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Meu primeiro play: A estreia de DJs nacionais no palco

Encerrando nossas comemorações do dia 09 de março, convidamos alguns DJs para nos contarem como foram as suas primeiras gigs. Confira:

Gianni Petrarca

Se você é artista, independente do seu segmento, com toda certeza lembra a primeira vez que subiu ao palco e/ou apresentou-se a um público. Pode ter sido pra 5, 10, 200 ou 10 mil pessoas, quem sabe, mas o nervosismo da estreia, a tensão, o medo de tudo dar errado, aquele friozinho na barriga, entre outras tentas sensações, são iguais para todos, não há como negar.

Hoje, dia 09 de março, Dia Mundial do DJ, convidamos alguns DJs que nos contaram como foi a sua primeira gig. De relatos breves a completos reviews, vamos viajar no tempo e revisitar aquela noite que marcou a carreira deles e com toda certeza, ficará eternamente em suas memórias. Confira agora como foi o primeiro play de Bhaskar, Cortez, Gianni Petrarca, Juliano Bortolato e Pirate Snake.

Bhaskar

Bhaskar DJ

Foi em 2004, na Psycholand em Brasília. Devia ter umas 400 pessoas na festa, uma pista considerável pra primeira gig! Lembro que eu e meu irmão (Alok), ficamos ensaiando o set que íamos tocar por meses, e ironicamente, o dj que tocou antes da gente queimou várias músicas que estavam no nosso repertório hahaha. Mas no geral correu tudo bem!

Cortez

Cortez

 

Eu fiquei pensando em contar sobre a primeira vez que comandei uma pista de dança em uma balada incrível no início da minha carreira, no Brasil, mas em 2019 resolvi começar tudo de novo, no Japão, então o episódio será um pouco mais recente.

Em novembro de 2020, a DJ e Produtora Ellen Angelucci, residente de baladas exclusivas em Tokyo, me convidou para tocar na festa da .OiDZ, no Cube Club. Foi uma festa com dois stages, onde o main floor seria transmitido online e o segundo era algo mais intimista. Foi a primeira vez que estava em um lineup composto de DJs de diversos lugares do mundo como Bélgica, Rússia, Japão, Filipinas, EUA, Espanha, Alemanha e Brasil. A festa foi em um bairro maravilhoso chamado Minato, perto do point dos afters infinitos de Roppongi Hills.

O club era em uma portinha que dava acesso ao subterrâneo no “padrão” que o underground exige e do jeito que a gente gosta. O meu desafio era apresentar meu estilo para um público totalmente diferente; isso, pessoalmente, foi muito importante e era exatamente o que eu buscava aqui no Japão. Levei em minha case com House e Tech House e foi a oportunidade perfeita para testar meus últimos lançamentos e mais três músicas inéditas, ‘Smashed My Heart‘, ‘Feel It‘ e ‘Work For Love‘.

Na semana do evento, os organizadores falaram quais seriam os setups disponíveis, onde eu me apresentei, tive o prazer de utilizar o Mixer MODEL1 do Richie Rawtin, minha reação foi de surpresa, ansiedade e felicidade por estar saindo da minha zona de conforto. É nesse momento que todos os cursos realizados fizeram a diferença, lembro que meu professor Will DB sempre me dizia para estarmos preparados com o setup que tiver na hora. Assim, consegui analisar o mixer estudando vídeos do Richie Hawtin e no dia fiquei mais tranquilo e bem feliz.

Assumi a pista às 2 horas da manhã com apenas quatro pessoas, onde uma delas era a Lígia, minha esposa. As pessoas começaram a migrar do main para o lounge onde estava tocando e a vibe foi ficando cada vez melhor. Foi um momento maravilhoso, cada vez que via o pessoal vibrando — principalmente com as músicas autorais — eu tinha mais certeza que aquela noite entraria para história!

Ver o sorriso das pessoas, os olhos fechados, os corpos dançantes, tudo isso criou uma atmosfera incrível, foi uma noite e tanto! Contando esse momento, cada detalhe das imagens aparecem vivas na minha mente. Ver a felicidade na expressão das pessoas, olhar para a pista e ver a reação que causei foi algo maravilhoso, neste momento não importa o idioma e a nacionalidade, todos entenderam a minha língua, que é a música.

Gianni Petrarca

Gianni Petrarca DJs

Acho que a primeira gig foi numa festa privada em um local próximo da Faria Lima, em São Paulo, quando eu tinha 19 anos. Não pensava naquele momento em carreira artística, era só uma vontade imensa de curtir a vibe. Já tinha uma boa noção de mixagem, mas a experiência de tocar para público e controle de “pista” é outra coisa.

Lembro que o set era deep house e o público curtia muito essa sonoridade na época. Toquei durante quase 1 hora sozinho e outras 2 horas fazendo b2b com outros DJs. A sensação daquele momento nunca saiu da minha cabeça, até hoje quando vou tocar ainda sinto aquela sensação boa de como foi na primeira festa.

Depois, cada gig te traz algo novo e você tem outras situações que marcam sua trajetória, como a primeira vez vendo seu nome integrando um line-up, tocando em eventos de grande público, e assim vai. Sempre tem um pouco daquele ar de estreia.

Juliano Bortolato

Juliano Bortolato DJs

Lembro muito bem da minha primeira gig. Ela aconteceu no extinto Tozen, em Campo Grande. Eu fui escalado para ser o primeiro DJ da noite, em uma festa que a headliner era a Mistress Barbara — uma responsa e tanto! Eu tava passando por aquele momento de ansiedade que é comum para todos, então fui mais cedo pro club pra me ambientar com o lugar, testar o som e os equipamentos, sentir o soundsystem… enfim, quando estava checando as músicas, um segurança da casa me aborda e pergunta se o carro que estava estacionando na frente do club era o meu, eu confirmei e ele disse: “Infelizmente bateram no seu carro, o motorista ainda tentou fugir mas nós conseguimos impedir”.

Então como se não bastasse ser a primeira gig, ainda me aconteceu isso. Fui lá fora, faltava algum tempo pra festa e eu tentei resolver a situação. Era um menor de idade que tinha pego o carro do pai escondido, então pensa no transtorno! Quando eu vi, restavam poucos minutos pra abertura do Tozen, eu ainda pretendia ir pra casa me arrumar, mas não dava mais tempo, tive que ficar direto para não perder o horário. Confesso que, por algumas vezes, pensei em desistir por não estar com cabeça, mas no fim encarei e  foi uma ótima gig, noite que certamente nunca vou esquecer.

Pirate Snake

Pirate Snake DJs

Eu toco desde 2001, mas a minha primeira gig mesmo, contratado e etc… foi somente em 2003, e foi muito engraçada e diferente. Um amigo era diretor do Bloco Nana Banana aqui em Brasília, do Chiclete com Banana. Essas micaretas / carnaval fora de época sabe. Ele estava precisando de um DJ para o camarote e teve a “brilhante ideia” de me convidar, só que eu tocava Psytrance.

Hoje em dia eu olho pra trás e penso… caralh* o que tinha a ver eu tocar Psytrance em um CAMAROTE de um carnaval fora de época?! Bem, naquele tempo esse estilo musical era a moda aqui e todo mundo curtiu, ainda bem!

Villain Mode

Villain Mode 1

No primeiro semestre de 2016, decidimos que gostaríamos de nos aprofundar mais no assunto discotecagem. Antes disso, costumávamos frequentar festas e eventos apenas para curtir. Certo dia, em uma conversa, eu (Kauê) comentei pro Lenon que gostaria muito de aprender e um dia trabalhar com isso, por coincidência ele tinha acabado de começar a fazer aulas particulares e disse que também tinha essa vontade.

Procuramos uma escola (NOISE) para que pudéssemos estudar bastante, pois já sabíamos que com isso poderíamos nos diferenciar e começar “do jeito certo”. Então 11 meses se passaram e no meio de tudo isso surgiu a ideia do projeto Villain Mode. Logo que fizemos nosso primeiro presskit, começamos a ir atrás de locais para nossa primeira gig e apareceu um bar na região do ABC paulista que trazia periodicamente DJs para se apresentar, alguns deles até já conhecidos.

Isso foi durante o curso, ficamos bem animados e ansiosos com a data, mas não tínhamos nenhuma noção do planejamento necessário e todos os imprevistos que poderiam surgir durante uma apresentação. Até fomos avisados por nossos mentores durante o curso, mas é aquele papo: ‘só se sabe quando sente na pele’ [risos].

Chegado o grande dia e não havíamos perguntado sobre setup e, sinceramente, nem sabíamos da infinidade de equipamentos que podíamos encontrar num dj booth. Lembramos que nosso mentor e brother Jazzy (NOISE) havia nos oferecido uma controladora para usar no dia e perguntamos se podíamos levar. Ele deixou e como já a gente já tinha um notebook, consideramos levar o nosso. O pior de tudo é que na hora não deu certo de ligar o equipamento que levamos e acabamos tocando com um par de CDJ 400 não muito conservadas e um mixer que nem lembro qual era [risos].

Não precisa nem dizer que a apresentação foi um fiasco, né? A soma de nervosismo e equipamento que não estávamos acostumados, mais a falta de experiência deu nisso. Mas serviu para corrigirmos os erros e conhecer como realmente as coisas funcionam. Voltamos a estudar bastante, passamos a conhecer mais equipamentos e a pensar em alternativas caso algo saísse errado. Dali em diante foi só alegria, imprevistos ainda rolam, mas sempre nos viramos muito bem.