Sempre na busca para estar um passo a frente, Leo Janeiro é, sem dúvidas, um dos profissionais mais importantes para a música eletrônica nacional.
Carioca até no nome, Leo Janeiro não esconde sua paixão pela Cidade Maravilhosa e por todo esse Brasil gigante que ele costuma correr via estradas e aeroporto fim de semana pós fim de semana. Influenciado pelos bailes cariocas no fim do século passado, Leo decidiu se jogar de cabeça na discotecagem e com uma assinatura própria entre o house e o techno, ganhou seu espaço no coração dos brasileiros.
Residências aclamadas em clubs como Warung e Beehive, colaborações com artistas de calibre nacional e internacional deram a Januca, como é carinhosamente chamado por alguns amigos, um espaço privilegiado no cenário nacional. E o que falar de 2017? O ano tem sido um dos mais proveitosos na carreira de Janeiro enquanto produtor. Warung Recordings, Not For Us, Blackyard e DOC são algumas das marcas com que Leo colaborou em lançamentos com collabs e remixes de artistas como Rodriguez Jr, Gui Boratto, HNQO, Andre Salata, Renato Cohen e Mumbaata.
Nessa entrevista exclusiva para o Beat for Beat, Leo comenta os principais desafios da temporada e antecipa algumas novidades importantes. Confira:
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Beat for Beat – Olá, Leo! Tudo bem? O que representou pra você tocar no Rock in Rio e Ultra em sequência? Se você pudesse escolher um festival dos sonhos para tocar, qual seria?
Leo Janeiro – Tudo otimo! eu fiz uma sequência muito bacana: Rock in Rio, Tribaltech, Ultra/Resistance, Warung Day Festival, Universo Parallelo… acho que isso tem a ver com o trabalho que está sendo feito, costumo a dizer que existe a “meritocracia” quando você faz algo que realmente é bem feito. Nos últimos anos eu e minha equipe temos falado muito sobre isso e tentado ao máximo fazer rolar de uma maneira orgânica. O festival dos meus sonhos eu não sei responder, mas to muito feliz de participar de alguns dos principais no Brasil.
B4B – Como foi o processo criativo do EP MooDisco? Pra você, teve um peso especial trabalhar em parceria com Gui Boratto e Rodriguez Jr?
Leo Janeiro – O Moodisco é uma ideia minha e com uma super ajuda do Gui Boratto (meu amigo de muito tempo). Já tinha recebido o convite dele e quando resolvermos cair dentro demoramos quase 1 ano para finalizar. A ideia do Rodriguez Jr. veio num bate papo sobre possíveis nomes para um remix, pintou o dele e achamos que seria o ideal. Eu já havia tocado algumas vezes com o Rodriguez e foi sensacional, pois ele é um cara muito bacana. Enfim, ele acabou escutando a música e topou entrar. Ficamos extremamente felizes com o resultado.
B4B – Seu nome é frequentemente conectado a cena carioca, não é mesmo? Como você enxerga o atual cenário eletrônico na Cidade Maravilhosa? O que falta para o Rio de Janeiro ter o mesmo reconhecimento de outras capitais como Curitiba e São Paulo?
Leo Janeiro – Eu nasci aqui e estabeleci primeiro meu nome na cena local. Acho que o Rio é um ponto meio fora da curva. Nós temos DJs sensacionais como Mau Lopes, Marcio Careca, Gustavo Tata, Jonas Rocha, Nepal, Bernardo Campos e novos talentos como a Ananda Nobre, Ossain, Carrot Green, Keskem, Tenth Column e o Mumbaata – que é um dos melhores Lives do momento. Talvez eu e o Flow e Zeo sejamos desta turma o que tocamos mais fora por conta também de termos buscado isso, ampliar nossos horizontes. O nosso maior problema atualmente é a falta de um club que possa abrigar tantos talentos e ser focado 100% em musica eletrônica, além do ambiente cada vez mais hostil para um investimento deste tamanho. É difícil, mas não é impossível. Temos alguns núcleos trabalhando forte e produzindo festas de qualidade, mas eu sinto falta de um club na cidade. Já tive oportunidade de ver alguns por aqui e vejo que fizeram total diferença.
B4B – Suas residências, Warung e Beehive: qual tem sido a importância delas em 2017?
Leo Janeiro – São duas residencias incríveis, cada uma de uma maneira. O Warung é um dos principais clubs do Mundo, fazer parte deste time é uma honra e responsabilidade. Isso abriu muitas portas e sempre tento fazer o meu melhor, é único. O Beehive é bem especial, hoje dentro da minha residencia tenho um projeto chamado Bee2gether, aonde posso ter um convidado e apresentamos long sets durante a noite. Isso é uma grande oportunidade de mostrar ao publico meu background musical. Felicidade enorme poder trabalhar com esses dois clubs.
B4B – Falando sobre lançamentos… quais são seus planos para o restante de 2017 e começo de 2018?
Leo Janeiro – Muita coisa! Tenho uma compilação pela Get Physical que sai em janeiro 2018 chamada Cocada, somente com produtores brazucas 🙂 Na sequencia alguns EPs e no segundo semestre o meu álbum. No meio do caminho tem mais coisa vindo, mas ai é só acompanhar [risos]
B4B – Fora da música eletrônica, quais são seus estilos musicais e artistas preferidos? O que você mais gosta de fazer fora do ambiente de trabalho?
Leo Janeiro – Eu gosto muito de black music e MPB. Minha infância foi cercada de discos da minha mãe e isso foi bacana pois me possibilitou gostar de musica coisa diferente. Marvin Gaye, Chico Buarque, Marcus Valle, Chic, Paralamas, Soul 2 Soul, Depeche Mode, enfim é muita coisa. Eu curto ficar em casa e ter minha rotina, já estou adaptado a isso!
B4B – Para finalizar, uma pergunta bastante pessoal: aonde você imagina sua carreira daqui a 5 anos?
Leo Janeiro – Me imagino trabalhando com musica, sempre foi o meu maior motivo para continuar acreditando. Eu fiz grande parte da minha vida dentro dela e espero continuar, fazer o que você ama é fundamental para seguir em frente!
