‘The Scandal’, de Zoë Blue, é um delírio alimentado por álcool e memórias distorcidas — a trilha de um fim de semana que fugiu do controle.
‘The Scandal’ nasceu em uma casa no alto das colinas, envolta em desrazão e mantida viva à base de bebidas, panquecas e excesso de tempo. Segundo Zoë Blue, a faixa surgiu em meio ao caos — mais precisamente, pouco antes de Oscar ser perdido para lobos voadores. Esse estado alterado de consciência não apenas molda o espírito da canção, como se infiltra em sua construção: acordes errantes, vocais com ecos de ressaca e camadas que oscilam entre euforia e colapso. Ouça aqui.
A produção parece brincar com a linha tênue entre lucidez e delírio. Há uma estética lo-fi saturada de reverb, como se tudo fosse gravado entre almofadas e paredes bêbadas de madrugada. A narrativa não é clara — mas essa é justamente a proposta: fragmentos de uma lembrança instável, onde o que importa não é o que aconteceu, mas o que se sentiu.
Zoë Blue entrega a música como quem entrega um bilhete amassado escrito no fim da festa, onde a verdade não importa mais, só a sensação. Não há busca por perfeição. Há apenas o registro de um momento absurdamente real — porque é assim que a insanidade cotidiana se transforma em arte.
‘The Scandal’ não tenta se explicar. Ela só escapa. Como os lobos voadores. Como a sanidade numa casa que já foi lar, mas virou lenda.
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