancar a faculdade e começar a escrever uma nova história na música eletrônica, lugar onde encontrou sua liberdade.
Ainda jovem, Ferrari realizou alguns cursos de discotecagem e produção musical e foi percebendo que aquele espaço era ideal para se expressar, mostrando sua personalidade através das melodias e harmonias construídas dentro do estúdio. Em pouco tempo, começou a atuar pela região do Cascavel, no Paraná, e em alguns anos conseguiu emplacar produções autorais por selos como Koffe Records, Green Nights Records, Abstract Waves e Subliminal Senses.
Seu objetivo principal? Emocionar. Joao acredita que esse sentimento é sua principal ferramenta quando está comandando os decks. Ficamos curiosos para saber um pouco mais dessa história, o resultado desse bate-papo você confere abaixo:
Beat for Beat – Olá, Joao Ferrari! Muito obrigado por falar com a gente. Toda história tem um início, conta pra gente como foi a sua? Qual foi o principal fator que lhe atraiu para a música eletrônica?
Joao Ferrari – Meu início foi perto dos 15 anos, quando comecei a frequentar algumas festas e baladas, mas a curiosidade se despertou apenas aos 17 anos em uma festa privada, onde tinham DJs tocando e eu pude observar de perto como funcionava. Sempre fui fissurado por tecnologia e gosto muito de ver até onde ela pode chegar. Nesse dia, minha curiosidade por isso só aumentou ao ponto de descobrir alguém da cidade que dava cursos de discotecagem… assim começou o aprendizado que vai durar uma vida inteira.
B4B – E como é sua rotina no dia a dia? Você dedica um tempo exclusivo para estar dentro do estúdio ou as produções acontecem mais naturalmente?
Joao Ferrari – Minha rotina costuma ser bem aleatória. Às vezes só funciono de manhã, de repente isso deixa de fazer sentido e começo a produzir melhor de madrugada… é algo que sempre varia de acordo com meu estado de humor. Em cada período o sentimento do meu som muda, de dia sempre mais alegre e durante a noite um sentimento bem intenso. Sempre acordo e já sento em frente ao computador, pego um café, começo os planejamentos e reservo pelo menos de duas a três horas por dia para produção ou pesquisa musical. Na parte da tarde eu revezo entre dar aula de discotecagem e produção com meus estudos, e logo no início da noite vou para a faculdade onde curso Publicidade e Propaganda. Respondendo a última pergunta, elas raramente acontecem naturalmente, independente se estou muito inspirado ou não, sempre encontro ela trabalhando.
B4B – Você acredita já ter uma identidade sonora ou prefere não ter este tipo de definição?
Joao Ferrari – Acredito que sim. Sinto que meu som sempre vai pelo lado de timbres mais clean, independente do estilo que estou fazendo, a seleção dos elementos acaba seguindo vibes bem parecidas, mesmo não gostando de me prender a definições de gênero, meu som segue sentimental, harmônico, com foco nas melodias, mas sempre buscando de alguma forma ser muito dançante.
B4B – Quais os três DJs nacionais e internacionais que você mais acompanha e podem ser considerados como referência para você? Suas influências também vêm de fora da música eletrônica?
Joao Ferrari – Em primeiro lugar, Daft Punk. Admiro muito ver a trajetória que eles tiveram e conseguiram chegar em uma linha de som que é agradável para a maioria das pessoas. Eles são minha maior inspiração desde pequeno. Segundo lugar está Quincy Jones, que além de ser um dos maiores músicos da história, é uma pessoa extraordinária, sempre espalhou amor por onde passou, sem contar a sua contribuição para os melhores hinos da música. Em terceiro considero Stephan Bodzin. Para mim o som dele é “perfeito” na música eletrônica underground, é o artista que mais consegue mostrar seu verdadeiro sentimento através do seu som.
B4B – Se você fosse escolher um desses DJs acima para fazer um b2b ou uma collab, quem seria e por quê?
Joao Ferrari – Com toda certeza é uma boa briga. [risos] Mas dentre os três eu escolheria Daft Punk, por ser quem me inspira desde muito cedo.
B4B – Na sua visão, além de produções e mixagem de qualidade, quais são os outros pontos que um artista precisa ter para consolidar uma base forte de fãs?
Joao Ferrari – A empatia e o carinho com seu público são as coisas que acredito que fazem a maior diferença para um fã, digo por experiência própria, de quando eu estava na pista de dança admirando o trabalho de alguns artistas, que depois se mostraram arrogantes e isso acabou com a imagem que eu tinha deles. Por isso, tento retribuir ao máximo o carinho que meu público demonstra.
B4B – Vamos encerrando por aqui, mas ainda temos uma curiosidade. Como você espera ver Joao Ferrari daqui há 10 anos? Obrigado pelo seu tempo!
Joao Ferrari – Em 10 anos pode acontecer muita coisa, o destino é incerto, mas de uma coisa eu sei: o foco é conseguir me desenvolver pessoalmente e tecnicamente para que consiga passar o que realmente sinto através da minha música, chegar em um ponto onde consiga passar minha mensagem para o maior número de pessoas possíveis.