Um dos nomes responsáveis pela Prototype e do portal Alataj, o brasileiro r4ne conversou com a gente e falou sobre sua trajetória e mudança.
Apesar de uma jornada recente como r4ne e com seu “filho mais novo”, a Prototype Music, que tem pouco mais de um ano — comandada junto a Colussi — já é possível dizer que Ranieri Ferrari fez um trabalho exemplar nesta frente artística. Além das centenas de faixas que o selo já lançou, ele também reluziu seu trabalho através de algumas faixas autorais, como ‘Coder‘, ‘Foreach’, ‘Inner Space’ e seu EP Behind The Logic.
Mas a grande novidade é que, há alguns meses, ele se mudou de Curitiba para Barcelona em busca de novas oportunidades na carreira profissional e, também, mudanças na vida pessoal. Nós falamos com ele sobre tudo isso e mais um pouco nessa entrevista exclusiva:
Beat for Beat – Grande Ranieri, tudo bem? Você é um cara cheio de história. Então primeiro, vou pedir que conte, pro pessoal que não te conhece, como se deu a sua trajetória na música — da fundação do Alataj aos projetos formados em 2020.
r4ne – Bom a minha vida com a música eletrônica surgiu junto com o Alataj. Quando começamos a sair, ir para festas, decidimos criar uma festa para os nossos amigos e ali surgiu o Alataj. Como a maioria comecei ouvindo e curtindo sons mais comerciais, porém com o tempo fui entendendo pra qual lado eu queria ir e segui o mundo do underground.
E como foi esse período em que você ficou afastado da indústria da música eletrônica?
r4ne – Esse período foi de construção e amadurecimento, serviu pra chegar até aqui e conseguir fazer com liberdade e conhecimento o que estamos fazendo hoje em meus projetos. Por um lado foi ruim ficar distante da cena por um tempo, mas por outro lado, hoje me sinto mais confiante nesse meio.
Como tem sido a sua rotina desde que você virou DJ, produtor e label head?
r4ne – Bastante puxada na verdade, porque tenho as minhas obrigações semanais dos meus negócios e ainda levo em paralelo semanalmente a pesquisa de músicas, artistas e produzindo novas coisas para os projetos r4ne e Innure. Hoje o foco maior tem sido a Prototype, pra gente levar ao público o que sempre busca: trazer o novo.
E o que você faz exatamente no Alataj? Aliás, qual é o trabalho que te exige mais tempo e comprometimento, atualmente?
r4ne – Eu sou sócio proprietário junto com o Alan, lá nós dividimos as operações e sempre estamos buscando nos ajudar e trazer novidades pro público e também à todos envolvidos da cena. Hoje o trabalho que me exige mais é o meu universo de programação. Sim, sou desenvolvedor também.
No caso é o lance de análise de sistemas, isso?
r4ne – Sim, é o meu principal trabalho hoje. Mas eu não trato como um trabalho ou algo do tipo, pra mim é como se fosse um hobby, porque virou uma rotina muito boa e também consigo me virar com vários universos ao mesmo tempo.
Então o que é mais difícil: comandar uma pista de dança, uma gravadora, fazer um hit ou desenvolver códigos?
r4ne – Cara, boa pergunta, o que torna difícil é manter tudo isso girando no mesmo ritmo. Acho que tudo que você faz com prazer não se torna difícil, pois os resultados vêm com o tempo depois de um trabalho contínuo, e é essa a minha filosofia, consistência.
É curioso como um estilo de música essencialmente feito pras pessoas dançarem, como é o techno, acabou ficando associado a uma aura científica, robótica, cósmica… Você diria que o techno é “coisa de nerd”?
r4ne – Acho que não, o techno não se enquadra em algo específico. Ele abrange qualquer público. Acho que podemos associar a “coisa de nerd” a produção de música em si, pois pra tudo que você vai fazer na produção você precisa ir além e fuçar como um nerd.
Além de techno e análise de sistemas, quais as outras “coisas de nerd” que você mais curte?
r4ne – Eu tento ficar fora de outras coisas, porque já é coisa de nerd demais, rs. Nunca gostei de jogos nem nada, sempre fui pro lado mais direto da coisa. Acho que por isso consigo levar esses universos em conjunto.
Fora do techno, costuma ouvir o quê? Quais seus estilos favoritos e principais referências?
r4ne – Curto de ouvir Hip Hop e também algo mais instrumental para me concentrar.
Procura se informar diariamente sobre algum tipo de assunto? Notícias gerais, política, esportes, música…? Por onde?
r4ne – Sempre busco ficar atento ao mundo da música, o que está sendo lançado, o que está acontecendo pra ficar por dentro sempre.
Falando em isolamento, como tem sido esse um ano e meio de pandemia na sua vida? Mudou muita coisa? Como você imagina que vai ser o mundo daqui pra frente?
r4ne – Pra mim não muito drasticamente, porque eu sempre fui de ficar em casa, trabalhar em casa. O que pesou mais foram os finais de semana, que não tinha lugar pra ir e ouvir música e desestressar.
E como vai ser o r4ne daqui pra frente? O que vem por aí? Soubemos que você está em processo de mudança pra Europa… conte um pouco mais sobre essa decisão.
r4ne – Essa mudança na verdade eu sempre planejei pra mim por boa parte da minha vida, e agora eu acho que chegou o momento de arriscar e viver isso. Por mais que eu sei que vai ser difícil mudar a vida inteira para lá, eu acho que esse esforço vai valer muito apena, não só para mim, mas pra tudo que tá em minha volta, vamos lá abrir caminho para novas oportunidades.
E o que levou a escolha de Barcelona?
r4ne – Barcelona sempre foi uma das cidades que mais me chamou a atenção, mas o que mais se destaca é a questão do clima e da leveza da cidade, que encaixa bem com o que quero. E também lá temos um leque de oportunidades para o universo da música eletrônica, seja eu como DJ ou para a Prototype e até mesmo para o nosso Alataj começar a ganhar espaço por lá.
Por fim, como está sendo o período de adaptação? O que você tem sentido que é o mais importante nesse momento de mudança?
r4ne – O mais importante sem dúvidas é o foco. Você tem que estar 100% focado na mudança e estar totalmente consciente, o que não é fácil. Valeu pelo papo! Em breve tem mais novidades.
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