Como um sussurro engolido por um grito interno, ‘DUSHA’, novo single de NEBESA, é o tipo de música que não se ouve — se carrega. Escute.
Primeira composição do projeto NEBESA, ‘DUSHA’ não é apenas a faixa que abre um álbum. É a faixa que abre uma ferida. Escrita há mais de quatro anos, ela condensa, em cada frequência, os traços de uma jornada pessoal marcada por rupturas, silêncios e reaprendizados. Há dor aqui — mas também há técnica. Como se o próprio processo de aprender a produzir, mixar e dominar sons tivesse sido também uma forma de domar sentimentos que não cabem mais em palavras. Ouça aqui.
A construção da faixa é íntima e deliberadamente imperfeita. Não porque falte acabamento, mas porque sobra humanidade. A voz, diluída em ambiências quase líquidas, canta versos que soam como mantras de autodefesa: “I don’t even care for you baby, like that”. Mas o timbre entrega o oposto — é a negação como grito disfarçado, como tentativa vã de apagar o que ainda pulsa. O instrumental acompanha em espirais contidas, com uma cadência que oscila entre anestesia e colapso.
‘DUSHA’ não tem pressa de se resolver. Ela não oferece catarse imediata. É canção para quem já passou da fase de explodir e agora tenta apenas seguir — mesmo que carregando tudo. Mesmo que dizendo que não liga mais, enquanto sangra em compasso lento.
Primeira faixa do álbum The Art of Losing Things, ‘DUSHA’ já anuncia a proposta do projeto: não esconder as perdas, mas torná-las audíveis. E no videoclipe, um teaser silencioso prepara o terreno para algo ainda maior — uma história contada em capítulos, onde cada música é um fragmento, um eco, uma tentativa de lembrar perdendo.
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