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Entrevista

Entrevistamos: Craca

Artista multifacetado, Craca combina a música eletrônica com artes visuais, criando assim experiências únicas, que ele conta pra gente.

Craca Capa

Craca | Foto: Dani Villar

Produtor musical, beatmaker e envolvido com artes visuais, Craca é aquele tipo de artista completo. Com 7 álbuns lançados, um projeto solo e outro em parceria com a MC Dani Nega, Felipe Julian dividi-se entre suas paixões, que muitas vezes se completam, como em seu último lançamento. Aproveitando esse momento de isolamento, Craca nos recebeu virtualmente, numa conversa bem completa e com detalhes sobre seus processos criativos. Entrevistamos: Craca

Beat for Beat – Craca, tudo bem? Muito obrigado por nos conceder essa entrevista. Pra começar, conta pra gente, como está seu processo criativo durante essa quarentena? Você tem produzido mais ou ficar isolado, acaba atrapalhando suas produções?

Craca – Obrigado pelo espaço gente! Bem… a quarentena tem sido muito puxada mas, de alguma forma, pra mim, as mudanças acho que foram menos radicais do que para outros: eu já trabalhava em casa mesmo e, tendo uma filha pré-adolescente, você se vê obrigado a manter a coisa toda funcionando. Almoço, jantar, limpeza, horário da escola etc. Essa disciplina que uma criança nos obriga a participar, ajuda a manter a cabeça no lugar.

Mas como realmente perdi uns 7 shows  (além de todos seus ensaios) e também dois cursos que eu iria começar a dar, estou aproveitando meu tempo para fazer algo que a correria dos últimos tempos estava me impedindo. Estou tocando, gravando, compondo. Claro que não é assim  tão fácil, pois sigo tendo que administrar a vida e passei a dar cursos online de produção musical que consomem bastante tempo. Mas o tempo que sobra está me permitindo um mergulho na composição sim.  Por sorte tenho a maior parte do que preciso pra produzir aqui mesmo, e o que falta eu sou bem “gambiarreiro” e dou um jeito de resolver. E claro… muita sorte de quem toca um instrumento ou faz música eletrônica num momento destes.

B4B – Recentemente você lançou a track ‘Affection Reflection‘, que é a junção de suas duas atuações artísticas. Como foi o processo de construção da track? Primeiro você idealizou o visual e a música entrou como completo ou ao contrário?

Craca – O que está acontecendo comigo neste momento, é justamente uma hibridização do processo composicional. Essa peça eletrônica audiovisual foi criada numa pendulação constante entre som e imagem. Fui fazendo um pouquinha de cada. As vezes a imagem me dizia que ritmo dar ao som e as vezes o som me dizia que imagem combinar. Por isso a música ficou incomum, mesmo para o meu estilo. Esse é um processo que estou aplicando a várias musicas novas. É um amadurecimento do meu processo criativo.

Mas confesso também que isso é fruto do fato de não ter uma agenda de shows e outras coisas pela frente, pelo menos por enquanto. Isto é… quando tem show, a gente tem que dar conta e preparar músicas que satisfaçam aquela ocasião. No momento, o meu palco é a internet. O meu público é uma pessoa sozinha. Então, o que eu tenho a dizer é diferente. Minha relação com as pessoas está mediada por uma interface digital. Quero usar essa interface de forma que faça sentido neste momento.

Craca Affection Reflection

Craca no clipe de ‘Affection Reflection’

B4B – O clipe de ‘Affection Reflection‘ foi gravado de forma caseira, mas com projeções incríveis, uma produção pra ninguém botar defeito. Em épocas de isolamento, que sentimento e ensinamento, ficam ao precisar criar um vídeo do tipo, sozinho? Como foi fazer essa gravação?

Craca – Quem assiste ao ‘Affection Reflection‘ pode pensar que eu disponho de um caro equipamento ultra moderno e uma equipe de assistentes…  nada disso. Aqui é “gambiarrologia” nível hard.  Tudo que eu faço tem um percentual elevado de “jeitinho”. Esse clipe foi filmado aqui no meu pequeno estúdio de uma sala só. Os 3 painéis luminosos que aparecem são apenas os painéis acústicos das paredes. Um simples tecido emoldurado.  Toda a imagem foi projetada por um único projetor pequeno; o instrumento que estou tocando é um controlador MIDI que eu mesmo fiz e, claro, eu mesmo editei e finalizei.  Infelizmente esse é o jeito de fazer as coisas se você não quer gastar uma fortuna com equipes e equipamentos.

Eu acho mesmo que você tem que pegar e fazer. Invente sua própria solução. Desenvolva sua tecnologia. Só não aceite ficar sem fazer.  Fiz muitas apresentações usando pequenos projetores caseiros combinados a espelhos curvados (esses de porta de garagem), pra simular uma lente grande angular. Não fica perfeito, mas eu poderia deixar de realizar o que tenho na cabeça só por causa do custo de uma lente de projetor?

B4B – Você divide o seu tempo entre a produção musical e as artes visuais, com mostras no Uruguai, Argentina e algumas cidades do Brasil. Como é dividir toda a sua criatividade em projetos tão distintos, mas que ao mesmo tempo, se completam?

Craca – Essa pendulação de interesses, esse poliamor artístico ajuda a manter a cabeça saudável e em constante atualização. Não consigo abrir mão disso. Mas… tempo eu não tenho. Ou melhor… não tinha!  Realmente era uma correria muito doida. Uma sobreposição de tudo. Ano passado, por exemplo, estava na Argentina montando uma obra por uma semana, de manha cedo até o final da tarde. Chegava no hotel, tomava um banho e sentava pra escrever um artigo que fazia parte da minha participação num festival de videomapping em Brasilia, enquanto seguia a ininterrupta produção burocrática da carreira musical de meu projeto solo e do projeto ao lado de Dani Nega. Resultado: uma noite caí com febre altíssima.

Esse é um problema muito comum no meio artístico e em especial no brasileiro. A gente é muito sozinho na produção das coisas e realmente atinge o limite Mas, eu amo musica eletrônica e amo artes visuais e não conseguiria só fazer um ou outro. O jeito mesmo, é juntar tudo numa coisa só, como passei a fazer desde o lançamento de meu primeiro álbum solo, o ‘Traquitana Audiovisual‘. Nesse projeto, consegui juntar a música eletrônica híbrida que eu faço, com os visuais de meus videomappings interativos e a possibilidade de ocupar espaços não convencionais, como porões. É um trabalho enorme. Mas o sorriso do publico depois do show confirma que valeu a pena.

Craca 4ANTENA

Instalação “UM LIVRO DE AMOR”, de Craca

B4B – Você também tem realizado aulas de produção musical via Zoom e o valor das aulas, tem revertido para causas sociais. Você percebe que neste momento, as pessoas tornaram-se mais solidárias? Como está o engajamento das pessoas com relação ao desenvolvimento pessoal e profissional?

Craca – Pois é… assim que o lado mais negativo da quarentena começou a dar as caras, comecei a buscar formas de ajudar grupos em situação mais vulnerável, mas há um limite no que cada um pode fazer/doar sozinho. Assim, por conta do pedido de alguns amigos que queriam aulas de produção musical, comecei a dar um curso onde o pagamento é uma doação de qualquer valor a alguma das campanhas  de redução de danos da COVID-19 que eu indico. Deu muito certo. A procura foi bem grande e teve a presença de músicos que, na verdade, eu admiro demais. Gente premiada por seus trabalhos. Uma honra pra mim.

Mas acho que o mais bonito foi essa coisa de perceber que podemos todos seguir estudando, criando, crescendo e ao mesmo tempo ajudando quem está muito desassistido. Agora mesmo, estou respondendo esta entrevista ainda emocionado com o email que acabei de ler, de uma das participantes desse curso, que me escreveu para disponibilizar sua estrutura e oferecer ajuda no que eu precisar.   Isso acontecia antes?  O cada um por si chegou ao limite. Agora, quem não praticar empatia pelo outro, não vai merecer atenção mais.

Craca SBVRSVA

Craca na SBVRSVA

B4B – Pra encerrar, mesmo que o cenário ainda seja nebuloso, quais são os planos do Craca para o 2º semestre? O que podemos esperar pós ‘Affection Reflection’?

Craca – Não parece que eu vá voltar a fazer shows ainda este ano. Mas… seja quando for… voltarei com um repertório novo de musicas e imagens. Estou a cada vez mais a procura de espaços  não convencionais para apresentar meu espetáculo de música e videomapping. Havia uma negociação avançando para uma temporada especial nos porões do CCSP. Vou fazer o possível pra isso acontecer. É uma caverna enorme toda recortada por pilastras estruturais, o lugar ideal para uma apresentação de musica eletrônica em sistema de som quadrifônico e visuais sincronizados ao longo de toda essa arquitetura.

Além disso, tivemos que cancelar, a poucos dias do começo da quarentena, dois shows de Craca e Dani Nega com participação do Metá Metá. Isso doeu. O show estava lindo e lançaríamos umas versões eletrônicas remixadas.  Tivemos um aceno do SESC comprometendo-se a remarcar esse show quando for possível. Em breve, nos encontraremos novamente!

Editores do Beat for Beat. Apaixonados pela música, pela pista e uma boa taça de gin.

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