Mais que uma entrevista, um breve comparativo entre os cenários underground de El Salvador e Vancouver. Venha e viaje com o DJ Andromo:
Todos nós já nos perguntamos sobre como deve ser o cenário eletrônico em outros lugares do mundo, né? Alguns até conseguimos viajar para outros países e vivenciar um pouco da noite de Ibiza, por exemplo, mas e quando falamos de lugares menos óbvios? Já imaginou como dever ser a cena “clubber” em El Salvador ou na Costa Oeste do Canadá? Pois o DJ e Produtor Alejandro Martinez, mais conhecido como Andromo e que recentemente lançou seu EP ‘Day Attack‘, nos contou em uma entrevista, quais são as principais diferenças entre a sua terra natal com o país que escolheu viver. Aperte o play no novo EP do Andromo abaixo e viaje com a gente entre as cenas undeground de Vancouver e El Salvador.
Beat for Beat – Você já é um veterano da indústria eletrônica, já viu um pouco de tudo entre as duas cenas, El Salvador e Vancouver. Como você descrevia os dois cenários?
Andromo – O cenário House e Techno está se formando lentamente, crescendo aos poucos em Vancouver. Os promoters locais estão se esforçando bastante e criando festas mensais, com estilos diferentes do próprio underground, o que atrai gente de todo tipo e isso me agrada bastante. Em Vancouver existem alguns clubs/locais que estão completamente prontos para receber DJs e artistas eletrônicos todos os fins de semana, mas a lei é muito rígida e a vida noturna é muito controlada, o que atrapalha um pouco o desenvolvimento da cena. Aos poucos isso está mudando. Os clubs estão totalmente legalizados e bem em breve, com a vida noturna funcionando, beneficiará as empresas, promoters e claro, o público canadense.
Andromo: Em El Savador, infelizmente, o cenário é realmente pequeno. Não existem clubs exclusivos de música eletrônica, o que obriga os promoters a alugarem espaços vazios ou clubs diversos, para realizarem as festas eletrônicas. Mesmo sem uma cena bem estabelecida, em El Salvador acontecem festas underground bem legais, com uma energia incrível e muito amigável, já que o público local gosta de dançar por muitas horas, do anoitecer ao amanhecer, sem parar. Aqui os gêneros mais aclamados são o techno e tech-house durante a noite e um house groovado no after. Há um tempo atrás, El Salvador recebia grandes DJs internacionais todo fim de semana, mas isso diminuiu bastante e grande culpa disso é a instabilidade política e a violência nas ruas, infelizmente.
B4B: E quais são as principais características entre o público e profissionais de Vancouver e El Salvador? Quais são seus locais favoritos em cada um deles?
Andromo: Em Vancouver, eu diria que há mais pessoas interessadas em produzir música eletrônica como eu e muitas dessas pessoas são abertas a collabs, partilham dicas e truques, não são tão fechados como em outros lugares. Aqui também conseguimos encontrar uma quantidade inimaginável de sintetizadores e equipamentos, tudo é muito acessível. Já com relação aos meus lugares favoritos, estão o Gorg-O-Mish, Open Studios e M.I.A.
Andromo: Já em El Salvador, as festas open air são incríveis. O clima no país é quente durante o dia e fresco durante a noite, o ano todo. Faça chuva ou faça sol, os Salvadorenhos querem e sabem se divertir! Já vi festas acontecerem em diversos lugares, já que não possuem tantas opções. Festas em lugares mais “comuns” como na praia ou em rooftops, além de lugares mais criativos, entre eles a floresta, perto de um lago ou até mesmo num vulcão. Como El Salvador não tem clubs, os melhores lugares para se divertir são Costa del Sol, El Tunco e Lake Coatepeque.
B4B: Após conhecer e viver as duas cenas, que influências você traz de El Salvador para a Canadense?
Andromo: Claro que uma das principais inspirações seria o ritmo latino e uma grande coleção de produtores latinos. Minha música nasce na selva da América Central, inspirada pela natureza e o clima quente. Eu realmente me inspiro na natureza, já que ela é completamente musical. Podemos encontrar sons únicos produzidos por animais, pelas folhas, vento… tudo na natureza é música. Combinar sons que para alguns, são questionáveis ou estranhos, pra mim, basta saber organizar o caos melódico da selva para obter resultados incríveis. Da selva underground de El Salvador para o asfalto underground de Vancouver.
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