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Ella De Vuono e Elisa Audi lançam ‘They Don’t Bother Me’ pela Diversall

Com uma roupagem mais old school, Ella De Vuono e Elisa Audi lançam ‘They Don’t Bother Me’, que promete fazer as pistas ferverem. Escute.

Por Inez Mustafa

Na segunda collab de Ella De Vuono e Elisa Audi, o clima enérgico, a identidade bem Old School, os timbres saturados são as grandes potências que deixam ‘They Don’t Bother Me’ conectada ao clima de volta às pistas que o Brasil tem vivido. A collab foi lançada pelo selo da produtora, DJ, professora Ella De Vuono, a Diversall Music. Elas nasceram para fazer qualquer pista de dança ferver.

Essa coprodução foi inspirada nas warehouse parties. “They Don’t Bother Me” foi feita despretensiosamente, de forma que tudo fluiu natural e rapidamente. As duas divas da música eletrônica se divertiram durante todo processo, energia que foi transmitida na música com maestria. A track é no estilo do Detroit Techno, com sonoridade crua, que tem a intenção de deixar a track mais suja. A vibe da collab é voltada para o Peak Time, bem divertida, e promove o caos frenético da pista que todo mundo gosta. Ouça:

Diversall Music

O selo nasceu para cultivar uma diversa gama de talentos e permitir que a fina sonoridade desses artistas sejam ouvidas ao redor do mundo. A Diversall é uma gravadora e promotora de artistas emergentes globais que queiram dividir conhecimento musical diverso, influências, experiências e perspectivas ao seu favor. Diversall é diferente do que se vê por aí. Música é a essência do que fazem, é a paixão e a admiração do selo.

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Mainstage

Vai ter mulher nos principais palcos de música eletrônica, sim!

Um manifesta em vídeo, comandando por Ella De Vuono e disseminado pelo grupo SOMUS, fala sobre a presença da mulher na cena musical.

Não existem muitas mulheres DJs e produtoras musicais no Brasil…’ Mito ou verdade? É a resposta para esta pergunta que traremos ao longo dessa reflexão.

É comum que afirmações como essa acima sejam feitas quando questionamos o porquê da ausência de projetos femininos nos line-ups dos principais clubs e festivais do país. Num mercado estruturalmente comandado e feito por homens, a presença das mulheres na cena eletrônica, seja na linha de frente, em cima dos palcos ou no backstage, ainda é infinitamente inferior quando comparada a de homens.

Cientes de que o privilégio masculino abre portas para que os DJs e produtores homens tenham muito mais oportunidades que as mulheres, um time de artistas brasileiras se une em manifesto: o grupo ‘SOMUS’ disseminou na última segunda-feira (13), um vídeo em que 65 DJs e produtoras musicais brasileiras mostram sua técnica, música e sua história, tudo isso, somado ao desejo de transformar a realidade do music business que fazem parte.

Nesse manifesto em formato de vídeo, idealizado e comandado pela DJ e produtora musical Ella De Vuono, em parceria com Bruna Antero, co-fundadora do site WE GO OUT, 65 mulheres respondem através da música perguntas ainda recorrentes:

‘Será que existem produtoras musicais no Brasil?’ Existe!
‘Tem DJane experiente capaz de comandar as pistas de dança mais exigentes?’ Tem!
E DJane que toca com vinil ou faz liveset? Tem também, e não são poucas.

Tem mulher com mais de 20 anos de carreira e tem DJane de diversas vertentes: House Music, Tech House, Techno. E também tem DJane Open Format, pra ninguém falar que falta alguma coisa. Elas também estão no comando de clubs, labels e editoras… em sua diversidade, todas essas mulheres têm algo em comum: a busca pela equidade de gênero nos palcos Brasil afora.

“Viemos para questionar esse ‘status quo’ de que não existe mulher na música eletrônica, e de que participamos apenas ‘por cotas’. Queremos reconhecimento e valorização artística e profissional.”

A intenção do coletivo é clara: tomar a parte do espaço artístico que lhes compete e garantir que as oportunidades sejam as mesmas, independente de gêneros.

Quando essas mulheres se unem e trazem provas concretas com dados e fatos para as perguntas e justificativas ainda recorrentes por muitos players do mercado, elas se fortalecem e transformam a realidade que as cerca. Juntas, elas não apenas somam conquistas e milhares de histórias para contar (além dos milhões de plays nas plataformas de streaming), como também abrem espaço para que a próxima geração de talentos possa vivenciar uma realidade mais justa, um caminho mais claro e com mais chances de realização.

Não existe espaço para mulheres DJs e produtoras musicais no Brasil…’ Mito ou verdade? Deixamos a resposta com vocês, no vídeo abaixo:

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Descubra

Descubra: Bruno Afterall

Com apenas dois lançamentos oficiais, artista mineiro, Bruno Afterall, surpreende pela qualidade, originalidade e riqueza musical.

Lançado recentemente pela Diversall Music, de Ella De Vuono, ‘Batuque Sideral‘ é o primeiro EP e o segundo lançamento oficial de Bruno Afterall — projeto do DJ, produtor e professor mineiro Bruno Amaral. Com duas músicas — ‘Sanfona Sideral‘ e ‘E-jexá‘ —, o disco mostra um artista de grande potencial, originalidade e riqueza musical, misturando estilos como house, trance, baião e o ritmo africano ijexá.

Para saber mais sobre a obra e seu criador, trocamos uma ideia com Bruno.

Beat for Beat – Bruno, queremos saber mais sobre sua história. Quem é Bruno Amaral, de onde veio, do que se alimenta? Qual sua história e trajetória na música? Quando e como o projeto Bruno Afterall foi criado?

Bruno Afterall – Bruno Amaral é um instrumento musical ambulante e de cores fluorescentes. É o conjunto das histórias e memórias que carrego comigo. Me alimento de sorrisos, alto astral, energia positiva e música eletrônica compromissada.

Minha história com a música é uma típica história de amor contemporâneo: eram os anos 2000. Caí de paraquedas em uma festa rave e me apaixonei. Tive um relacionamento sério com o psytrance por quase dez anos. Terminamos em 2014, depois de uma viagem para Europa. Eu estava cansado da mesmice. Estava tudo previsível demais. Os mesmos breaks, os mesmos drops, os mesmos vocais falando sobre LSD e viagens astrais, os mesmos baixos em triplets (SOS!).

Em Berlim, tive um affair com o techno, mas foi no retorno ao Brasil, nas festas da Masterplano, que reencontrei o amor, nos braços da house music. Hoje, temos um relacionamento aberto e saudável. Com o refinamento das pesquisas e o consequente amadurecimento musical, descobri sonoridades que me atraíam em diversos gêneros musicais.

Bruno Afterall existe, oficialmente, desde 2018. O nome Afterall, dentre outras subjetividades, faz referência aos after hours — meu momento favorito das festas. A vibe do after condensa a identidade desse projeto.

Quais você diria que foram os melhores momentos de sua carreira até aqui?

Bruno Afterall – Tocar na minha festa favorita — Masterplano — em um B2B no Carnaval com um dos meus maiores ídolos, o inigualável João Nogueira, foi, definitivamente, um dos momentos mais marcantes da minha jovem carreira.

Atualmente, vivo minha melhor fase. Muitas coisas plantadas ao longo do tempo de reclusão da pandemia estão começando a dar frutos: artistas que eu admiro reconhecendo o meu trabalho, lançamentos a todo vapor e meu coletivo de festas prestes a nascer para o mundo…

Bruno na Masterplano

Você também é cantor. Já chegou a se apresentar no formato live? Pretende seguir apenas com ele, ou intercalá-lo com os DJ sets? E qual sua expectativa para poder se apresentar ao público novamente?

Bruno Afterall – Tenho um fascínio enorme pela música de improviso e jam sessions. O engajamento e a interação proporcionados pelas sonoridades criadas no calor do momento têm uma magia diferente do DJ set. Portanto, existe, sim, uma vontade em trazer esse tempero da voz e outros instrumentos, não de maneira intercalada, mas sim interligada aos meus DJ sets. Me interesso pelo hibridismo das coisas. Venho, há algum tempo, aprimorando minhas habilidades com o live looping, utilizando uma loop station, e aos poucos vou encontrando esse caminho.

Além de tudo, você ainda dá aulas particulares de produção musical e discotecagem, e leciona para crianças, não é mesmo? Conte mais sobre isso, por favor.

Bruno Afterall – Lembra da sua professora da primeira série, que ficava o tempo todo com a turma, que ensinava o bê-á-bá, que contava histórias, que trabalhava a ideia de centena, dezena e unidade, que fazia roda e cantava parlendas? Eu sou essa professora. Risos!

Trocando em miúdos, sou professor de educação básica de uma turma de segundo ano do ensino fundamental, em uma escola renomada de Belo Horizonte. Sou formado em Pedagogia e Biologia. Ao longo da minha trajetória acadêmica, sempre estudei, paralelamente, a produção musical.

Nesse extenso percurso autônomo, pude identificar algumas lacunas em comum na metodologia e na didática das inúmeras aulas e cursos ministrados por muitos bons produtores e DJs. Para quem está no início do processo, ser apenas um bom produtor ou bom DJ, não basta. É preciso ser um bom professor!

Percebi, então, que era hora de oferecer a minha visão acerca do tema que eu mais amo nessa vida. Hoje eu ofereço, de forma divertida e entusiasmada, um percurso de introdução à produção musical e à discotecagem, destinado a quem tem pouca (ou nenhuma) experiência e muito interesse sobre esse universo!

Bruno durante uma contação de histórias

Por você dar aula de produção e pela qualidade e originalidade que podemos perceber nos seus primeiros lançamentos, é notável que você já tem um bom tempo de maturação nesse campo. Foi só em 2021 que você se sentiu confortável em lançar oficialmente suas primeiras músicas?

Bruno Afterall – Foi um processo lento. Muita auto sabotagem no meio do caminho. Eu não terminava as minhas músicas. Depois de avançar nos meus processos internos, de aceitar o fato que nem tudo vai sair perfeito e que algumas pessoas não vão gostar da minha música, eu virei a chave e comecei, finalmente, a terminar minhas tracks, e aí as coisas começaram a fluir. Hoje, eu já não vejo a hora de ganhar o meu primeiro hater. Risos!

Vi que você também fez um processo de mentoria com o onipresente L_cio para ‘Guarapan’. Como foi isso?

Bruno Afterall – Laércio passou o carnaval de 2020 em BH. Nos conhecemos por causa da Masterplano e desde então, trocamos algumas figurinhas. Com a pandemia, ele resolveu oferecer o trabalho de mentoria musical online para outros artistas, como alternativa às restrições impostas pelo isolamento.

Nesse trabalho, eu apresentei alguns projetos em desenvolvimento e ele escolheu ‘Guarapan‘. Na mentoria, L_cio te ajuda a lapidar e avançar em todas as etapas do processo para finalizar uma música com qualidade. Trabalhamos composição, arranjo e mixagem.

‘Guarapan’ saiu em abril, na coletânea mineira “CurraL 001”

Como rolaram os lançamentos pela CurraL e agora pela Diversall Music? Foi por iniciativa sua ou convite?

Bruno Afterall – A rainha Ella de Vuono estava com o radar ligado na busca de novos artistas. Ao consultar o L_cio, meu nome apareceu, graças ao trabalho de mentoria, que me deu a oportunidade de ter minhas músicas escutadas por ele. O resto é história…

Com a CurraL, Omoloko reuniu os produtores e produtoras de BH em um grupo de WhatsApp, de forma orgânica e despretensiosa, com a ideia de uma coletânea para fortalecer os laços entre a turma da produção musical mineira. Era aberto a quem quisesse participar. Toda essa projeção alcançada pela coletânea, bem como o patrocínio, vieram depois…

Suas músicas trazem uma mistura bastante plural de vertentes diversas da música eletrônica, como organic house, minimal, downtempo, trance e IDM, e ritmos étnicos do Brasil e da África. Você parece ter um profundo conhecimento musical e histórico das raízes do Brasil. Quais são suas principais referências?

Bruno Afterall – Quem me dera. Não sou tão erudito assim. Meu conhecimento é superficial nesse aspecto. No entanto, eu me interesso por ritmos. Gosto de destrinchar os ritmos musicais (brasileiros ou não) no software de produção musical. Analiso as células rítmicas e tento reproduzi-las na DAW. Foi de uma dessas brincadeiras que nasceu o “Batuque Sideral”.

Minhas referências brasileiras são as básicas, porém, fundamentais: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Luiz Gonzaga.

Você pode compartilhar conosco quais foram os samples de baião e ijexá utilizados para “Batuque Sideral”?

Bruno Afterall – Em termos de ritmo, tudo foi recriado do zero. Fiz uma análise da estrutura e dos instrumentos principais utilizados em cada um dos ritmos, e com a ajuda do YouTube, recriei a célula rítmica no programa de produção (DAW), utilizando meus samples de bateria e percussão.

Já na parte melódica, “Sanfona Sideral” utiliza de um sample da sanfona de Luiz Gonzaga na faixa “Sanfona Sentida”, composta por Dominguinhos.

Seus próximos lançamentos também devem vir nessa pegada? É possível dizermos que essa mistura sonora será a marca registrada de Bruno Afterall?

Bruno Afterall – O hibridismo é a minha praia. Nesse momento estou mergulhando de cabeça no tech house old school. Esperem por uma onda bem mais pra cima, energizante, com muito flanger e sem firulas.

Qual você diria que é o seu objetivo primordial enquanto artista?

Bruno Afterall – Irradiar, em forma de música, o alto astral que emana do meu ser.

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Agenda

Unidos do BPM fará super carnaval virtual com 3 transmissões na Twitch

Bloco pioneiro no carnaval eletrônico de São Paulo, o Unidos do BPM troca as ruas pelas plataformas digitais nas festividades de 2021.

Não é novidade para ninguém que em 2021 o carnaval não será o mesmo. A maior festa popular do país precisou adiar seus planos por conta da pandemia que ainda assola o mundo, mas isso não significa que a folia será deixada de lado. Adaptando-se aos modelos atuais, diversos blocos farão suas festas de modo virtual e o Unidos do BPM será um deles.

Pioneiro no carnaval paulistano, o BPM foi o primeiro bloco a levar música eletrônica para a folia carnavalesca em 2016. Hoje, 6 anos depois de sua estreia e após desfiles que fizeram ecoar house e techno pelas ruas do centro velho de São Paulo, o bloco fará um desfile virtual, levando para dentro de nossas casas sua magia e filosofia: Fazer todo mundo dançar!

A programação do Unidos do BPM, para este ano, contará com 3 transmissões: na segunda-feira (15), rola o warm up, com uma live de 3h a partir das 21h, direto da Galeria Olido e com curadoria da jornalista Claudia Assef; no sábado (20), a concentração começa às 12h, quando o bloco participa do Festival Tô Me Guardando, organizado pela Prefeitura de São Paulo e em seguida, às 15h, o “desfile” principal + after, com duração até às 23h. Tudo online e de graça!

Gravação Unidos do BPM 2021

Claro que para uma sequência de transmissões como essa, um time de peso foi escalado e nomes já conhecidos do público do BPM, farão parte do line-up. No dia 15, Rafael Moraes e Lika Marques abrem os trabalhos; Ella De Vuono comanda a concentração do dia 20 com um long set especial; Já o desfile principal contará com a participação de Magal, Benjamin Ferreira, Lindagreen, Rubens Torati e PR.A.DO, que apresenta-se também no after ao lado de Bruno Matos, idealizador do BPM.

Todas as transmissões serão gratuitas e através da Twitch. Para assistir, bastará acessar o link oficial do canal da Galeria Olido, para a live do dia 15,  clicando aqui e no dia 20, a transmissão acontece no nosso canal, que você acessa clicando aqui. No Facebook, você pode entrar no evento oficial e ficar por dentro de todas as informações e novidades do Unidos do BPM 2021.

SERVIÇO:

Unidos do BPM #6 – Live

Warm Up:
15 de fevereiro (segunda-feira)
Das 21h à 0h
Line: Rafael Moraes e Lika Marques
Local: Twitch da Galera Olido (https://www.twitch.tv/centroculturalolido)

Festival Tô Me Guardando:
20 de fevereiro (sábado)
Das 12h às 14h
Line: Ella de Vuono (long set)

Bloco Principal + After:
20 de fevereiro (sábado)
Das 15h às 23h
Line: Magal, Benjamin Ferreira, Lindagreen, Rubens Torati, PR.A.DO e Bruno Matos

Local: Twitch do Unidos do BPM (https://www.twitch.tv/ubpm)
Grátis

As gravações para as transmissões, bem como a live da Galeria Olido, seguem os protocolos sanitários de prevenção a covid-19.

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Mainstage

WME Conference realiza a edição online RMX. Confira a programação:

Adaptando-se para o “novo normal”, o WME Conference, que tem a mulher como foco principal, realizará uma edição virtual, a RMX. Saiba alguns detalhes:

O ano de 2020 afetou drasticamente diversos eventos em todo mundo e não só as festas e festivais. Reuniões e conferências importantes, também tiveram suas edições canceladas ou transformadas em digitais e uma das mais importantes da cena musical nacional, também optou por uma versão online: a WME Conference.

Idealizada pela jornalista Claudia Assef e a produtora cultural e advogada Monique Dardenne, a conferência tem a mulher como centro das atenções. Anualmente, a conferência reúne grandes profissionais da música brasileira em suas diversas formas e mesmo sem poder realizar o evento que foi programado para março, Claudia e Monique optaram pela WME Conference RMX, com painéis online.

Serão mais de 70 artistas, que participarão dos 3 dias de evento, 18, 19 e 20 de setembro, divididas entre 15 painéis e 8 oficinas, além de 8 shows gratuitos. Personalidades como Teresa CristinaNegra LiRoberta MartinelliLetruxSarah OliveiraMahmundiLuísa SonzaKarol ConkáPreta Rara farão parte da programação, que conta ainda com grandes DJs da cena eletrônica, entre elas Ella de Vuono, Cashu, Eli Iwasa. A madrinha deste ano da conferência é a cantora Daniela Mercury. Confira a programação completa aqui.

Os ingressos para a WME Conference RMX ainda estão a venda e você pode adquirir o seu clicando aqui, seja para um dos dois dias separados (18 e 19) ou ambos no mesmo ingresso. O domingo, dia 20, será um evento gratuito e aberto para todo o público, com shows nas redes sociais. Não perca!

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Editorial

Divas por uma Diva: Ella De Vuono e o orgulho em forma de música

Mulher cis, lésbica, DJ, produtora e um verdadeiro ícone na comunidade LGBTQIA+ da música eletrônica. Veja nossa entrevista com Ella De Vuono.

Foto: RECREIOclubber

Uma grande amiga do Beat for Beat, Ella De Vuono dispensa imitações. Uma das grandes artistas LGBTQIA+ do Brasil, Ella contou pra gente um pouco sobre sua luta em nossa comunidade, falou sobre preconceito e aceitação, além de criar uma playlist super especial, que celebra a diversidade.

Confira agora nosso papo com Ella De Vuono, convidada da #PrideWeek 2020.

Beat for Beat – Oi Ella, muito obrigado por conversar com a gente nessa semana tão especial. Pra começar, conta pra gente: você já sofreu algum preconceito ou dificuldade para agendar gigs, por conta da sua orientação sexual? 

Ella De Vuono – Oie, é sempre um prazer falar com vocês! Obrigada vocês por lembrarem de mim e darem visibilidade ao meu trabalho.

Olha, felizmente nunca sofri preconceito em gigs no meio da música eletrônica (clubs e festas), mas teve um job em especial, que era para tocar em um evento corporativo e o cachê era super bom, que fiquei sabendo que não me escolheram por ser lésbica. Segundo o responsável, ele tinha medo que eu desse em cima das mulheres no local. Acredito que esse julgamento dele, deve partir de suas próprias atitudes.

Ser uma mulher cis, lésbica, traz em sua essência a hiper sexualização do seu corpo e até das suas relações, visto que muitos homens ainda possuem fetiche em casais. Você já sofreu assédio ou passou por alguma situação desconfortável, por conta disso?

Ella – Essa é a minha vida. Posso contar no dedo quantas vezes sofri preconceito por ser lésbica, mas as vezes que fui assediada por conta disso, são incontáveis. Por isso que eu e minha namorada não “baixamos a guarda” para nenhum homem que se aproxime, não perdoamos nenhuma “brincadeirinha”, não deixamos passar nenhuma insinuação. A gente já corta no ato, porque simplesmente não toleramos.

Na grande maioria das vezes, um “elogio gentil” (entre muitas aspas) acabou sendo um assédio disfarçado e os homens queriam mesmo tentar alguma coisa. É complicado, pois se não damos moral, somos metidas e arrogantes. Se damos, é que estamos dando mole e queremos ir pra cama com o fulano. Então simplesmente não tem papo. Fez brincadeirinha, eu corto.

Ella De Vuono na Levels

Podemos dizer que assim como no futebol, a música eletrônica transformou-se num ambiente em que se assumir é algo raro e que muitos artistas têm medo do que pode acontecer após “saírem do armário”? Você acha que ainda é necessário se esconder tanto, em pleno 2020 e a que você atribui esse medo todo de dizer quem você realmente é?

Ella – Primeiramente, acho que não existe uma comparação plausível entre música eletrônica e futebol. A música eletrônica surgiu dos guetos, das minorias, dos negros, dos homossexuais, dos excluídos. Liberdade é a palavra de ordem em meio a música eletrônica. Se tem um lugar no mundo que eu nunca nem pensei duas vezes para ser quem eu sou, é em um club, em uma rave.

Lembro no começo, quando me entendi como lésbica (2005), eram nas raves que a gente podia se beijar em público, que a gente podia ser um casal sem medo, mas ainda assim rolavam assédios. Acho que só fui parar de ser assediada em festas como a Carlos Capslock, Gop Tun, Mamba Negra, etc.

Eu acho que nunca é necessário se esconder, nem em pleno 2020 e nem nunca. Acredito que o medo vem de diferentes lugares dependendo da história de vida de cada um, mas ao meu ver, se somos aceitos pela nossa família desde sempre, então esse medo é muito mais fácil de enfrentar em qualquer lugar.

Ella De Vuono na Carlos Capslock

Você é uma verdadeira militante da causa LGBTQIA+. Como DJ, você busca tocar artistas da nossa comunidade, dentro dos seus sets? Além de atos, como você passa a mensagem de respeito durante suas apresentações?

Ella – Sempre que eu posso, toco músicas de artistas que se enquadram nas “minorias”, mas isso não é um fator fundamental para mim. Pois na questão musical, eu levo em consideração a música e apenas ela, gênero, orientação sexual, etnia ou raça, não é determinante.

Minha mensagem é passada de diversas maneiras, visualmente na minha performance, roupa e maquiagem. E na minha música, tanto nas minhas produções que são carregadas de mensagens que trazem diversas questões sociais, quanto em acapellas aplicadas em cima de outras músicas, seja trecho de discursos, ou de entrevistas ou até mesmo de alguma outra música.

Foto: RECREIOclubber

Na playlist que você criou pra gente, você colocou grandes artistas LGBTQIA+, além é claro, das Divas supremas, como Madonna, Cher, Diana Ross. Qual o tamanho da influência dessas artistas no seu trabalho e como você tenta traduzir isso no techno?

Ella – Amo! A influência dessas mulheres é gigantesca na minha carreira, meu amor pela Madonna é super escancarado, todo mundo que me acompanha sabe. Para mim, essas mulheres e muitas outras como Nina Simone, Grace Jones, Rita Lee e Maria Bethânia por exemplo, são uma inspiração de que não se separa a artista da pessoa. Que ser uma figura como elas, está sim, em suas atitudes e valores. Que nossa arte tem que ir de encontro com nossos valores e posicionamento.

Eu sempre jogo uma acapella da Madonna, da Lady Gaga, Cher e até da Leandra Leal em cima de algum techno ou house. Além disso, tenho músicas autorais com trechos de entrevistas ou discursos delas também.

Podemos dizer que hoje, o techno é a cena mais inclusiva da música eletrônica. São cada vez mais comuns, festas em que os corpos são livres e podemos ser quem realmente somos. Qual a sensação de fazer parte de um coletivo que foi um dos grandes responsáveis por essa revolução de liberdade de expressão?

Ella – A sensação é de orgulho e pertencimento. Eu amo a Carlos Capslock e já amava sendo apenas frequentadora, depois que entrei para o coletivo como residente, eu pude ver que essa mensagem é realmente genuína, que eles realmente se importam com a cena, com os frequentadores e com todo o staff. Acho que um exemplo disso que estou falando, é a Vakinha que a Capslock está fazendo para conseguir alguma renda para todo o staff que ficou sem trabalho com o cancelamento de todas as festas deste ano.

Como eu já citei acima, nunca esqueço da sensação de alívio que tive de passar uma festa inteira curtindo numa boa sem ter sido assediada. E quem educa parte do público que não recebeu tal educação de berço, é a festa.

Pra finalizar, o que a Rafaella diz todos os dias, para a Ella De Vuono? O que move a sua luta diária, para mostrar para o mundo, que todos somos iguais? Obrigado!

Ella – Acho que a Rafa fala assim: Ella, beesha cê tá arrasando! Continue assim porque eu dependo da senhora pra viver!

O que me move é exatamente a inconformidade de ficar calada. Como me calar diante de tanto ódio? De tanto preconceito? Me manter neutra é ser conivente com tudo de ruim, é medíocre, é raso. Parafraseando Bob Marley: As pessoas pessoas que tentam tornar esse mundo pior não tiram um dia de folga. Como eu vou tirar?

Obrigada você pelo espaço, espero que gostem da playlist.

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