Considerado o líder do “future progressive”, o mexicano Mandragora, de alma brasileira nos conta mais detalhes sobre sua trajetória musical.
Mandragora é o projeto de “future progressive” de um DJ e produtor mexicano com talento notável e presença de palco contagiante, sem dúvidas um dos destaques da nova geração do Psytrance. Desde 2012 trabalhando com sua música, ele deu um salto quântico quando recebeu grande destaque com a faixa “Wild Wild West” produzida em parceria com o projeto Groovaholik e remixada pelo produtor Sesto Sento, um nome de peso dentro da comunidade Trance.
Com passagens em selos como Def Jam, Alien Records e SPINNIN, o artista já encabeçou um álbum triplo, com vinte e sete faixas de estilos diversos, muitas delas nem mesmo aplicáveis dentro de um único gênero – o que ele já admitiu ser proposital. É só conferir seu catálogo nas plataformas e entender que se trata de um produtor versátil que não está muito preocupado com distinções disso ou daquilo.
Trocamos uma ideia bem detalhada com ele para saber mais sobre sua história, a jornada com a música, a mística por trás de sua biografia e claro, sobre os planos que vem por aí. Confira!
Beat for Beat – Olá Mandragora, tudo bem? Bom, antes de mais nada conte-nos sobre esse viajante do tempo, vindo de 1354, estamos curiosos! E como tudo começou na música pra você?
Mandragora – Oá, pessoal! Desde criança eu sabia que eu ia trabalhar com cultura, minha mãe me botou numa aula de piano aos 4-5 anos e quando tinha 11 anos meu avô me deu uma antiga câmera de vídeo, então comecei fazer filmes curtos. Aos 16 anos fui aceito no conservatório de música de Chihuahua, mas fiquei apenas um ano porque ao mesmo tempo já tinha começado a produzir. Depois comecei a trabalhar em telemarketing e conheci a rave ao mesmo tempo, um brother me abriu os olhos que eu ia me dar bem como produtor de trance, botei fé e agora estamos aqui!
Você é considerado um dos novos talentos da nova geração, especialmente pelo seu jeito desprendido de rótulos. Por que você assumiu essa postura?
Mandragora – Porque acredito demais em mim mesmo e eu queria que os outros acreditassem também, o DM que eu mais recebo é de pessoas agradecendo não pela música, mas pelo efeito que tem na vida deles, eles me contam que sentem coragem pra viver a vida, então eu tenho que tomar riscos pra inspirar outros a tomar riscos também. Só os loucos sabem, as pessoas que conseguem mudar o mundo são os que são malucos o suficiente pra acreditar que elas podem mudar o mundo.
O que nutre sua alma na hora de criar seus sons?
Mandragora – Me divertir! obviamente!
Você teve uma música remixada por um projeto famoso da cena Psytrance, o Sesto Sento, como foi para você esse tipo de reconhecimento? O que mudou após esse feito?
Mandragora – Mano, eles me deram a maior moral! Antes do remix e antes de ser Vini Vici, lá no México, trombei com eles várias vezes nas festas e sempre me deram bons conselhos, tipo ‘não escuta música muito alto porque seu ouvido e sua ferramenta de trabalho’, eles sempre acreditaram em mim e foram mó gente fina, então eu sou eternamente agradecido. Beijão pra eles!
Fala-se muito sobre sua apresentação seguir por vias diferenciadas, a começar pela sua presença de palco. Conte-nos um pouco sobre como é esse momento para você? Existe uma preparação ou é algo que flui naturalmente?
Mandragora – O bagulho é passar uma energia boa, claro que existe uma preparação, a gente assiste um monte de show dos rockstar das antigas, não é à toa que a gente se veste desse jeito… eu quero imprimir imagens inesquecíveis!
Além disso, você é um dos nomes responsáveis pelo “novo” progressivo das grandes pistas, o future progressive. O que seria esse som? Por que você acha que recebeu esse título?
Mandragora – Eu me autonomeei o criador do futureprog no ano 2012 porque eu sou muito fã do rapper future, sério! Aí como eu realmente me esforço em trazer algo novo pra cena, eu estava ligado que meu som era diferente desde a criação do conceito, então não quis encaixar ele no Psytrance que é cheio de regrinhas. Futurprog é basicamente o irmão descolado do EDM, aí o movimento começou pegar força, vários produtores de renome abraçaram o tamo na luta sempre tentando representar num lugar novo.
Uma curiosidade sobre você é que temos um mexicano que se diz de alma brasileira. São duas culturas muito fortes e cheias de história. É algo que inspira sua música de alguma forma?
Mandragora – Claro! MPB e Funk são dois dos meus gêneros favoritos pra escutar em casa, eu sampleei a ‘Céu no sem chão’ porque tava rolando um playlist de MPB enquanto trocava uma ideia com uns brother em São Paulo, e como os funkeiro falam, ‘eu canto o que vejo’, então se eu estou no Brasil eu vou me mergulhar na cultura e representar ela nas minhas próprias palavras.
Agora que estou morando na França, estou aprendendo francês e já lancei duas faixas com rapper em francês junto com o produtor belga Tod1efor, ele faz os beats pros maiores rappers franceses, então hoje em dia to me mergulhando em mais outra cultura… é uma pira de mochileiro kkk
A pandemia foi um tema que assombrou a mente de todos os artistas no mundo. Mas hoje, podemos dizer que estamos finalmente fechando esse ciclo. Como estão seus planos para 2022? Algo vindo por aí que você possa nos contar? Obrigada!
Mandragora – Eu vou responder essa pergunta com o filme que acabei de lançar:
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