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Entrevista

Entrevistamos: Steve Aoki no Lollapalooza Brasil

DJ, produtor, empresário e amante da cultura brasileira. Nós conversamos com o japonês mais louco da EDM, Steve Aoki, no Lollapalooza Brasil.

Ele é um dos DJs mais loucos da música eletrônica. Conhecido por fazer uma verdadeira bagunça nos palcos, Steve Aoki divide opiniões, mas uma coisa ninguém pode negar: o cara é um verdadeiro showman! No palco, Aoki agita a galera falando ao microfone, pulando, dançando, entrando no clima. Uma legião de fãs sempre o acompanha e vibra quando o seu tradicional bolo é arremessado em alguém próximo ao palco. Steve Aoki sabe como entreter.

O que muita gente não sabe, é que antes de se tornar um dos maiores DJs do mundo, Steve Aoki era totalmente inserido no cenário do punk rock. Ele foi vocalista e guitarrista algumas bandas, entre elas The Fire Next Time, This Machine Kills, Rifoki, Esperanza e Fuck You e foi nessa época que ele começou sua label. Conversamos com ele nos bastidores do Lollapalooza Brasil 2019 e Steve nos falou sobre o começo de sua carreira musical:

É uma longa história pessoal, farei o meu melhor pra contar rapidinho. Na época em que eu passei pelas bandas, eu ainda não era DJ. Eu comecei a discotecar por volta dos meus 20 anos, mas antes disso, na adolescência, eu era do hardcore, do punk rock, até que me mudei para Los Angeles e comecei uma gravadora: a Dim Mak, com a intenção de lançar bandas desse cenário independente. A minha mudança pra LA foi pra correr atrás e fazer a gravadora acontecer, até que comecei as festas da Dim Mak, onde eu precisava ser o DJ. Abri as portas das festas, que tinham as bandas e alguns DJs… acabei criando uma nova cultura, que misturava o indie rock e a dance music, o que chamamos de Blog House e isso foi lá em 2005, aproximadamente. Foi ai onde comecei a também produzir alguns remixes, como remix de Bloc Party e depois, acabei fazendo algumas colaborações com outras grandes bandas, entre elas Linkin Park, Fall Out Boy, Blink 182. Eu misturei as características do screamo, hardcore com o electro. Foi a junção de dois mundos, o rock e a música eletrônico e a coisa ficou realmente louca!

Steve Aoki como guitarrista da banda Esperanza

Para nossa sorte, a vinda do para música eletrônica Steve Aoki foi um tremendo sucesso e além de todas as suas colaborações com o rock, Steve mostrou-se um grande observador, conseguindo enxergar oportunidades de remixes em outros nichos e culturas que ele admira, como o funk brasileiro e foi assim que surgiu a track Hoovela:

Hoovela‘ é basicamente um remix, em que usei o sample de Baile de Favela, mas que consegui lançar como uma track original em parceria com o TWIIG. Eu sempre tocava o remix do Hardwell, mas as minhas vindas ao Brasil me aproximaram da versão original da track. Eu conversei com MC João, produtor da track e ele me permitiu usar o sample na minha versão. Eu toquei ela no Lolla e como vocês puderam ver, ela foi e ainda é uma das grandes partes do meu set. É uma forma de levar a cultura brasileira aos meus shows e eu tenho muito orgulho disso. Eu amo o Brasil, sua cultura. Toda vez que toco aqui é sempre incrível. É muito bom poder levar um pedaço do seu país comigo, ao redor do mundo.

Além de ser um grande DJ e produtor, Steve Aoki seguiu o exemplo de seu pai, Hiroaki “Rocky” Aoki, dono da rede de restaurantes Benihana  e resolveu investir em outros negócios, como a Pizzaoki, um delivery de pizzas:

Eu sou um ser humano. Eu amo a música, mas amo trabalhar com outras coisas também. Eu sou um criador. Eu gosto de criar coisas e todos os meus projetos têm a finalidade de conectar as pessoas de diversas maneiras diferentes. Música é meu negócio principal e eu nunca vou deixar de lado, mas eu gosto de fazer algumas outras coisas também.

Steve em seu Pizzaoki

Conhecida por lançar diversos artistas no mercado eletrônico, a Dim Mak nasceu entre as bandas de punk e hoje é uma das gravadoras mais influentes no mundo da EDM, por isso, ter um release por ela não é algo tão fácil assim e Steve Aoki está envolvido pessoalmente nos critérios de seleção, tanto para a gravadora, quando para possíveis colaborações com ele mesmo:

Sim. Eu participo das escolhas! Não dá pra trabalhar com pessoas que você não gosta, por exemplo e vou ser sincero, não é fácil. Trabalhar com outros artistas demanda tempo, não é simplesmente: oi, quero trabalhar com você. Claro que muitas vezes, a amizade fala bem alto e é parte importante no processo, porque fazer um projeto leva tempo. Você sacrifica parte da sua rotina ou a de outra pessoa pra fazer uma música, fora que é preciso estar aberto a receber influências, conhecer o mundo dos outros pra fazer algo bem-feito. Não podemos pensar em nós mesmos numa colaboração. É algo feito em duas ou mais pessoas.

Steve Aoki no Lollapalooza Brasil 2019 | Imagem: UOL

E como estávamos no Lollapalooza, nada mais justo do que falar com Aoki sobre a preparação do set. Perguntamos como foi o processo de criação da apresentação e entre risadas, Steve nos entregou:

Eu simplesmente preparo! Sem muito segredo. Vocês viram, quase esqueci de colocar a música com o Alok no set, ainda bem que vocês me lembraram antes do show (risos). A pior parte de sets como o do Lolla, é a duração deles. Eu sempre prefiro tocar no mínimo 2 horas, porque eu tenho muita música e tocar pra um público insano como o brasileiro é sempre muito bom, principalmente quando faz tempo desde o último show. Eu quero poder tocar as minhas músicas mais clássicas, as novas… eu quero tocar tudo e ter que escolher é sempre bem difícil, mas no fim deu tudo certo e o show foi insano! Obrigado!

Os editores Bruno Bellato (esq) e Viktor Raphael (dir) com Steve Aoki nno Lollapalooza Brasil 2019

Por Bruno Bellato e Viktor Raphael

Editores do Beat for Beat. Apaixonados pela música, pela pista e uma boa taça de gin.

Uma resposta em “Entrevistamos: Steve Aoki no Lollapalooza Brasil”

[…] Com certeza a nomeação de Steve é um dos grandes feitos não só do artista, mas de toda uma classe de profissionais da música eletrônica, asiáticos ou descendentes, que lutam arduamente para se destacarem em um mundo tão misógino e preconceituoso como o nosso. Relembre nossa entrevista com Steve Aoki, aqui. […]

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