Uma das atrações do Rock in Rio e dono do gigante hit ‘Move Your Boby’, Öwnboss conversou com nossa redação durante o RiR. Confira!
Se você acha que são poucos os artistas brasileiros que possuem uma forte presença na cena eletrônica nacional e internacional, está tremendamente enganado. Eduardo Zaniolo, nome por trás do projeto Öwnboss, saiu de Florianópolis para as pistas do mundo todo. Neste ano de 2022, marcou presença também no Rock in Rio, onde conversou com nossa redação. Confira!
Beat for Beat – Você já disse em entrevista que começou a frequentar raves aos 16 anos e se apaixonou por esse universo. Você lembra de alguma festa ou artista que marcou esse início?
Öwnboss – Vários artistas me influenciaram lá no começo, como Tiësto, Steve Angelo, Kaskade, entre outros. Eu sou de Florianópolis, e quando comecei a sair, lá pelos 16 anos, um club da região começou a trazer esses grandes artistas internacionais, que certamente me marcaram.
Mas se eu for voltar um pouco mais no tempo, eu frequentava algumas raves também, com Raja Ram, Skazi e o todo o PLUR que faz parte do Psytrance. Era o que rolava no Brasil na minha época, até mesmo o Gabe veio do psytrance com o Wrecked Machines. Ali foi o começo de tudo.
E fazendo uma espécie de termômetro, como está a sua paixão com a música eletrônica? Como você define seu relacionamento com ela?
Öwnboss –A paixão pela música sempre existiu. Eu tive uma banda com meu irmão quando era mais novo, então sempre tive contato com a música como um todo, mas ai vem a música eletrônica. Ela me amparou em um momento delicado da minha vida, quando perdi minha mãe, entre outras situações delicadas que passei e a música eletrônica foi o que me segurou, minha válvula de escape.
Naturalmente toda minha relação com ela foi se desenvolvendo com o passar dos anos. Comecei lá no psytrance, fui conhecendo outras vertentes e até hoje estou estudando e aprendendo. Sei curtir diversos artistas de outros gêneros, não me prendendo a estilos musicais. Quando enjoo de um, passo a curtir outro e permito que tudo isso some. Música é sobre somar.
E isso também se reflete nas suas produções, você não vive dentro de uma caixinha, certo?
Öwnboss – Quando se trata do Öwnboss, eu levo para as minhas produções tudo o que sinto na minha pele. Quando toco num lugar e senti que algo do meu set funcionou bem ou que outro artista depois de mim também fez algo diferente, mas efetivo, eu vou juntando tudo para a minha realidade. Vou somando.
Já fora do Öwnboss, na minha vida pessoal, música é música, sem rótulos. São duas realidades diferentes e sei separar as duas coisas perfeitamente.
Muita coisa mudou dos seus 16 anos pra cá e você hoje, tem viajado não só o Brasil, como pelo mundo todo. O Eduardo lá de trás, imaginava tudo isso? Como você analisa sua história e tudo que construiu até hoje?
Öwnboss – As vezes eu preciso parar, fechar o olho e mentalizar “isso aqui está realmente acontecendo”. É muito comum entrarmos no piloto automático e as coisas vão acontecendo, passando e você nem percebe. É foda perceber que você está ganhando espaço, conhecendo aqueles artistas que sempre curtiu e se você não parar e se colocar naquele momento, você pode acabar perdendo tudo o que está acontecendo.
Todos esses universos que estou conhecendo, como tocar no Brasil todo, no Canadá ou Estados Unidos, são todos incríveis. É a realização de um grande sonho e estou vivendo ele cada vez mais.
Falando de tours e gigs, não podemos deixar o rock in rio de lado. Mesmo já tendo pisado nos maiores palcos lá de fora, a emoção de ter tocado em casa, no maior festival de música que temos, foi diferente?
Öwnboss – Tocar no Rock in Rio foi muito especial. Tocar aqui tem sempre uma perspectiva diferente. Os meus dindos, por exemplo, que têm 80 anos de idade, não entendem muito bem o que é música eletrônica, mas quando eles ficam sabendo que vou tocar no Rock in Rio, eles conseguem perceber a dimensão que a música eletrônica está ganhando.
Eu toquei no Tomorrowland, em outros grandes festivais, dedicados à música eletrônica, mas tocar no RiR, onde pessoas de fora da cena podem te ouvir e reconhecer, principalmente num país onde a nossa cena ainda é considerada nova, é gratificante poder mostrar para essas pessoas um pouco da nossa realidade.
Ano de copa do mundo e você emplacou logo uma música na trilha do FIFA 22. Como rolou esse convite?
Öwnboss – O engraçado disso é que quando me mandaram a proposta, não era para o FIFA, mas sim para o jogo da F1 e era algo que eu pagaria para fazer parte, mas ainda bem que quiseram me pagar para estar ali.
Eu cresci ouvindo várias bandas que faziam parte de trilhas sonoras de games que eu jogava e agora, minha música está lá e espero que esse feito possa influenciar toda uma geração, assim como eu fui influenciado.
E pra finalizar, o que podemos esperar o Öwnboss nesses últimos meses do ano? Novidades ainda pra 2022?
Öwnboss – Com a ‘Move Your Body‘, minha última música, eu subi a régua e o maior desafio é manter esse nível de produção, de músicas novas, novidades.
O complexo disso tudo é que a ‘Move Your Body’ já aconteceu. Eu posso fazer 5 músicas iguais a ela, que o impacto não será o mesmo. Eu preciso criar mais músicas, ter um pouco mais tempo de estúdio, já que estou viajando muito ultimamente, mas o foco para esse ano é cumprir o calendário de lançamentos, das minhas apresentações aqui e na Europa.
Já pensando em 2023, quero estar ainda maior e levar nosso Brasil para o mundo todo.