Categorias
Mainstage

The Week São Paulo encerra oficialmente suas atividades

Uma das baladas mais icônicas da comunidade LGBTQIA+, a The Week, fechou o espaço localizado em São Paulo, na Zona Oeste da cidade.

A pandemia fez mais uma vítima na cena eletrônica nacional e de quebra, na comunidade LGBTQIA+. A The Week, uma das baladas mais famosas da capital paulistana, seja pelo Tribal que ecoava nas pistas de todas as festas e pelo público ser majoritariamente masculino, encerrou oficialmente suas atividades em São Paulo. Comando por André Almada, o grupo que administrava a casa fez um pronunciamento nas redes sociais.

“A The Week sempre proporcionou alegrias e criou, a seu modo, um universo particular. Inovador, precursor e inesquecível. (…) Mas, infelizmente, os últimos dois anos de pandemia, como todos sabem, foram difíceis para o mundo e particularmente para o setor de entretenimento. Honramos todos os nossos compromissos até chegarmos ao inevitável: a venda de nosso espaço físico em São Paulo para uma construtora, impossibilitando a continuidade nesta retomada dos eventos” diz o comunicado.

Na ativa desde 2004, a casa recebeu grandes DJs do Brasil e do mundo, que abrilhantaram e agitaram as 3 pistas do club e sua famosa piscina, que juntos ocupavam uma área de 3.200 metros quadrados na Lapa, Zona Oeste de São Paulo e recebia um público estimado em 2.500 pessoas por fim de semana. A filial do Rio de Janeiro permanecerá funcionando e prepara-se para retomar seus eventos.

Categorias
Editorial

Sophia Mel, a drag que nasceu ao acaso, mas que pertence ao Tribal

Da primeira montação de brincadeira para hostess de balada, sets e pop e funk, até migrar pro tribal. Conheça a drag DJ Sophia Mel.

De dia, Dr. Bruno Avelino. De noite, Sophia Mel. Artista do Rio de Janeiro, Sophia nasceu entre uma brincadeira de amigos, começou a trilhar seu caminho na noite carioca, até que se viu conduzindo uma pista de tribal e acumulando milhares de plays no Soundcloud e por isso, a drag DJ merece destaque em nosso Pride Month.

A Sophia surgiu na minha vida meio que do nada. Eu, mesmo sendo um homem gay, por ser cis, acabava por ter receio de colocar em prática aquele estereótipo de toda ‘criança viada’ acabar se vestindo de mulher e gostar. Meus amigos sempre quiseram experimentar a arte da ‘montação’, até que em uma festa de Halloween, resolvi engolir meus próprios preconceitos e encarar a brincadeira.

A primeira montação de Bruno, prestes a criar sua personagem, foi bem amadora, realmente para experimentar, mas mal sabia ele que seria o início de um futuro com muita cor, badalação e claro, música eletrônica.

Eu e meus amigos compramos perucas daquelas bem vagabundas, umas roupas bem fuleiras, mas nos montamos, com a cara e coragem e posso dizer: foi horrível, péssimo, mas eu tomei gosto pela coisa. Já com o preconceito rasgado e jogado no lixo, percebi que eu gostava de assumir aquela figura feminina. Eu me sentia uma outra pessoa. Eu conseguia realizar aquela vontade que toda criança afeminada tem, de tornar-se uma mulher, mesmo que temporariamente. Eu realizei um sonho com a Sophia.

Sophia Mel em 2018

Assim como para muitas pessoas LGBTQIA+, “sair do armário” é algo complicado, mas Bruno precisou fazer isso duas vezes, afinal, era preciso assumir para sua família a existência da Sophia.

Eu lembro que comecei a me transformar na Sophia em outubro, escondido dos meus pais, até que no começo do ano seguinte, tornou-se algo corriqueiro. Assim como eu precisei criar um respeito pela minha drag, meus pais aprenderam a respeitar, admirar e até mesmo a acompanhar. De vez em quando até me acompanham em alguns shows.

Mas nem tudo são flores e enquanto para alguns, ter os pais apoiando o trabalho da Sophia hoje, parece ter sido algo natural, no fundo não foi bem assim. Enquanto a mãe aceitava o filho como ele era, o pai de Bruno não via a situação com os mesmos olhos.

O processo de aceitação, seja o fato da minha sexualidade quanto a existência da Sophia, por parte da minha mãe sempre foi tranquilo. Ela sempre deixou claro que queria que eu fosse feliz e fizesse o que tivesse vontade, sem precisar de ninguém, mas com meu pai a coisa não foi tão simples. Ele não digeriu muito bem e precisou de um tempo para processar a informação. Até mesmo a Sophia, quando ele percebeu que ela também era meu trabalho, aceitou melhor a personagem.

Foi preciso desmistificar para seu próprio pai, de que a Sophia Mel não era uma garota de programa, mostrando que a figura feminina assumida por Bruno era uma “recepcionista de balada” e que era um trabalho digno como qualquer outro. Foi ali que o relacionamento da música começou.

Eu comecei como hostess e presença VIP em uma balada do Rio de Janeiro, a Papa G e um dos produtores da casa, o Thiago Araújo, viu um potencial em mim, afinal, eu estava na casa pelo menos todas as quintas-feiras e ele sugeriu que eu me tornasse DJ, mas naquela época, de pop e funk. O pontapé foi ali.

É muito comum que amigos ajudem no processo de migração entre estilos musicais e com Sophia Mel não seria diferente. Uma fada madrinha, ou melhor, DJ madrinha apareceu na sua vida e colocou Bruno no caminho que ele trilharia: o tribal.

Após começar com o pop e funk, eu sentei com a Bruna Strait e ela me deu as primeiras aulas, desde como manusear uma CDJ ou usar o Rekordbox. Comecei engatinhando, colocando uma coisa mais eletro pop nos meus sets, uma vibe meio Summer Eletrohits, sempre puxando para a música eletrônica, até que a mudança foi natural e aceitei meu destino de ser uma DJ de tribal.

Ser frequentador da noite carioca também ajudou na criação do gosto musical de Bruno. Cliente assíduo da The Week, foi entre uma ida e outra no club que ele percebeu que o gosto havia mudado, de acordo com a pista que ele ficava na casa.

A The Week do Rio sempre foi um lugar muito badalado. Todos os meus amigos frequentavam e eu acabava indo junto, mas eu sempre ficava na pista Wallpaper, dedicada ao pop e funk. Eis que entre uma passada e outra pela pista principal, a batida começou a me chamar atenção e fui ficando na pista de tribal cada vez mais. Quando percebi, era ali que a gente ficava o tempo todo.

E o tribal entrou com tudo na vida da Sophia. Mesmo com pouco tempo de carreira oficial como artista do genero, ele já coleciona uma residência e números expressivos em seu Soundcloud, feito que muitos DJs demoram anos para conseguir.

Depois de presenciar uma apresentação inesquecível da Anne Louise na The Week e de perceber que eu não queria fazer parte daquela ‘máfia’ da cena pop do Rio, eu fiz meu primeiro set, o ‘Forró das Angels‘ e logo de cara foi um tremendo sucesso. Com quase 20 mil plays no Soundcloud, consegui em menos de um ano, ganhar um certo destaque na cena tribal carioca. As pessoas querem me ouvir e apreciar meu trabalho.

Como todo o restante do mundo, Sophia se viu no meio da pandemia e a carreira que já era curta, precisou ficar em standby até que os eventos retornem com força total. O recomeço promete ser grandioso, assim como sua ambição.

Após migrar do pop para o tribal, eu quero focar bastante na minha drag, quero me especializar ainda mais no tribal. Assim como tantos outros artistas, quero poder levar meu nome por todos os cantos do país e elevar ainda mais a arte drag. O céu é o limite!

https://soundcloud.com/sophia-mel-147109134/forro-das-angels-liveset-tribal

Categorias
Mainstage

Catdogz é a união de Cat Dealers e Dubdogz, que realizam live no sábado

O duo Cat Dealers, juntamente com Dubdogz, farão uma live neste sábado (27), a Catdogz, às 21 horas, em seus canais no YouTube.

Catdogz

A quarentena foi um período de redescoberta pra muitos artistas da indústria da música e com os duos Cat Dealers e Dubdogz, não seria diferente. Em março deste ano, Pedro, Lugui, Marcos e Lucas fizeram uma live B2B à distância e agora, está na hora de repetir o feito, dessa fez, de forma presencial.

Batizada de Catdogz, um trocadilho antigo com partes dos nomes de ambos os projetos e que inclusive, já rendeu uma track collab, a live dessa vez contará com uma estrutura bem maior, seguindo é claro, todos os cuidados e recomendações do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde). Serão algumas horas de música eletrônica da melhor qualidade, tocadas a 8 mãos.

Ambos os duos são familiares com as lives. Dubdgoz tem feito diversas lives em seu canal do Youtube, as DogPrivates e DogParties, enquanto Cat Dealers apresentou uma super produção recentemente, gravada na ARCA em São Paulo. A live Catdgoz acontecerá no próximo sábado (27), à partir das 21h e será transmitida no Youtube das duas duplas.

#LiveCatDogz
Data: 27 de junho (sábado)
Horário: 21h
YouTube: Cat Dealers e Dubdogz

Categorias
Editorial

Las Bibas from Vizcaya, a arte drag e o tribal como produto nacional

Ela começou tocando em Recife, até se transformar numa das pioneiras em levar a arte drag para as picapes. Leia nosso papo com Las Bibas From Vizcaya.

Las Bibas From Vizcaya | Foto: Renato Filho

Natural de Recife, Las Bibas from Vizcaya começou sua carreira ainda nos 80, atuando em clubs voltados a um público diferente daquele que a consagraria. Drag queen, DJ e produtora musical, ela carrega em suas músicas, a militância.

Representando a letra Q da sigla LGBTQIA+, confira agora a nossa entrevista com Las Bibas From Vizcaya para a #PrideWeek 2020 do Beat for Beat.

Beat for Beat – Olá Las Bibas, muito obrigado por conversar com a gente nessa semana tão importante para nós. Para começar, nos diga: como é ser uma DJ drag queen, na cena eletrônica nacional? Você ainda sofre muito preconceito ou resistência com relação a contratantes dentro e fora do mundo LGBTQIA+?

Las Bibas From Vizcaya – Dentro do mundo LGBTQI+ não mais, mas ate uns 3-4 anos atrás, alguns contratantes me olhavam atravessado, talvez por não pesquisarem sobre a minha trajetória ou o meu trabalho. Eu me aventuro em diversas aéreas: vídeo, podcast, na arte drag. Acredito que eles achavam que eu faria de tudo, menos tocar… bobinhos! (risos).

Fora do Universo LGBTQI+, quando eu tocava (hoje não mais), os contratantes eram mais antenados. Lembro de uma vez que toquei no  D-EDGE e o club fez uma mini matéria minha, na página deles, falando de mim e o meu trabalho como DJ.  Achei tão incrível que printei e guardo como um quadro de parede (risos).

Você é uma das pioneiras em levar a arte drag para as picapes, além de ser uma grande produtora musical. Você tem mais de 30 anos de estrada, já que começou em 1984. Como foi o começo da sua carreira, com relação a sua orientação sexual? Tem alguma coisa que você percebe que não mudou, mesmo depois de tantos anos?

Las Bibas – Eu comecei em clubs mais direcionadas ao público hétero, mas já estava fora do meu armário, porém  de maneira “discreta e no sigilo” (termo utilizado em apps de relacionamento). Eu não imagina que um dia, tocaria montado em drag e cá estou hoje.

Mesmo sendo gay, nunca tive problemas em casas/festas “ht”, mas resolvi migrar para os eventos LGBTQIA+ no início dos anos 90, ainda lá em Recife, minha cidade natal, quando a coisa começou a tomar mais forma. Pra vocês terem uma ideia, nos 80, em Recife, só existia praticamente 1 club LGBT e alguns bares, foi nos anos 90 que começaram a surgir vários clubs.

Mudou muita coisa de lá pra cá, mas algo que o público LGBT ainda tem, e que difere do público hétero, é fidelidade com um club, por exemplo. Nossa comunidade chegava a passar 5-10 anos na cena noturna e mesmo que hoje, gerações mudam a cada 3-2 anos, manter-se fiel a um local não mudou. Durante um mesmo ano, por exemplo, você consegue ver quase os mesmos rosto na pista, figurinhas carimbas e isso bom, pois você cria laços com o público e faz até amigos.

Las Bibas From Vizcaya na The Week

A comunidade LGBTQIA+ adotou o tribal como um dos seus gêneros preferidos e no Brasil, ele ganhou novas formas. Uma sonoridade diferente. Como é ser referencia na produção musical de um estilo que ganhou a cara brasileira e a que você atribui esse grande sucesso entre a nossa comunidade?

Las Bibas – A comunidade LGBTQIA+ sempre foi um gueto nos 70, 80 e 90, e sendo um gueto, a sonoridade sempre foi mais fechada e peculiar. Sendo assim esse som pouco mudou, pouco evoluiu e apenas se moldou a uma sonoridade atual, unido-se a outros estilos que a nossa comunidade consome, como o groove do funk, as percussões do samba e a energia da EDM. Até hoje, a música que consumimos segue essa linha, baseada em elementos clássicos e sobretudo nas divas e nos seus vocais.

Além do tribal, você usa elementos de outros gêneros, como o house, que é genuinamente LGBT. Como você vê a questão de um gênero que nasceu preto, gay, tornar-se algo das massas e perder um pouco da militância em cima da qual ele foi criado? Como você vê a importância de transmitir uma mensagem de liberdade de expressão através da música?

Las Bibas – Dentro da cena, meu som é um dos mais “diferentões”, pois eu tenho um compromisso social com a música. Eu gosto de levar mensagens subliminares, de resgatar o passado, repagina-lo e trazê-lo para as novas gerações. Talvez esta seja a minha militância: através da música.

Se tive a sorte de passear por diversas casas, gostar e tocar diversos gêneros musicais, eu me acho na obrigação de trazer essa diversidade musical para a minha pista, mas com as limitações, para não fugir do estilo preferido da nossa comunidade.

Hoje você é figurinha constante em diversas festas do Brasil e até do mundo. O que de mais diferente, culturalmente falando, você encontra nas diversas festas por onde vai? O que te surpreende e te incomoda mais nos hábitos regionais de cada lugar que você passa?

Las Bibas – A internet unificou o mundo. Hoje, o que se toca em Nova York, também toca no club mais longínquo de qualquer interior do brasil. O que me incomoda é que o som ficou mais “pop”, mais comercial e perdemos um pouco o espaço de podermos mostrar algo novo ou diferente, mesmo que seja um hit do passado reciclado.

O público tem sua parcela de culpa. basta vermos o charts das plataformas de streaming do Brasil, para termos uma noção do nível musical do país, mas os maiores culpados são os próprios DJs. A profissão ficou de fácil acesso a todos e hoje, temos muitos “influencers”, blogueiros, ou pessoas que apenas tem uma rede social bombada, mas que não possuem nenhuma bagagem musical e estão ocupando o lugar de verdadeiros profissionais.

Vários DJs incríveis do passado, hoje mal tocam ou são convidados, pois não se encaixam mais no perfil do “DJ superstar” ou não entram na sonoridade atual. Será que eles ficaram datados? Ou será que a musica de hoje é tão descartável, que fez esse desserviço a comunidade?

Você possui uma vasta carreira na produção musical. Seu último single, ‘The Art of Sampler 5: Octavia St Laurent’, ganhou as plataformas digitais recentemente. Conta pra gente a história por trás da track e seu processo criativo na construção dela.

Las Bibas – Estamos no mês do orgulho e eu queria lançar algo muito #pride neste mês. Esse meu projeto, chamado “The Art of Sampler“, começou como uma brincadeira-desafio, onde eu sampleio tudo da música (de músicas famosas inclusive) e tento recriar em algo novo. Passei a gostar tanto, que já vou pro quinto lançamento.

Octavia  St Laurent foi uma ativista transexual, drag, negra, latina da cidade de Nova Iorque e educadora sobre questões do HIV/AIDS. Ela está no famoso e indispensável documentário “Paris is Burning” e ainda atuou na linha de frente pela visibilidade da comunidade LGBTQIA+,  ou seja, a gata foi um ícone underground pouco reverenciada e conhecida dessa nova geração. Ela tem frases icônicas que eu usei na música, como por exemplo: “Gays têm direitos, lésbicas têm direitos, homens têm direitos, mulheres têm direitos, até animais têm direitos. Quantos de nós temos que morrer, antes que a comunidade reconheça que não somos dispensáveis?”

Essa track é um tributo a ela e uma militância sonora minha. Se algumas pessoas ouvirem, pesquisarem melhor sobre Octavia e descobrirem quem ela foi, minha missão foi bem sucedida.

E pra finalizar, que conselho você pode dar para seus fãs que almejam uma carreira musical?

Las Bibas – Você tem que amar a música, casar com ela, se dedicar e sobretudo, estudar, pesquisar o passado, para entender como chegamos nesse presente-futuro atual. Acho que isso serve pra qualquer profissão, né?

>> Siga Las Bibas From Vizcaya no Facebook e Instagram.

Categorias
Agenda

Illusionize é atração especial na Sunday Sessions

Festa que acontece na The Week São Paulo, a Sunday Sessions recebe o DJ nacional Illusionize, além de artistas como Eli Iwasa, Gabriel Boni e muito mais.

Sair da versão mobile