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Visibilidade Trans e a Dance Music: artistas que precisamos abordar

No Dia da Visibilidade Trans, selecionamos 3 artistas para representar a letra T da nossa sigla, que carregam o DNA da música eletrônica.

Visibilidade Trans

Podíamos abordar esse assunto durante nossa Pride Week (assim como também faremos); podíamos colocar esses artistas entre alguns cis, sem distinção de identidade de gênero (assim como fazemos sempre e continuaremos fazendo), mas hoje, resolvemos voltar nossos olhos para a letra T da sigla que nos representa.

Neste dia 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans, Queremos destacar aquelas pessoas que são agredidas, mortas, por simplesmente existirem. Queremos dar voz para as pessoas trans e travestis, que tanto fazem e fizeram pela nossa comunidade eletrônica, representadas por 3 artistas excepcionais.

Fernando Ribeiro

Fernando Ribeiro Visibilidade Trans
Fernando no Club Jerome

Sem um novo nome artístico (seu antigo era DJ Fox), visto que seu antigo alter ego não corresponde mais ao que o artista procura, Fernando Ribeiro é um homem trans da periferia de São Paulo. Nascido e criado em Parelheiros, foi ouvindo Energia 97 que ele encontrou seu caminho na música eletrônica. Residindo hoje em Santos, Fernando busca dar voz a comunidade trans masculina, que ainda é deixada muito de lado.

Em 2018, Fernando viu a oportunidade de tornar-se DJ, paixão que ele teve desde sempre, mas a falta de recursos não permitia que o sonho fosse alcançado. Foi então que o Zig Club, casa de Rafa Maia, entrou na sua vida, onde aconteceu um curso de discotecagem voltada para pessoas trans e pretas. Ali, Fernando começou a olhar para a pista e entender o seu destino.

Após iniciar seu relacionamento com a DJ Ms Pythia, uma travesti, Fernando começou a ocupar outros espaços, como a Mamba Negra, coletivo que o abraçou. Mais do que um frequentador, Fernando tornou-se o responsável pela lista trans da festa. Ainda buscando encontrar sua verdadeira identidade como artista, ele espera aprender e desenvolver seu eu artístico cada vez mais.

Michelle aka Transvegana

Transvegana Visibilidade Trans

Natural do Rio de Janeiro, mas paulistana de coração, Michelle, travesti, artista multifacetada, que além de expressar-se através da música como a DJ Transvegana, é fundadora e professora na Botão de Flor, projeto socioambiental de inserção social para travestis e mulheres transgênero em situação de vulnerabilidade social, com ações que visam minimizar os impactos negativos causados pela indústria têxtil no Brasil.

Vivendo na terra da garoa desde 2013, foi na cidade que escolheu chamar de casa, que a artista resolveu se aprofundar no mundo da moda, até que a música entrou em seu caminho. Apaixonada pela house music, Michelle viu nos seus sets uma forma de expressão. Sua transição de gênero, que aconteceu durante a pandemia, trouxe um novo olhar, sensações e sentimentos para suas apresentações.

Com passagens por festas como Blum, vglnt, Jerome, Úmida, Cremme, além do coletivo Caldo, onde tudo começou, Transvegana busca inspirar-se em vocais femininos, sempre com muito groove e percussões intensas. Das primeiras montações até olhar-se para o espelho e desabrochar como travesti, Michelle carrega a essência da música eletrônica em sua musicalidade e forma de viver.

Valentina Luz

Valentina Luz

Modelo, performer e DJ, Valentina compreendeu sua sexualidade ainda na infância e desde muito cedo, teve o apoio da sua família na transição de gênero. Residente da festa Mamba Negra, que abraça totalmente a comunidade trans, a artista experimentou todo tipo de preconceito, seja por ser uma mulher trans ou preta e combater a transfobia é um dos seus objetivos de vida. (Fonte: Alataj)

Carregando a boa e velha house music como forma de expressão, Valentina vem ocupando cada vez mais espaços, que são seus por direito e mostrando que o talento deve romper qualquer tipo de barreira. Com passagem por clubs como Caos e D-EDGE, além de dividir o palco com Solomun no Autódromo de Interlagos, a artista que saiu do Paraná para São Paulo, está indo em direção ao mundo todo.

Valentina é o perfeito exemplo de que pessoas trans podem e devem ter locais de destaque, seja na moda, mercado onde ela também está inserida ou na música. Nossa dance music, que nasceu preta e queer, tem por obrigação enaltecer corpos que foram e são o motivo da nossa cena existir e poder ver uma artista como Valentina, levantando essa bandeira, é muito significativo para todos nós e deve ser reverenciado.