Como um encantamento que acalma e envenena ao mesmo tempo, ‘Addiction’, de ORIMUS, é som que embriaga com beleza e prende com precisão.
Na terceira faixa de seu álbum de estreia ‘MERAKI’, ORIMUS mergulha fundo nas contradições humanas, criando uma obra que não apenas narra — seduz. ‘Addiction’ se move como um ritual silencioso, onde a repetição hipnótica e os timbres ancestrais constroem uma atmosfera densa, sedutora, quase inescapável. É uma faixa que entende que o vício nem sempre grita — às vezes, ele canta. Ouça aqui.
Logo nos primeiros segundos, instrumentos de raízes asiáticas e do Oriente Médio se entrelaçam com elegância: cordas que soam como vento em deserto antigo, percussões com pulso espiritual e melodias que deslizam como se estivessem sendo lembradas em vez de compostas. Em torno disso, a produção eletrônica atua como uma moldura invisível, guiando o ouvinte sem interromper o transe.
A progressão é gradual, envolvente, construída com detalhes que só se revelam na escuta atenta. Há momentos de leveza quase meditativa, que cedem lugar a camadas mais densas e vibrantes, como se a música estivesse encenando o ciclo do desejo: a calmaria da entrega, o clímax da necessidade, o peso do retorno. Tudo cuidadosamente orquestrado para ecoar não apenas nos ouvidos, mas nas vísceras.
‘Addiction’ é uma faixa feita para atravessar. Um caminho sonoro onde tradição e tecnologia se encontram, não como opostos, mas como cúmplices. ORIMUS, em sua estreia, já demonstra domínio sobre a narrativa que não depende de palavras — apenas de sensações.
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