Como uma equação emocional convertida em som, ‘the sixth’, de lesssound, paira entre exatidão e abstração — um cálculo feito para sentir.
lesssound entrega uma faixa que pulsa com precisão clínica e atmosfera líquida. Em ‘the sixth‘, tudo parece calculado — mas nada soa frio. A música se constrói sobre linhas que se entrelaçam como circuitos orgânicos: sintetizadores cintilam em intervalos irregulares, batidas firmes caminham com lógica própria e cada camada soa como um fragmento de pensamento digitalizado. É música que não se contenta em embalar — ela propõe uma escuta ativa, quase meditativa. Ouça aqui.
A textura da faixa é eletrificada, mas sempre contida. Não há exagero, só controle. Os timbres brilham como superfícies metálicas iluminadas por néon. A harmonia flutua em ciclos lentos, sem resolução imediata, criando uma tensão elegante que nunca se desfaz completamente. Há um equilíbrio entre o corpo e a máquina, como se a faixa fosse um sistema emocional operando em linguagem de código.
O espaço sonoro de ‘the sixth‘ é tão importante quanto o som. Os vazios falam. Os silêncios respiram. É nesse jogo entre o que se ouve e o que se espera que a faixa encontra sua força: não na grandiosidade, mas na minúcia. É trilha sonora para uma cidade invisível, para uma madrugada longa demais, ou para pensamentos que preferem não ser ditos em voz alta.
Lançada pela Aubox Records, ‘the sixth’ reafirma lesssound como um arquiteto de atmosferas. Um artista que constrói com sinais e pulsações aquilo que, no fundo, é pura linguagem do invisível. Uma faixa que não exige — apenas existe, e convida o ouvinte a existir com ela.
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