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Descubra: Ziembik

Transitando entre o House e Techno, o clássico e o vanguardista, Ziembik é o novo personagem da nossa coluna Descobre. Conheça agora!

Ziembik

Por Maria Angélica Parmigiani

DJ, produtor, empreendedor, produtor de eventos, agitador cultural, esse é Bernardo Ziembik, ou apenas Ziembik, como é conhecido no meio artístico. Conhecido pela sua versatilidade musical, que equilibra bem os mundos entre House e Techno e entre o clássico e o vanguardista, ele ultrapassa a barreira da persona artista e desenvolve diversos outros projetos em prol do cenário eletrônico através da Ludos, sua agência de entretenimento.

Foi aos 14 anos que o artista, em uma visita à São Paulo, se encontrou com a música eletrônica e, desde muito cedo, passou a frequentar festas. Seis anos depois, Ber já era residente do antigo Rakenne e tempos depois, no Terraza em Floripa. Além disso, é um dos artistas da renomada D.Agency, do grupo do D-Edge.

Prestes a completar 13 anos de carreira, ele se prepara para um novo e grande projeto. Conversamos com ele para conhecer mais sobre o artista, sobre o produtor, o empreendedor e quem mais vier para este papo. Uma ótima pedida para quem tem desejo de se desenvolver tanto como artista, como produtor de eventos. Descubra abaixo:

Beat for Beat – Oi Bernardo, tudo bem? Obrigada por essa entrevista. Bom, antes de mais nada, como é sua primeira vez conosco, conte-nos um pouco sobre como surgiu seu interesse pela música eletrônica e quando você decidiu de fato se aventurar por este mundo…

Ziembik – Oi pessoal, tudo certo! Eu que agradeço pelo papo. Desde a época em que Summer Eletrohits aparecia na TV, música eletrônica já me chamava a atenção. Fui a SP em 2006, fiquei na casa do meu tio (que é do meio da moda e conhece bem da noite) e falei que queria muito ver um artista que tocaria em SP, pois ele também tocaria em Itajaí, cidade onde eu morava na época e voltei a morar recentemente. Esse artista era Sasha, o club era o D-edge e meu tio o amigo do dono, Renato Ratier. Não deu outra: Fui pra festa, fiquei do lado do Sasha e me emocionei.

Depois daquilo meu tio me deu uma grana, me jogou nas galerias de SP e falou: gosta de música? Então vai absorver o que essa cidade tem pra entregar. Daí em diante eu voltei pro Sul e não parei mais, comecei a me aprofundar no assunto, até que em 2008 tive minha primeira gig oficial como DJ.

Já diria o filósofo que definir é limitar, mas qual é o som do Ziembik? Um pouco de House, um pouco de Techno? Por que? Desde sempre sua ideia foi manter essa versatilidade?

Ziembik – Na verdade foi algo que aconteceu naturalmente. Primeiro pois eu fui residente de clubes muito diferentes: Beach Club, com som mais acessível, inferninho com som mais cabeçudo, warm ups, closing sets. Segundo que eu já morei em 8 cidades! Curitiba, mais fria, sombria, linear, Itajaí, mais animada, turística, rítmica. Isso molda o cara, sabe? Faz com que ele aprenda a ser adaptável.

E, claro, isso transpareceu no meu, no que gosto de tocar. Mas também tem a ver muito com o meu humor, meu estado de espírito, meu estilo de vida em cada período. Esse é o som do Ziembik, um mix de informações, uma salada bem feita.

Como artista você tem um currículo bastante interessante. Como suas parcerias com o club Terraza e o detroitbr, para você é importante ter bases sólidas visando estruturar uma carreira? Qual a importância de uma residência na sua opinião?

Ziembik – A residência traz muita maturidade ao artista. Ali o cara começa a ter “cancha de pista” mesmo, oportunidades em horários inusitados, apresentações ao lado de artistas diferentes e diferenciados. Acho que todo artista merece ter uma residência para se profissionalizar.

A recorrência e a constância de uma residência trazem o reconhecimento de mercado necessário. Ah, e se você não foi muito bem em uma data da residência, tudo bem. Logo tem outra, você pode se dedicar mais e mudar o jogo. Eu acho uma experiência muito legal.

Ziembik

Uma curiosidade interessante é que já morou em oito cidades, certo? Essas mudanças foram mais por necessidades ou por vontade própria? Você considera isso como uma coisa positiva pra sua carreira?

Ziembik – Exato. Como citei no texto acima, eu acho isso uma boa vantagem. Essas mudanças ocorreram boa parte na minha infância, enquanto eu morava com a minha mãe e a ela era transferida com certa frequência de trabalho. Na época era ruim, pois era dificil criar laços e amizades. Mas, com o tempo, comecei a ver o lado positivo.

Primeiro pois me tornei adaptável a várias situações. Segundo que trago de cada um desses lugares alguma experiência ou virtude que me moldam como pessoa e profissional. Assim como a residência, essa é outra experiência que desejo a todos os artistas.

E falando de produção musical, você sente que existe uma pressão indireta do mercado para artistas produzirem ou isso não deveria ser atrelado à figura do DJ?

Ziembik – Acho que a produção musical tem o poder de elevar a carreira dos artistas, destravar um número e volume de gigs interessantes. Mas vejo que a figura do DJ, principalmente o seletor, aquele que pesquisa incessantemente e sempre traz novidades, está muito em alta. Eu como fã da Sonja Moonear e do Ben UFO, por exemplo, levo muito esse perfil em consideração.

No meu caso, já produzi algumas coisas no passado e tenho no meu planejamento retomar no ano que vem, pois um DJ set pode mostrar muito de um artista, mas apenas um produção consegue captar totalmente sua essência.

Além da faceta artística, você também está envolvido na parte mais administrativa e se mostra bastante ativo frente à Ludos. Como surgiu a ideia de criá-la?

Ziembik – Ela surgiu justamente pelo meu duplo perfil de atuação no mercado (o Ziembik, artista, e o Prates, o produtor). Um deles é mais criativo, o outro mais operacional. Digo que são minhas personas. Hoje, elas se complementam. Quando criei, foi uma forma de deixar claro pro mercado essas duas facetas. Além disso, o grande papel da Ludos é desmistificar o nosso mercado e conseguir criar uma ponte entre o mercado mais formal e os independentes, que estão querendo se profissionalizar.

Ziembik

E como faz para conciliar tudo? Você busca dividir seus dias entre horários e tarefas específicas?

Ziembik – Durante a pandemia meu foco esteve muito na Ludos, até por uma questão de “pagar contas”. Nesse momento respondo essa entrevista pensando em como preciso equilibrar as coisas pra voltar a ter um fluxo legal para as duas facetas. No momento procuro uma nova forma de organizar o meu dia para poder criar “o momento do ziembik” e “o momento do prates”. Não é fácil!

Como foi ter uma produtora de eventos e ser artista na pandemia? O que você fez para se reinventar? Alguma lição tirada?

Ziembik – Foi punk, bem punk. Mas, aí volto na história de ser adaptável, graças a minha experiência. Fui atrás das marcas que me patrocinavam nos eventos, consegui fazer algumas ações com eles, desenvolvi algumas atividades com o mercado corporativo, e me dediquei muito a um projeto muito audacioso, a convite do Renato Ratier, que é o Surreal, onde pude participar desde a criação do conceito e agora estou dedicado a entrega-lo, a partir de dezembro.

A Ludos está envolvida com o Surreal, certo? Conte-nos um pouco sobre como está sendo este trabalho e em quais partes você está envolvido?

Ziembik – Me antecipei, né? Pois é, esse projeto faz isso comigo haha. Bom, como falei, desde que o Renato arrendou lá, eu já estou trabalhando com ele. Foi muito louco pois esse momento foi em março de 2020, quando iniciou a pandemia. Imagina fazer um projeto dessa magnitude durante uma pandemia, sem previsão sobre nada? Pois é. Mas, tem sido um processo incrível, de muito aprendizado.

Eu cheguei a quase bater prego na obra com a equipe, então, sei de cada detalhe de tudo. Aprendi sobre muitos tipos de materiais, apresentei estudo de impacto de vizinhança pra um conselho, tive contato com pessoas influentes, pude trazer muitas das minhas ideias guardadas. É massa que esse projeto seja feito pelo Renato, pois só um cara do perfil dele daria liberdade e pensaria fora da caixa para muitas das coisas que estão por vir lá.

E os planos para 2022 para a carreira artística? O que vem por aí? Sei que ano que vem você está preparando um documentário. É isso mesmo? Como será?

Ziembik – Então, esse documentário foi uma ideia durante a pandemia, justamente pra mostrar uma linha de tempo. Estou completando 30 anos de idade, 13 de carreira, e eu achei legal registrar um pouco do que foi feito até então, esse momento que foi a pandemia e mostrar o que está sendo planejado. A ideia é dividida em EPs, cada uma com um tema e um tom, para mostrar um pouco mais do meu sonho, do que faço da vida.

Como um profissional totalmente envolvido com o business: que conselho você daria para a galera da novíssima geração que vem aí?

Ziembik – Procurem se profissionalizar, tenham paciência, não desistam e respeitem o que está sendo feito pelos outros e quem vive do business.