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LFERREIRA traz roupagem moderna à clássico dos anos 80

“Like a Fool” é um dos maiores hits do eterno Robin Gibb, que fez parte do lendário grupo Bee Gees.

Seguindo sua trajetória de crescimento no cenário eletrônico nacional, LFERREIRA fez nesta sexta-feira (02) sua estreia pela conceituada DEMMI Records. A primeira faixa pela gravadora brasileira é “Like a Fool“, uma releitura do hit homônimo de 1985 do eterno Robin Gibb.

Marcada por synths típicos dos anos 80, “Like a Fool” é uma das canções mais populares da carreira solo de Gibb, músico britânico que fundou com os dois irmãos o lendário grupo Bee Gees. Com a reconstrução oficial do DJ e produtor gaúcho, foi transportada diretamente ao contexto da house melódica e do tech house de 2022 — os arranjos foram todos modificados, a velocidade e a intensidade aumentadas e a voz do paulista Rick Rici caiu como uma luva.

“Escutava muito a versão original quando era criança e sempre quis fazer uma versão minha. Demorei um pouco para criar algo que eu realmente gostasse, afinal, se trata de um rework oficial de um clássico dos anos 80. Fiz um som para viajar, botar no carro e sair por aí. Indico a todos fazerem isso (risos)!”, conta LFERREIRA.

“Não faço música por fazer ou apenas para dizer que sou um produtor musical. Crio baseado na minha percepção do que é bom e vai funcionar. Quando o processo de criação é divertido, sinto que vai render ótimos frutos. Sinto que o meu diferencial é saber exatamente o que estou fazendo”, complementa o artista, que já dividiu palco com nomes como Bruno Be e ILLUSIONIZE e recebeu suportes de Chemical Surf e outros artistas nacionais e internacionais.

 

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Editorial

Disco Demolition Night: a noite em que a música eletrônica queimou

Mais do que bizarro, a Disco Demolition Night foi um verdadeiro atentado contra nossa música, a comunidade preta e LGBTQIA+.

O dia 12 de julho está pra sempre marcado na história da música eletrônica. Muitos podem não saber, seja por conta da idade ou por esse episódio ter sido tão bizarro, que merece ser esquecido, mas a Disco Music amargou uma noite em que milhares de LPs foram queimados, em meio a um campo de beisebol, por conta da inveja ao sucesso emergente da discoteca.

O gênero dançante que surgiu e ganhou forças no fim dos anos 60 até os 70, consagrou nomes reverenciados até hoje, como Donna Summer e assim como a house music (que viria a substituir a disco anos depois), nasceu entre as minorias. Eram as comunidades pretas, latinas e LGBTQIA+ que faziam ecoar a disco music e lotar as discotecas. O sucesso era tanto, que cada vez mais a música ganhava adeptos.

De música de “preto e viado” para Hollywodd. De Donna Summer a Bee Gees e John Travolta. As rádios, que até então eram dominadas pelo rock, passaram a tocar aquele som eletrônico, cheio de repetições, que promovia a liberdade e possuía músicas com muitos minutos de duração. Foi esse combo que fez com que Steve Dahl criasse verdadeiro ódio a Disco Music.

Steve Dahl

Juntando a fome com a vontade de comer, no dia 12 de julho de 1979, o time de beisebol estadunidense White Sox, que gostava de proporcionar experiência além jogo aos seus torcedores, resolveu promover a Disco Demolition Night. Aliados ao radialista Steve Dahl, eles queimariam, em pleno campo e após o jogo daquela noite, discos de vinil do gênero, por pura diversão. E assim fizeram.

O White Sox esperava uma média de 20 mil torcedores para acompanharem a partida e o evento bizarro, número que já era acima dos 15 mil habituais, mas uma multidão de 50 mil pessoas lotaram o estádio. Era tanta gente, carregando os LPs para irem à fogueira, que a organização do time não conseguiu coletar todos e os discos eram arremessados das arquibancadas. A música era totalmente desprezada.

Coincidência ou não, foi no ano de 1979 que a disco music viu seu declínio. Mesmo já não conseguindo manter o sucesso inicial, foi logo após a Disco Demolition Night que o gênero praticamente sumiu. A música, que conseguiu emplacar diversos artistas negros e que abraçava a comunidade LGBTQIA+, sofreu um grande atentado naquele ano.

Anos depois desse episódio grotesco, Steve Dahl afirma que jamais foi racista ou homofóbico naquela ação (será?) e que a Disco Demolition Night surgiu da faceta roqueira de Chicago e que cidade era diferente de Londres ou Nova York, lugares onde a disco era reverenciada. Há também o ódio pessoal, já que Steve foi demitido de uma rádio por negar-se a tocar aquela música dançante.

Este episódio que é até hoje, pra lá de esquisito, está registrado em vídeo e pode ser assistido no Youtube. Frases como “Disco Sucks” são ditas durante a partida, até a primeira explosão, por volta das 40 minutos até a dispersão do público. Se você quer passar um pouco de raiva, assim como a gente, basta dar o play logo abaixo. É um verdadeiro show de horrores.

Mas como a vida é cheia de reviravoltas, a mesma cidade que foi palco daquela noite, viu a música eletrônica se reerguer ainda maior e melhor. Assim como a fênix, que renasce das próprias cinzas, a Disco Music de lugar a House Music, mais uma vez pelas mãos de pretos, gays e travestis, nascendo no gueto e servindo como um gênero livre. Foi o queimar para o renascer.

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