Uma tempestade de tambores e memória coletiva, ‘RITMO’, de Jarreau Vandal, gira como desfile, batuca como pista e pulsa como identidade.
‘RITMO’, de Jarreau Vandal, é uma celebração sonora que costura influências da diáspora em um tecido vibrante e carregado de ritmo. A faixa une a explosão percussiva da banda de metais Ritmo Entertainment, os tambores de origem surinamesa — inspirados no kawina — e o swing marcante do club de Baltimore, onde Rye Rye despeja versos afiados com uma cadência que parece coreografada pelo corpo. O resultado é uma criação que marcha e dança ao mesmo tempo, com camadas rítmicas que invadem, atravessam e expandem. Ouça aqui.
A construção é densa, mas nunca pesada. Jarreau Vandal desenha o groove com precisão e memória, misturando o batuque das ruas de Amsterdam, onde cresceu entre comunidades do Suriname e de Curaçao, com o frenesi dos clubes americanos. A sonoridade não pertence a uma cena: ela se move entre elas. E Rye Rye, lenda viva do movimento que incendiou Baltimore com beats sincopados e vocais energéticos, transforma o instrumental em território pessoal — evocando sua juventude em bandas marciais, parando quarteirões com uniforme e batida.
‘RITMO’ não é uma fusão — é um entrelaçamento. Não pede contexto — oferece vivência. A faixa traz à tona o que é físico, ancestral e urbano, onde as raízes não competem, mas ressoam juntas.
É percussão com propósito. Movimento como idioma. E som como herança viva.
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