Quais sons formam a base musical de deGust? Descubra mais sobre o artista gaúcho que saiu dos corais e foi parar na música eletrônica.
Diferente do caminho tradicional de muitos músicos que estão na cena eletrônica, o gaúcho Gustavo Bassani Petry aka deGust não começou discotecando ou caiu nesse mundo de paraquedas, a música sempre esteve presente na sua vida desde os anos iniciais e, profissionalmente, sua proximidade sempre foi maior com o campo da composição, da arte de criar.
Ele também já foi regente de coral por cinco anos, trabalha com trilha sonora desde 2012 e quando falamos em música eletrônica, de fato, sua experiência começou a ser construída em 2016. Hoje ele explora múltiplas atmosferas sonoras e busca melodias hipnóticas, características que estarão presentes no seu novo EP, ‘Cosmic Arena‘, programado para chegar no início de novembro pela renomada Prisma Techno — vale lembrar que ele já havia lançado um single por lá no início do ano:
Abaixo você conhece um pouco mais deste artista. Descubra: deGust!
Beat for Beat – Você é um daqueles artistas que sempre teve uma ligação muito forte com a música, né? Desde criança já experimentando alguns instrumentos… em que momento essa relação se intensificou de verdade?
deGust – Salve galera! Um prazer ter essa conversa com vocês. Isso, a minha memória mais antiga é de adorar escutar música no carro quando viajava com meus pais. Comecei a estudar violão por volta dos 11 anos, depois canto, percussão, piano.. Pra ser sincero eu acredito que a música, além de uma experiência sonora pessoal, é uma de celebração coletiva, então a minha relação começa a se intensificar quando a experiência de se fazer música sai do aprendizado individual e se torna uma vivência com outras pessoas.
E você também tem formação em música, né? Durante a faculdade você chegou a ter contato com a música eletrônica ou isso aconteceu mais para frente?
deGust – Tenho sim, sou formado em Música Popular pela UFRGS. Tive um pouco de contato na universidade, mas não muito com a música eletrônica de pista. Geralmente girava em torno de obras mais experimentais dentro da eletroacústica ou algo assim.
Quais os principais pontos que essa experiência universitária com música te agregou?
deGust – Acho ela foi importante justamente por conseguir cobrir diversas áreas. A universidade foi pra mim um espaço de conhecimento tanto da parte técnica: a prática do instrumento, a teoria musical, ritmos, contraponto, partitura; Como da parte mais humana digamos assim: o aprendizado através da troca com colegas e professores. Vou ser eternamente grato aos professores que conseguem, além de ensinar, provocar o aluno a viver dentro de seu tempo e se atentar para a música que está sendo feita neste instante.
O que você escutava nessa época ainda se mantém nos dias de hoje? Quais são suas principais referências na música? Seja falando da esfera eletrônica ou mesmo fora dela… quem te inspira a criar?
deGust – Eu tenho um sério problema com a música que é o fato de enjoar rápido de um gênero, estilo, ou enfim. Descubro algo novo e escuto exaustivamente até que não posso mais ver na frente por um tempo [risos]… Certamente não escuto as mesma coisas e já na época passei por várias transições, do rock pro samba, da bossa nova pro reggae e assim vai. Hoje eu praticamente só escuto eletrônica, mas dessa vez eu duvido que venha a enjoar algum dia.
Hoje em dia você ainda trabalha com trilhas sonoras? Tem algum trabalho que se destaca para compartilhar com a gente?
deGust – Sim, ou pelo menos trabalhava até o início da pandemia. O meu trabalho com trilhas sempre foi voltado para o teatro. Comecei com espetáculos infantis e depois começaram a surgir outras peças. O meu envolvimento mais próximo é de ser uma pequena parte do Coletivo Quântico, onde geralmente fico encarregado das trilhas junto com a direção da Larissa Sanguiné. Também assino trilhas para outros espetáculos de Porto Alegre, como “Caio do Céu” com a atriz Deborah Finocchiaro, e tive o prazer de recentemente criar a trilha para um espetáculo chamado “Two”, de um grupo teatral em Dublin, onde eu estava residindo até a pandemia começar.
No início deste ano você lançou “Basement Ceremony”, pela Prisma Techno, e agora tem um novo EP anunciado pela frente. Você acredita estar se encontrando dentro do Techno? O que podemos esperar deste lançamento?
deGust – Eu acredito que sim. A Prisma inclusive foi o selo que me abriu as portas com esse convite de fazer um EP e que de certa forma me provocou a mergulhar nesse universo do Techno. Aproveito aqui pra agradecer o Thito que participou quase que ativamente da criação das tracks do EP me retornando com feedbacks preciosos via áudio pelo whatsapp. — áudios de 15 minutos, o recorde foi 17 eu acho [risos].
Dentro da eletrônica eu comecei produzindo Downtempo, depois House e Tech House. Hoje eu acredito que tenha de fato encontrado o estilo o qual eu me sinto mais livre para compor e que me dá mais margem para explorar diferentes atmosferas e ritmos. Da mesma maneira não espero ficar fechado para apenas um tipo de Techno. Sigo produzindo e buscando algo que seja novo pelo menos pra mim mesmo.
Você tem uma metodologia definida para compor uma música? Como é o processo criativo das suas tracks?
deGust – Creio que ainda esteja afinando essa metodologia. No começo eu iniciava cada track de uma maneira diferente, geralmente por partes que raramente me levavam a algum lugar. Hoje consigo ser um pouco mais assertivo naquilo que estou procurando e consegui desenvolver um ouvido um pouco mais atento para sacar quando encontro algo interessante mesmo sem querer.
Eu assisti a um vídeo do Patrice Baumel no Youtube falando sobre a maneira dele de compor e foi a partir daí que virei a página pro modo de criação. A ideia é sempre começar perseguindo o tema principal (“hook”, como ele diz). Encontrar um tema com força suficiente para sustentar a track e só depois partir pra outros elementos que vão dar corpo à ela. Parece óbvio, mas pra mim foi valioso.
Por fim, uma pergunta mais reflexiva: qual é o seu principal objetivo enquanto músico? Valeu!
deGust – A música tem um efeito instantâneo, tem o poder de nos tocar, de nos mover, de trazer sensações, memórias e sentimentos que a gente sequer lembrava que existia. Música é movimento de ar que nos conecta e que faz com que a gente viva juntos a experiência coletiva. É o que nos faz dançar, é expressão íntima da criação humana, que nos diverte, que nos seduz, que nos faz sentir vivos. Meu objetivo é continuar criando e tocando música pelo máximo de tempo possível.
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