Como um colosso sonoro que rasga o horizonte da calmaria, ‘HURRICANE’, de RIOT, irrompe como uma fúria cuidadosamente arquitetada.
Não há hesitação em ‘HURRICANE’. A faixa abre como quem segura a respiração: introdução melódica quase etérea, texturas filtradas em tons frios, vocais espectrais que flutuam como um prenúncio. Mas tudo é tensão. E como todo olho de furacão, esse centro calmo é apenas um intervalo antes da catástrofe. RIOT — dupla formada por Tom Davidson e Daniel Magid — dispara sua tempestade sonora com a precisão de um mecanismo militar: kicks que soam como aríetes, sintetizadores serrilhados em camadas densas, graves que esmagam com impacto físico. Ouça aqui.
A estrutura é pensada como um fenômeno climático: formação, escalada, destruição. Há momentos em que a produção se dobra sobre si mesma, distorcendo a própria base até colapsar em uma nova versão de si. O drop principal não chega — ele se impõe. E quando chega o segundo ato, o duo empurra ainda mais os limites, fundindo dubstep com nuances de metal progressivo em uma espiral de saturação harmônica que deixa a pista em suspensão.
A assinatura de RIOT é essa justaposição de extremos: melodia contra brutalidade, contemplação contra catarse. Em ‘HURRICANE’, essas polaridades não se anulam — elas se alimentam. Os vocais manipulados ecoam entre os golpes de sintetizador como súplicas digitais, quase humanas, quase mecânicas. Cada elemento é moldado para gerar não apenas som, mas uma atmosfera de colisão iminente.
Lançada pela Gud Vibrations — selo que carrega o peso de curadorias visionárias como SLANDER e NGHTMRE —, a faixa não é só um single. É um aviso. Um capítulo de transição dentro do universo sonoro que RIOT vem construindo há anos, desde suas colaborações com Kayzo e Dirtyphonics até o álbum de estreia que já ultrapassa 85 milhões de streams.
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