Prestes a se apresentar no Lollapalooza Brasil, A DJ e Produtora Australiana, Alison Wonderland, conversou com o B4B. Confira!
Australiana, uma das mulheres mais importantes da cena Bass Music mundial, dona de uma discografia impecável e diversos talentos, Alison Wonderland é uma daquelas artistas completas. Atração do Lollapalooza Brasil, que acontece no próximo fim de semana, em São Paulo, DJ e Produtora conversou com nossa redação, falando sobre seu passado, presente e claro, seu show em nosso país. Confira o papo na íntegra, logo abaixo:
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Beat for Beat – Sabemos do seu passado com a música clássica e que, posteriormente, você migrou para a música eletrônica. Você lembra exatamente como aconteceu essa mudança? Que memórias tem dos seus primeiros contatos com a dance music?
Alison Wonderland – Eu lembro um pouco. Eu lembro quando parei de tocar violoncelo e quando passei a fazer parte de uma banda de punk um pouco depois. Foi através dessa banda, que tive os primeiros contatos com os nightclubs e então, fui exposta de verdade a música eletrônica. Antes disso, os únicos artistas de dance music que eu realmente amava eram The Prodigy e Fatboy Slim, sabia que tinha muita coisa além disso, mas era o que eu ouvia.
Frequentando os clubs, conheci The Knife, um duo sueco que eu fiquei obcecada e foi neste momento que eu percebi que eu queria fazer música eletrônica. Foi um verdadeiro “clique” para mim e soou até estranho, pois de repente eu pensei “essa é a coisa mais incrível que já ouvi e é o que eu quero fazer”. É muito bom quando você descobre algo para você mesma, que muda totalmente o curso da sua vida.
Outra memória que tenho, foi quando ouvi Hudson Mohawke pela primeira vez, em meados de 2009, percebendo que ele fazia beat de forma diferente. Foi então que minha mente se abriu mais uma vez, quando percebi que podia trazer os sintetizadores do The Knife, com beats mais quebrados, como Hudson Mohawke e aquilo chegou bem perto da ideia geral que eu tinha para a minha música. São essas duas grandes memórias que tenho da minha vinda para a dance music.
Você veio da Austrália, que tem uma cena diferente dos outros países. Como foi começar sua carreira por lá e como você vê a cena da música eletrônica do mundo, atualmente?
Alison Wonderland – O Brasil tem sua cena, os EUA também, assim como a Austrália possui suas particularidades. Consigo lembrar que quando eu estava começando, com uma sonoridade mais alternativa, que eu encontrei várias pessoas fazendo coisas juntas. Uma verdadeira comunidade.
Acabei de voltar da Austrália, por exemplo, e lá tínhamos eu e Flume, além de outros grandes artistas, que muitos caracterizavam como “sonoridade Australiana”, mas estávamos fazendo apenas música. Nós encontramos essa forma muito nossa de fazer música e acabamos nos apoiando um nos outros e isso foi um grande momento na cena Australiana, com toda certeza.
Nós ainda somos amigos. Nos falamos sempre, todos os artistas australianos, vamos uns nas casas dos outros, compartilhamos músicas, tocamos coisas um dos outros e isso é o que sinto falta hoje, desse senso de camaradagem. Hoje as pessoas estão apenas batalhando umas contras as outras, é difícil ser visto, as pessoas que fazem coisas em comum não se apoiam mais para um dar suporte ao outro.
Inclusive, eu tenho um pouco de medo do que virá a seguir, musicalmente falando, pois tem muito “barulho” nas plataformas e menos música. Hoje, querem que a gente fique criando conteúdo para as redes o tempo todo, deixando o lado musical quase como secundário. Serão tempos muito difíceis para a música e ter de volta esse sendo de comunidade me deixaria muito feliz e perceber que é possível fazer tudo acontecer de forma natural.
Ano passado você lançou seu último álbum, ‘Loner’. Pode nos contar um pouco sobre o álbum? Como foi a criação dele e o que ele representa para você?
Alison Wonderland – ‘Loner’ teve um processo criativo um pouco diferente para mim, pois o mundo estava entrando numa pandemia, as pessoas começando a surtar e então, eu foquei um pouco mais em mim. O álbum não traz nenhuma colaboração, eu quis fazer algo totalmente sozinha, antes de voltar a chamar pessoas para fazer algo comigo. Usei a produção desse álbum para refletir em mim.
A principal diferença entre este álbum e todos os outros, é que quando parei para ouvir, todos traziam um tema em comum, que era eu me vitimizando e eu decidi que não queria fazer mais isso. Quando refleti para a minha vida atual, a minha vida real, tive certeza de que não quero ser mais uma vítima. Eu quero vencer na vida.
Esse álbum traz uma mensagem de esperança para mim. É meu álbum favorito entre todos os meus já lançados, sem dúvida nenhuma, pois traz meus pensamentos mais positivos.
Foi difícil compor, obviamente, estávamos numa pandemia. Eram tempos diferentes. Não havia mais shows e quando lembro do processo com o álbum anterior, ainda havia um pequeno time me ajudando nisso, eu até gostava, mas já estava também na hora de eu fazer algo sozinha, internalizando todos os processos.
Claro, precisamos falar sobre o Brasil. Você está vindo para nosso país mais uma vez, você gosta daqui? Como se sente tocando em nosso país?
Alison Wonderland – Eu amo o Brasil! Não estou brincando quando digo que eu amo seu país. Quando eu recebi a proposta para tocar no Lollapalooza Brasil, eu fiquei muito animada. Falei logo para meu manager: “Não quero saber de nada, eu vou, eu vou, eu vou! Estou de volta ao LollaBR”. Meu show anterior no Lolla foi um dos mais insanos da minha carreira. Eu lembro do público, de me acompanharem em todas músicas. Óbvio que amo seu país!
E sobre o show propriamente dito, consegue nos adiantar algo?
Alison Wonderland – Eu vou trazer meu show audiovisual completo, o que não aconteceu da última vez. Teremos muitos vídeos selecionados especialmente para o show, proporcionando dessa vez uma experiência completa e estou muito ansiosa para isso.
O público brasileiro é muito especial, pois é raro encontrar pistas onde todos estão ali, conectados com a música e deixando todo o resto de lado por aqueles momentos. Eu amo estar no Brasil e será muito especial. Nós veremos no Lollapalooza Brasil!
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