Após apresentar de forma brilhante seu álbum ‘Plants’ no The Town, L_cio recebeu nossa redação para um papo super descontraído. Confira.
Edição: Carlos Vinicius
L_cio é o homem da flauta transversal. Ele é instrumentista treinado e um performer ao vivo que também conhece seu caminho no estúdio. Com uma formação musical multifacetada, criar suas músicas com sintetizadores e outros meios de geração de som eletrônico foi mais uma questão de tempo do que de ambição.
Seu último álbum é, narrativamente, uma homenagem musical aos nossos maravilhosos parceiros neste planeta nas diversas fases de sua existência entre nós. Foi após apresentar seu álbum ‘Plants’ no The Town, que o artista conversou com a gente. Confira:
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Beat for Beat – Sabemos que a flauta te acompanha há mais de 30 anos, ,as se não fosse a flauta, tem algum outro instrumento que você também toca ou que têm alguma afinidade? O que você traria para o seu live se não fosse a flauta?
L_cio – Olha, a flauta é parte da minha história da infância, eu tocava na igreja, tocava com a minha mamãe, inclusive hoje foi especial tocar com ela. Mas eu fiz 10 anos de capoeira de angola, então eu imagino eu traria isso para a minha música. Acredito que se fosse um outro instrumento musical, seria o berimbau, por causa da capoeira. Inclusive fiz mestrado na área escolar e desenvolvi o método da capoeira na escola, faz bastante tempo, mas eu acho que seria o berimbau. E não deixa de ser uma possibilidade a gente fazer isso em breve, poderia ser bacana.
B4B – Muita gente te coloca na “casinha” do techno, outras pessoas te colocam na “casinha” do house, mas você não se coloca em “casinha”, você faz música boa. Como é que você define o seu mood na hora de fazer música?
L_cio – Eu sempre tento fazer alguma coisa como se eu tivesse no espaço dos espectadores. Pra mim, que sempre fui clubber mesmo, eu senti e sinto muito que a música toca nas pessoas e eu tento transcender. Eu acho que a base pra mim é a questão da transcendência, então, esquecer por um momento, ou por um bom momento o nosso cotidiano. Esquecer que às vezes temos uma conta para pagar ou que tem algum problema familiar, ou esquecer que tá vivo e tá acabando.
Eu acho que a música tem esse poder, então eu tento fazer isso com a música, por isso que ela se torna tão genuína, autêntica. Ela não tenta realmente seguir uma coisa que seria mais mecânica ou de mercado. Mas também atende a isso, né? Espero que atenda porque eu vivo disso também.
B4B – E você também tem que pagar os boletos, né? (risos)
L_cio – Sim, sim, e tem bastante. Por isso que às vezes eu pego a música e esqueço dos boletos (risos).
B4B – Você falou da sua mãe e foi lindo você chamá-la mãe pro palco. Qual foi a sensação de chamar sua mãe pro palco de um festival tão grande como o The Town?
L_cio – Foi uma coisa que eu nunca tinha feito na vida, então foram muitas coisas pela primeira vez na vida hoje. Eu já tinha tocado com a minha mamãe, inclusive com orquestra, na Igreja Imaculada Conceição. Toquei com ela na Catedral da Sé, também. mas hoje foi uma coisa muito diferente, que é uma composição dela, num espaço novo, com uma maturidade tanto minha quanto dela, de reconhecer esse processo tão bonito que depois de tantos anos foi se reencontram.
Acho que a última vez que a gente tocou junto, eu devia ser adolescente, com 14 ou 15 anos, e agora eu tô com 46, então é uma volta grande, mas que dá num lugar tão bonito como esse. Realmente foi emocionante. Fazia tempo que eu não chorava assim, por fora eu dei uma leve chorada, mas uma grande chorada por dentro. Foi muito gostoso.
B4B – Nós ouvimos Florescimento durante seu show, que é o single atual do seu próximo álbum, ‘Plants’. Como foi para você tocar o single e o álbum para a audiência do The Town?
L_cio – Assim como o primeiro álbum, eu acho que é um momento de expressão de um processo. Depois do meu álbum foi 2018, tivemos 2019 e logo em seguida uma pandemia, que foi um processo onde todo mundo sofreu muito, e pra mim foi muito sofrido, onde eu quis desaguar em alguma coisa que fosse uma homenagem, algo que sobreviveu assim como a gente, que são as plantas, que estão aí ainda e que a gente teima a lidar de uma forma desigual com elas.
E pra mim também foi a possibilidade de me relacionar com pessoas que eu já tinha uma relação antiga ou intensa, como a minha companheira Lina, minha mamãe, o Bica, que foi companheiro meu de Teto Preto, o Novíssimo Edgar, que é um querido, o Jon Dixon, que eu entreguei um pendrive pra ele em 2011 e em 2021 ele me aparece.
É uma realização, e isso reflete nas pessoas que escutam, e pra mim é muito legal porque no show eu tive uma audiência que eu nem esperava, que é uma audiência mesmo de som e não só de pista. Eu espero que as pessoas que gostam do meu trabalho também se deleitem com esse álbum em casa ou mostrando pra toda família e amigos. porque são músicas super bonitas e que eu acho que as pessoas podem gostar, que é o mais importante.
B4B – E quando a gente fala de audiência, The Town é um público completamente contrário ao que você está habituado a se apresentar. Você é residente da Capslock, por exemplo, além de ser uma figura super presente na cena underground. Como é preparar um show para um público que às vezes nem sabe quem é você?
L_cio – Exato, eu tive uma grande vantagem que foi de ter o planejamento desse álbum pautado num show de estreia, e que felizmente casou o lançamento com o The Town, então foi uma preparação em que eu estava, obviamente, muito ansioso de apresentar o trabalho num festival em que tivemos, Maroon 5, Maria Rita, Ludmilla, entre outros. E eu também fico feliz pela realização de um álbum que contemple diferentes sonoridades, não ficou só uma música que a gente costuma ouvir nessas festas que você citou, mas também teve o hip hop, teve o funk, teve a música ambiente. Eu fiquei muito contente mesmo, tô muito feliz pela realização desse show.
B4B – E claro que a gente tem um álbum que está por vir e 2023 ainda tá na reta final. O que o L_cio nos prepara pros próximos meses?
L_cio – Bom, pros próximos meses tem alguns lançamentos além do álbum. Deve sair um lançamento com o Robert Owens, que é uma lenda do house, um cantor impressionante, que tem uma música também com o Paulo Tessuto nesse EP. Temos também muitas festas bacanas, como a própria Capslock, então fiquem atentos.
Então eu vou conseguir rodar bastante, e se preparem que o ano que vem esse show estará em alguns festivais, espero eu, depois dessa realização tão bonita aqui.
B4B – Obrigado, L_cio.
L_cio – Obrigado!
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