O Kaballah Festival, um dos mais tradicionais festivais de música eletrônica do Brasil, comemorou seus 15 anos em um grandioso baile.
O sábado começou frio, mas um sol insistente tentava aparecer no céu e assim foi o começo da maratona musical do Kaballah. As grandes filas logo na entrada mostravam que o público seria grande e mesmo tendo que esperar um pouco mais do que o habitual, ninguém arredou o pé. Depois de passar pelas catracas, a espera transformava-se em alegria.
Logo na entrada do parque eramos recebidos em grande estilo. Máscaras douradas pendiam do teto do “The Masquerade“. Claptone, um dos nomes mais esperados deste palco não decepcionou e embalou os sons que tomavam conta de Kaminda Mundi no Hopi Hari. O tech house se fez presente na frente da gigante roda gigante do parque. Uma incrível paisagem.
Andar pelo Hopi Hari, com todos os seus brinquedos e decoração, era uma tarefa bem agradável de ser feita, já que os palcos foram bem espalhados e tomavam conta de todo o local. Wild West, ou o Velho Oeste, recebeu a festa Michael Deep. Somente com artistas nacionais, o palco contava com muitas plantas, flores e durante a noite, uma bela projeção na parede. Sons mais comerciais e grandes hits, nacionais ou internacionais, ecoavam entre os presentes.
Indo para a parte mais baixa do parque, passávamos pelo todo poderoso Só Track Boa. Bem no meio do Hopi Hari, no gramado central, uma piramide de leds erguia-se no meio de todos. Com vários níveis, parte da decoração do palco eram as pessoas que ocupavam os camarotes. Simples, mas imponente, o Só Track Boa usou e abusou do audiovisual, fogos de artificio e muito CO2. As atrações que se revezaram pelo palco, não deixavam o fogo apagar e DJ após DJ, o público só aumentava, nunca diminuía. Quando Vintage Culture subiu ao palco, o local chegou a ficar intransitável, afinal, um dos maiores DJs do Brasil apresentava-se para milhares de pessoas.
Os desavisados que chegavam em Aribabiba não entendiam muito bem o que estava acontecendo. Chuva de papel picado a todo momento, serpentinas, tapeçarias, sedas, véus, Shiva, infláveis: chegávamos a Bollywood. A família elrow trouxe toda a sua atmosfera única para a capital do Hopi Hari. Uma vibe constante e incansável, um ambiente alegre e divertido. A música encontrava a diversão em sua mais pura forma. Brincar com bichos infláveis, sem pudor ou vergonha, enquanto seu artista preferido tocava o melhor do tech house e techno era o tipo de festa que faltava no Brasil… não falta mais. O papa Sven Väth, um dos destaques da noite, foi a cereja do bolo na bagunça. Inesquecível.
Enquanto de um lado, o techno underground reinava absoluto, do outro, num gramado totalmente aberto, atrás das piramides do Mistery, o trance alternativo era a lei no Psycho Roots. Uma grande flor de lótus dava a forma ao palco que recebia grandes nomes da psicodelia. Até que a grama vire lama foi algo fácil de ser atingido, já que uma chuva fria caiu no começo da noite, mas claro, não foi o bastante para alguém desanimar. A bruxaria comeu solta… foi difícil ter que deixar o lugar quando amanheceu. Neelix, um dos sets mais comentados, não mediu esforços e entregou para a pista o melhor que o trance pode oferecer. Um deleite aos ouvidos e um desespero para as pernas, que não pararam um segundo.
Um evento sem brigas ou confusões, poucas pessoas nas enfermarias e muita vibe positiva presente: esta foi a festa dos 15 anos do Kaballah. Mesmo com algumas filas, afinal, o público presente superou todas as espectativas, nada foi capaz de tirar o brilho de um evento bem construído e idealizado, com DJs extremamente talentosos e um público que brincava e brindava a cada drop.O sorriso e a alegria foram obrigatórios em meio ao frio e chuva.
Que os 15 anos sejam apenas uma parte da história que o Kaballah reserva para nós e que o sol possa nascer mais e mais vezes, com muita música eletrônica, no país mais divertido do mundo, o Hopi Hari.
Imagens: Image Dealers / Fernando Sigma / FR4ME FILMS
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