Andre Salata, um dos maiores produtores brasileiros, mira em um 2018 cheio de novidades e crescimento profissional. Confira a entrevista.
Referência dentro e fora das pistas, Andre Salata é um artista que pode ser considerado veterano, apesar da pouca idade, pela sua larga experiência na música eletrônica. Foi com o dnb seu start na música eletrônica, aquele amor a primeira vista. Nos anos seguintes, Salata até se aventurou por outros estilos mas encontrou no techno o meio ideal para expor seus trabalhos.
Desde então, aprofundou seus estudos, intensificou o ritmo de suas produções e conseguiu emplacar faixas de sucesso em labels como Get Physical e Noir. Ano passado, viajou duas vezes à Europa para apresentar-se em clubs como Watergate, Sisyphos e Baby Boa, isso sem falar no streaming assinado pelo D-EDGE para DJ MAG britânica. Não há como negar, Salata é um dos nomes do momento. Nesse bate-papo exclusivo ele comenta as mudanças de seu estúdio para 2018, relacionamento com a Get Physical, cena de São Paulo e mais. Confira:
B4B: Olá, Andre! Tudo bem? Percebemos que o ano começou com algumas mudanças no estúdio. O que você está preparando?
Andre Salata: Olá! Estou aprimorando o sistema de som dele, recalibrando tudo, reposicionando os speakers e também instalando um novo sistema de condicionamento de energia, que no geral faz tudo dentro do estúdio funcionar muito melhor.
B4B: Ano passado você construiu uma ótima relação com a Get Physical, não é mesmo? No que diz respeito a gravadoras, quais são seus planos para 2018?
Andre Salata: Esse ano quero lançar um novo EP na Get Physical, mas também quero expandir para outras gravadoras que tenham a ver com meu som mais recente, que tem pitadas de acid e um arranjo mais reto – há excelentes labels nessa linha hoje. O mais difícil é conseguir emplacar o primeiro release.
B4B: A cena de São Paulo sofreu uma intensa transformação intensa nos últimos anos. Como você avalia tudo o que tem acontecido?
Andre Salata: Eu avalio com bons olhos. Acredito que essa transformação veio junto com uma nova geração de “clubbers“, que é uma geração que sofre transformações intensas em vários aspectos da vida, principalmente nessa década onde a internet tem ditado muitas mudanças de hábitos. Vejo que esse grande leque de opções torna o envolvimento do público muito mais democráticos e, ao mesmo tempo, força os profissionais da cena a prestarem um serviço ainda mais diferenciado e com qualidade.
B4B: Em 2017 você viajou algumas vezes para o exterior e certamente acompanhou de perto alguns highlights do cenário internacional. Essencialmente, quais são as principais diferenças do mercado gringo para o brasileiro?
Andre Salata: Sinto que nos países que visitei o público, quando sai para dançar, realmente busca pela música e pela experiência, querendo que isso seja proveitoso para si próprio, sem essa coisa de precisar ficar expondo a todos o que está vivendo. Porque no final da festa, vale mais o sentimento que ele teve enquanto curtia a festa do que os posts que fez para mostrar para os outros.
B4B: Produção musical e discotecagem: como criar uma identidade que funcione bem para ambas as partes?
Andre Salata: É essencial que você tenha repertório, bagagem musical e ouvidos “abertos”. O artista precisa ter noção do que acontece – musicalmente falando – em seu meio, precisa conhecer as gravadoras e seus artistas, núcleos, etc. Hoje, como tudo está mais fácil – discotecar e produzir – alguns pulam essas etapas que eu julgo importantíssimas para um artista completo. Vejo hoje uma leva de artistas que nunca ficou no “front”, não sabe o que é estar na pista de olhos fechados sendo entorpecido pelo som, vibrando com quem está ao redor. Daí isso reflete em um set previsível, morno, sem nada que surpreenda – porque musicalmente ele não sabe o que é ser surpreendido. Resumindo: é preciso experimentar a música de todas as suas posições possíveis.
B4B: O que te proporciona mais prazer: tocar para uma pista lotada ou transmitir conhecimento para uma sala de aula entusiasmada?
Andre Salata: Tocar para uma pista lotada que esteja respondendo ao teu set, porque eles podem lotar a pista só para ficar mexendo no celular e tirando selfie, daí não tem graça. Um aluno entusiasmado, com sede de aprender é também algo maravilhoso para mim.
B4B: 7 – Para fechar: quais são os artistas que você acredita que vão despontar na cena techno em 2018? Obrigado!
Andre Salata: Alguns novos artistas brasileiros que tive o prazer de ouvir o trabalho e tem muito talento para exibir. Minhas apostas: Any Mello, Guille, Fernando de Sá, Volko, Coletto.