Um dos responsáveis pela Prototype e integrante do duo Innure, Ranieri Ferrari apresenta seu novo projeto, r4ne, em nossa coluna Descubra.
Se no começo tocar era apenas um hobby, hoje essa tarefa tornou-se um compromisso. r4ne é o novo projeto musical de Ranieri Ferrari, DJ, headlabel da Prototype Music (junto com Colussi) e produtor brasileiro que encontrou seu espaço entre as camadas do techno melódico — ele também integra o duo Innure, ao lado de Colussi.
Com a experiência adquirida nos anos iniciais como DJ e atualmente dedicado 100% à música, ele percorre os caminhos da luz e da escuridão e através desta dualidade revela sua verdadeira identidade. Conversamos com o artista para te apresentar mais este novo nome da cena underground, vem com a gente:
Beat for Beat – Olá, r4ne. Tudo bem? Obrigada por trocar essa ideia com a gente. Vamos iniciar com uma pergunta um pouco trivial, mas que talvez muita gente ainda não saiba: como começou sua relação com a música? Já é algo que vinha antes mesmo da música eletrônica?
r4ne – Bom eu comecei na música eletrônica lá em 2011/2012 indo a festas mais comerciais e frequentando isso eu e meus amigos começamos a fazer festas para a galera que conhecemos e com o tempo foi evoluindo a ideia de querer entender mais como a música em si funciona, a partir disso eu fiz um curso de Discotecagem na Aimec em Balneário Camboriú e também o meu gosto musical foi alterando, por que também comecei a evoluir o meu ouvido e frequentar festas mais undergrounds.
Sabemos que sua inclinação sonora pende para o Techno Peak Time e melódico com atmosferas mais obscuras. De onde vem essas referências que você absorve para sua assinatura? Tem alguns artistas que você gostaria de salientar aqui?
r4ne – Eu sempre tive como minha principal inspiração o Mano Le Tough, em todas as vezes que pude ver um set dele ao vivo eu realmente fiquei vidrado em como ele jogava aquele tipo de música naquele momento que a pista tava. Ele acaba não sendo um DJ de Peak Time, mas ele sabe acelerar a pista da mesma forma que uma música de Peak Time consegue fazer.
Você é radicado em Curitiba, certo? De alguma forma o cenário local influenciou na identidade do seu projeto?
r4ne – Aqui em Curitiba eu vejo a cena do jeito que eu gosto, algo mais… vamos dizer assim… Europeu. Tudo aqui é um pouco mais underground e também as pessoas levam a música eletrônica de outra forma, acredito que segue a mesma ideia em São Paulo, é algo mais maduro. E claro, isso influencia em todo projeto do r4ne e nos projetos que são ligados a mim.
Além do r4ne, você também é parte do projeto Innure ao lado de Colussi. Como começou esta sintonia musical e o que motivou a formação?
r4ne – Nós somos amigos de longa data, acho isso ajudou pra fluir e ser algo bem natural. Temos um gosto musical parecido e isso influencia muito em um duo, ainda mais tocando uma gravadora em conjunto.
Agora falando um pouco mais sobre produção musical: você tem mantido uma rotina de estúdio, produzindo diariamente? O que desperta sua inspiração na hora de começar um novo trabalho?
r4ne – Pra ser sincero, não. Eu não sou um daqueles produtores que produz todos os dias, eu sempre que tenho uma ideia, abro o ableton e começo ela, mas é difícil terminar algo de cara, no primeiro momento apenas crio uma ideia base de baterias e synths, e depois de alguns dias quando bate a inspiração de novo, volto a mexer e finalizo ela.
Pra mim o que faz eu ter a inspiração de produzir algo novo é quando ouço ou vejo algo que desperta o meu interesse e surge algum insight. Depois disso eu tento anotar ou falar pra alguém e com isso vão surgindo outros elementos ao longo da ideia original.
Sua faixa Inner Space acaba de ser lançada no Spotify. Conte-nos um pouco sobre a ideia por trás deste single.
r4ne – A Inner Space eu fiz há algum tempo em um momento que tava escutando coisas mais peak time e me bateu a ideia de montá-la. Eu gosto muito dessa união do acelerado do Peak Time com as Melodias do melodic Techno, então tentei juntar os dois e o resultado foi esse.
Falando um pouco sobre sua gravadora Prototype, como estão as expectativas para o label nesses próximos meses? Tem algum novo lançamento seu por lá na agenda?
r4ne – A Prototype tem sido uns dos meus principais focos, conseguimos fechar o primeiro ano de gravadora muito melhor do que esperávamos. E estamos conseguindo manter bem o nosso calendário de lançamentos com toda a equipe que temos envolvida por trás.
Atualmente já temos o nosso calendário fechado até Abril de 2022 e no meio disso ainda temos um VA com várias faixas muitos artistas diferentes… estamos muito contentes com os resultado e com o envolvimento de todo público com a gravadora, isso que nos dá mais força de querer crescer e fazer um trabalho impecável cada vez mais.
Confira a Prototype no Beatport
Se é que podemos traçar algum plano futuro, em meio às incertezas da pandemia, o que podemos esperar do r4ne a seguir?
r4ne – No nosso cenário atual onde vivemos, Brasil, é muito difícil conseguir ter alguma esperança para o futuro da música/gigs. Eu acho que o momento é de plantar para poder colher depois, pois não temos nenhuma luz no fim do túnel no momento. Só não podemos jogar a toalha e desistir, devemos seguir fortes, sei que vamos poder voltar a viver o que já vivemos no passado, com festas e encontros na cena memoráveis.