O Resident Advisor, site underground mais conceitual e respeitado do mundo, anunciou o fim da sua popular lista de djs. Saiba mais.
O underground sempre permanecerá underground, pelo menos é o que o editor chefe do site Resident Advisor deixou claro ao anunciar o fim de suas pesquisas para o ranking de Top DJ’s e Top Live Acts depois de uma década existindo. As pesquisas foram fonte de informações primordiais e alavancagem de books para dj’s underground, já que a lista do mainstream fica por conta da DJ Mag.
O RA anunciou a notícia através de suas redes sociais, explicando o pensamento por trás do fim de suas listas. Começando em 2006 como pesquisas exclusivas para colaboradores do site e aberta aos leitores em 2008, as pesquisas classificavam os 100 melhores DJ’s e os 40 melhores sets ao vivo por ano. Com o passar dos anos, o RA notou que os resultados das pesquisas se tornaram cada vez mais simplistas, a ponto de desconsiderar até as melhores mulheres do meio. Os resultados também permaneciam contraditórios para a maioria de seus leitores fieis, a ponto de ser considerada uma lista como a de sua colega de mídia, DJ Mag.
Leia o anúncio abaixo com a explicação do Resident Advisor em seu Instagram e logo após a imagem, a tradução na integra:
“Hoje, as decisões que tomamos podem afetar a cultura club e a música eletrônica, um mundo que amamos e onde esperamos que seja uma força do bem. É pensando nisso, que decidimos parar com as votações do Resident Advisor.
O RA fez seu primeiro ranking em 2006, com votos abertos apenas para os colaboradores do site. A ideia era simples: escolher os destaques daquele ano. Mais de 10 anos após o primeiro ranking, a ideia das votações ainda não as mesmas, mas os rankings e a cena em si, mudaram muito!
O que começou com a mais sincera intenção de reconhecermos nossos artistas favoritos e brindar o ano que passou, teve consequências mais sérias: a indústria deixou-se influenciar cada vez mais, usando a lista como parâmetro para line ups de eventos, cachês de artistas e a atmosfera da cena em geral.
Se nosso objetivo era refletir o ano passado na música eletrônica, nossas listas de DJ e Live Act de 2016 foram o ponto culminante desse sentimento: a homogeneidade dos resultados não representou a diversidade da cena.
Mais precisamente, a lista de DJ é esmagadoramente dominada por homens, maioria dos Estados Unidos ou Europa, enquanto a lista de Live Acts não conta com nenhuma mulher. Estas listas não representam a realidade da música eletrônica em 2016, uma cena onde incontáveis mulheres incrivelmente talentosas, tocaram em diversos clubs lotados todo fim de semana.
Ou seja, as listas falsificaram a realidade da cena e pior, elas ajudaram a reforçar alguns dos piores esteriótipos, como o homem branco favorecido, acima de todos. Estas são razões suficientes para fazermos uma mudança.
Este é um mundo que amamos, respeitamos e queremos que seja tratado com amor e respeito. Então neste momento, encerrar esses rankings e votações, é o melhor a se fazer.”
