Maz, o brasileiro que conquistou o mundo com os batuques do afro e do organic house, conversou com a gente sobre carreira, dawn patrol, coachella e inspirações.
O carioca Maz tomou as pistas de todo o mundo quando o remix para “Banho de Folhas” de Luedji Luna explodiu com a ajuda do trio Keinemusik. Desde então Thomaz Prado tem dedicado boa parte de suas produções aos vocais em português, dos quais tinha até certo preconceito no início de sua carreira, mas que hoje virou peça-chave para emocionar gringos como Drake, em Saint Tropez ou até mesmo fazer um b2b recente com Black Coffee, no nordeste brasileiro neste início de 2024.
Prestes a desembarcar no Coachella, maior festival de música dos Estados Unidos, sendo o único brasileiro confirmado no line up deste ano, o DJ nos contou um pouco sobre seu início de carreira, preparativos para o festival e claro do Thomaz que é surfista e não vive sem o mar, presente na sua inspiração diária no estúdio.
Beat for Beat: Lá no início da sua carreira você já tocou o tech house, depois você fez um deep, progressive e agora você tá no afro-house, como é que você encontrou o afro-house, como é que o batuque te encontrou no meio disso tudo, que fez dar tão certo?
Maz: Apesar de eu ter desenvolvido esse meu lado afro, percussivo, brasileiro, eu continuo tocando de tudo, saca? Não é porque, enfim, estamos lá vendendo muita música do gênero no beatport, que eu só produzo isso hoje em dia sabia. Esclarecendo, atualmente tem gente que pensa que eu por ter chego lá, só toco afro house, mas não é bem assim, me identifico muito com o gênero, a “Banho de Folhas” foi um marco pessoal e como produtor musical, ela me abriu um universo de possibilidades, porque antigamente tinha até certo preconceito com vocal em português e música eletrônica, achava que não combinavam e quando me permiti a fazer uma mistura de vocais nacionais com música eletrônica e nas tentativas de que se conversavam mais, era esse estilo mais orgânico, mais percussivo também e eu sempre gostei de afro-house também, é uma mistureba toda de que quando comecei a tocar, a galera toda entendia nada e outra galera ficava amarradona, mas, é isso, quando me permitir a tentar fazer uma coisa de diferente, com vocal em português deu certo e ainda abriu muita coisa para que eu possa explorar e sair da zona de conforto que tive antigamente.
Beat for Beat: Falando sobre prêmios, top 3 tracks top beatport , também top artist no beatport, 20 of 2024 da One World Radio do Tomorrowland, agora também teve o reconhecimento pelo 1001 tracklists, tem algum prêmio que você ainda mira?
Maz: Estou na cena desde 2015, comecei a estudar produção no fim de 2014 e comprei minhas paradas em 2015 e desde então entreguei tudo que eu tinha, todas as minhas energias e tempo na música. Sei lá, quase 8 anos depois, ver tudo acontecendo com minhas produções é muito gratificante, instiga né, é doido pensar que você via seus ídolos antigamente, frequentando os mesmos lugares que você está frequentando ou te contratando, fazendo questão da sua presença, é doideira e muito, muito gratificante mesmo. Quanto aos prêmios, o Grammy né, seria foda, vamos trabalhar para isso.
Beat for Beat: Seu b2b com o Antdot deu tão certo que se tornou uma label incrível e agora se tornando festa também. Como que nasceu a Dawn Patrol e como funcionam os trabalhos na gravadora? Vocês pensam em abrir para demos?
Maz: A gravadora criamos antes do Bruninho, criei como Fred e com o Gui, que também são meus managers, só que na época ainda não trabalhávamos juntos e estávamos pensando numa forma deles me ajudarem a lançar minhas tracks, porque eles tem a Braslive e eu não conseguia lançar minhas tracks direito e eu também não queria lançar em qualquer selo e aí tivemos a ideia de criar a Dawn Patrol justamente para eu ter essa liberdade de lançar o que quiser, quando quiser e eles já tinham todo o know how e então eles ficaram com essa técnica e eu entrei como A&R, como produtor e aí chegou o Bruninho, que sempre teve uma sinergia incrível comigo nas produções, nos sets e na vida e depois de um ano e pouco na gravadora ele integrou ao time e estamos testando bastante coisa nossa. No momento a Dawn Patrol ainda não está aberta a demos, porque temos que focar em toda a nossa carreira e também não queremos fazer algo que não seja significativo, mas quem sabe futuramente não podemos pensar nisso, muita gente me pede também.
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Beat for Beat: Você acabou de ser confirmado no Coachella, maior festival de música dos estados unidos, tocando ao lado de grandes lendas e sendo o único DJ brasileiro a pisar por lá neste ano. Como você descobriu a notícia e como está a ansiedade?
Maz: Cara, eu estava na casa de um grande amigo meu, quando chegou um e-mail para mim, tive que sair do quarto, porque a galera estava conversando e li, reli o email, li umas três vezes e pensava comigo: Não é possível! Nossa meta era sei lá, 2025,2026, assim, só que acabou rolando antes, inexplicavelmente, não tenho muita ideia da magnitude do evento, sei um pouco, de longe, mas estou muito feliz!
Beat for Beat: Agora para finalizar uma pergunta mais pessoal. Você não se desgruda do mar, desde pequeno você tem o contato com surf e sempre foi um peixe. Como o mar te ajuda nas suas produções e composições em estúdio?
Maz: O Surf é a coisa que mais me inspira, de longe, de longe. O dia que eu pego boas ondas, eu vou para o estúdio e sei que o negócio vai fluir muito mais, sabe? Não é algo pensado, tipo “ah, quero transmitir a vibe do surf na música”, não é bem isso, mas é meio que como se fosse minha válvula de escape, que eu consigo me preencher de coisas boas para me esvaziar fazendo música. É uma relação quase que dependente, eu acho que eu não conseguiria viver num lugar que não tem onda, o meu nível de produtividade ia cair bastante!
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