Como primeiro lançamento do ano a label apresenta o EP “Upendo” de Djorge Cadete
Por Nicolle Prado
Quando o assunto é Afro House, a Seres Produções é uma das labels que mais se destacam na cena mundial. A gravadora angolana já tem uma trajetória de mais de 20 anos, que iniciou no Kuduro e depois se aprofundou na música eletrônica africana.
Graças à sua curadoria refinada, a label construiu um renome impressionante, estando presente ano após ano nos principais label charts do gênero. O primeiro lançamento do ano já está no ar e dá o tom do que podemos esperar da Seres nos próximos meses.
Para abrir os trabalhos de 2023, a label apresenta “Upendo“, EP do DJ e produtor angolano Djorge Cadete. O artista, que já tocou com grandes nomes da dance music, como Black Coffee, Djeff, Mobi Dixon e Ralf Gum, vem construindo uma carreira promissora dentro da linha Afro House.
Para este trabalho, Cadete apresenta uma sonoridade mais aprofundada, um Afro Tech envolto em synths arrojados e uma sutileza charmosa na percussão. Djorge constrói diversas camadas e texturas, como mostram as faixas “Opera” e “Star Wars“, Além disso, “Upendo” se desenvolve dentro da proposta de transmitir a ancestralidade e identidade cultural, objetivos que são atingidos com maestria em produções como “Adhiambo“, “Bashira” e a própria faixa-título. Ouça:
Que tal uma lista de lives que precisam ser assistidas, indicadas por quem entende do assunto? Então se liga nessas sugestões!
Que as lives foram uma das sensações e até mesmo válvulas de escape durante essa quarentena eterna, já não é mais novidade. Pensando em revistar alguns dos destaques – que foram muitos, dos últimos meses, convidamos Rodrigo Ferrari, Mezomo, Touchtalk, LuizFribs e Villain Mode para indicar alguns streamings imperdíveis que rolaram recentemente.
Rodrigo Ferrari
Rodrigo Ferrari vem entregando um trabalho de alto nível há quase três décadas, já que começou discotecando no início dos anos 90 e, inclusive, foi o primeiro brasileiro a tocar no main room da Pacha, em Ibiza. Como produtor já lançou por Get Physical, Selectechouse, Whoyostro Records e Deeplomatic, com suportes de Richie Hawtin, Marco Carola e muitos outros. Fã de carteirinha de House Music, ele nos recomenda a live de Natasha Diggs.
“Tenho gostado muito das lives da Natasha Diggs, principalmente as que ela faz de seu apartamento em NYC, em meio a sua coleção de discos. Eximia pesquisadora, sempre surpreende e me faz aprender um pouco a cada live. Então, aproveitem a aula”.
Ganhando cada vez mais destaque no cenário do Afro House, principalmente após lançamentos por Get Physical Music, Cocada e Seres Produções, Mezomo vem trilhando um caminho de sucesso, tanto que chegou a alcançar mais de 200k plays na sua música ‘Novo Dia’, que recebeu remix até mesmo de Floyd Lavine. Surfando nessa onda das batidas Afro, ele nos indicou uma live em dose dupla, de Andhim & Matthias Meyer:
“Tenho conferido a nova série de lives do club Watergate, chamada WatergateWorldWide. A última que gostei bastante foi a edição com Andhim & Matthias Meyer, justamente porque ambos fazem essa integração entre gêneros de forma fluida e natural… às vezes House, influências Afro, um pouco Disco, um pouco Melodic Techno. Recentemente também teve uma com SuperFlu & Minco que foi demais”.
Oito anos de estrada, uma bagagem repleta de experiências e apresentações emblemáticas em grandes clubes e festivais do país como Tribe, XXXPerience, Tribaltech, Universo Paralello, Warung, D-Edge e Club Vibe, o Touchtalk sem dúvidas é um dos grandes nomes do circuito underground. Hoje Gabriel Castro e Estevão Melchior transitam entre atmosferas do Techno melódico e Indie Dance, inclusive ganhando suporte de Solomun, Township Rebellion e Sharam Jey. Aqui cada um deles nos indicou uma live:
Gabriel Castro: “Gostei muito da live do Adriatique nos alpes suíços dentro de um helicóptero. Me chamou a atenção pelo fato do grau de dificuldade de tocar, mixar e passar o som para ser transmitido dentro de um helicóptero em movimento. A live passou para o público uma experiência inovadora, sem contar o visual incrível”
Estevão Melchior: “Das últimas que assisti, gostei bastante do B2B da Perel com Kim Ann Foxman no The Lot Radio. É interessante como elas mesclam diferentes gêneros musicais durante o set sem perder a dinâmica. Dos sons mais atuais aos clássicos. Sem contar que elas criam um clima bem descontraído durante o B2B. Foi bem divertido assisti-las em ação”.
No ano passado, o TouchTalk foi convidado pelo Burning Man para gravar uma live transmitida representando o palco The Fluffy Cloud, confira: https://youtu.be/HQfi3fNvgac
LuizFribs
Techneiro de mão cheia, principalmente mais pro lado do acid/hard Techno, LuizFribs tem alcançado cada vez mais conquistas como produtor. Já lançou pela label portuguesa trau-ma, pela brasileira Nin92wo, pela italiana Autektone Records — onde recebeu suporte de Deborah de Luca — e mais recentemente pela IAMT, label comandada pelo por Spartaque. Então pode esperar uma live pesada indicada por ele:
“Meu streaming favorito dos últimos meses foi o set do Hadone durante o EXHALE Together, que rolou no final de fevereiro. O evento todo foi muito bom, mas o set dele em especial trouxe uma energia e uma estética sonora que gosto muito. As mixagens e a seleção musical foram fantásticas. Deu uma vontade enorme de estar ali no front curtindo!
Além disso, teve um momento em que ele tocou a faixa ‘The Wolves’, do Manni Dee que saiu pela Perc Trax, e no mesmo dia, um pouco mais cedo, tinha rolado um workshop de produção que o Manni deu no Soma Skool 2021, e lá ele mostrou que o vocal usado na música veio de um vídeo que um amigo tinha mandado pra ele durante uma briga de bar, rs. Achei a história bem engraçada e fiquei com ela na cabeça, então na hora que o Hadone tocou a faixa, lembrei disso”.
LuizFribs também entrou para o mundo das lives. Confira também a mais recente gravada por ele: https://youtu.be/LEyRzYWsvnY
Villain Mode
O projeto surgiu em 2016 por Kauê Araújo e Lenon Silva. Desde o início a dupla teve um propósito bem claro de fugir de fórmulas prontas e tendências, decidiram então juntar seus backgrounds da Disco Music/Chicago House com a energia do Tech House para chegar em uma identidade sonora só deles. Então eles trazem pras produções autorais e sets vocais marcantes com influência de estilos como R&B, jazz e o soul, combinando isso com linhas de baixo potentes e muita energia, tanto que a live preferida deles mostra bem isso.
“A live que mais chamou nossa atenção foi a de comemoração de 10 anos da Mixmag Lab. Além de ser uma “chuva” de referências por ter grandes nomes da cena global, essa live é bem diferente por ter diversos artistas em vários lugares do mundo mixando na track do anterior. É quase um B2B gigante com cada artista em seu estúdio ou local escolhido.
Outra coisa que é bem legal é a transição que isso ocorre. Durante as mais de 4 horas, a live teve início com um belo house, passando por disco, tech house, techno e fechando com Sherelle (em Londres) tocando um jungle logo após a Nastia. Enfim… Vale muito a pena ver”
Lançado pela Seres Produções, da Angola, o EP ‘Oh Lua’, de Mezomo, traz influências de medicinas sagradas, budismo e cultura africana. Escute:
A curiosidade nos leva a novos lugares e a leitura serve como um meio de transporte perfeito para isso, nos ajudando a desenvolver o intelectual e nos abastecendo para criar raciocínios críticos e reflexivos. Foi assim que o DJ e produtor gaúcho Mezomo passou a conhecer mais sobre a medicina indígena sagrada, diretamente relacionada com a Ayahuasca.
A Ayahuasca, nome de origem inca (aya significa espírito ou ancestral e huasca significa vinho ou chá), é uma bebida sacramental feita de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi com as folhas do arbusto Psychotria viridis. A bebida é consagrada em diversos movimentos espirituais e é considerada medicina sagrada entre inúmeros povos indígenas da América do Sul, desde a pré-história.
Durante suas leituras, se deparou com os vocais da cantora carioca Cristina Tati, que grava sons para celebrações do Santo Daime. Foi o suficiente para abrir o caminho de uma produção que viria a seguir. ‘Oh Lua’ incorporou estes vocais e Mezomo ainda contou com a colaboração de Sonic Future, um produtor gaúcho de renome — os detalhes da construção da música foram compartilhados por Mezomo no YouTube:
‘Oh Lua’ EP ainda recebeu mais duas tracks originais: ‘Potala’ e ‘Exodus’, que dialogam com outras histórias, relacionadas ao budismo e à cultura africana. Com o disco finalizado, Mezomo apostou na Seres Produções, da Angola, para fazer o lançamento, gravadora que já lançou um álbum do duo brasileiro Drunky Daniels, além de singles de Boghosian, Fran Bortolossi e Althoff. O resultado você confere abaixo, além de poder comprar pelo Beatport ou Traxsource:
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