O Fabriketa, em São Paulo, recebeu a noite de encerramento do Red Bull Music Festival (RBMSP), num evento que entregou nada menos que a excelência.
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São poucos os eventos que podemos dizer que foram perfeitos em todos os quesitos, mas a noite de encerramento Red Bull Music Festival, que aconteceu em São Paulo, é uma dessas exceções. De forma impecável, a Fabriketa, antigo moinho da Família Matarazzo, recebeu artistas das mais variadas vertentes da música eletrônica, celebrando o final de uma programação extensa do RBMSP.
Andar na região da Fabriketa e entrar no prédio já é uma experiência a parte. Ruas desertas, rodeadas por prédios antigos nos transportam para os becos underground de Berlim ou Detroit, redutos do techno. Logo na entrada, após a validação do ingresso, o rústico encontra o moderno e lasers vermelhos no chão ditavam o aspecto tecnológico que a noite teria.
Um local bem amplo, com bares e estações de bebida ou comida bem distribuídos, caixas ambulantes em todos os lugares, pistas dispostas de forma a não atrapalharem uma o som da outra e banheiros em grande quantidade, eram serviços que, mesmo sendo essenciais, também foram pensados e executados de forma perfeitas. Filas ou aglomerações eram inexistentes.
Se você um dia se imaginou dançando num beco escuro, escutando música experimental de qualidade, a pista 3 era perfeita para você. Visivelmente menor em tamanho que as outras pistas, mas gigantesca em potência, a pista contava com um som poderoso e um painel de LED que recebia imagens que só tornavam o lugar ainda mais único. Kakubo, artista que assistimos na pista, apresentou um set com timbres distorcidos, erros digitais e batidas sujas, literalmente, algo bem experimental.
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Do outro lado da Fabriketa, numa pista um tanto quanto escondida, presenciamos sets que tinham em sua essência o house. Com uma iluminação que estava totalmente sincronizada com a música, o que dava um toque ainda mais especial para as apresentações, a pista recebeu a recém premiada como melhor produtora, BADSISTA.
Foi uma grande “aula de aeróbica” que durou 90 minutos, como a própria artista descreveu em seu Instagram. Seu set, que mistura Techno, Trap e Funk, lotou a pista que em diversos momentos, não entendia muito bem a sonoridade da artista, mas que conforme as tracks iam passando, aceitavam e se entregavam de corpo e alma. Com direito a um dos grandes clássicos da música eletrônica, “Born Slippy”, BADSISTA mostrou ali na prática, que merece ser uma artista premiada.
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E se podemos dizer que hoje, a música eletrônica underground passa pelo seu momento mais feminino, é por apresentações poderosas como a do projeto LORAC ISSUM. Formado pelas DJs Amanda Mussi e Cashu, o projeto levou para a pista 1 do Red Bull Music Festival todo o poder do techno, tocado por mãos femininas. Com batidas fortes e uma apresentação impecável, LORAC ISSUM foi uma das atrações mais comentadas da noite e não for por menos.
Irreverência, personalidade forte e membros empoderados marcaram a última apresentação da noite, o show da banda Teto Preto. Formado por Carneosso, Loic Koutana, Zopelar, Savio de Queiroz e William Bica, o Teto Preto fez um show pra ninguém botar defeito: totalmente performático, de atitude e altíssima qualidade. Foi a banda que fez as honras e sonorizou os primeiros raios de sol que iluminaram o Red Bull Music Festival.
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Bar com preços totalmente acessíveis (Gin Tropical por apenas R$12), água e guarda-volumes cortesia, equipe de segurança e staff bem preparados e atenciosos, além de toda a atenção aos detalhes, fizeram com que a noite de encerramento do Red Bull Music Festival seja uma noite a ser lembrada por muito tempo, ou pelo menos, até a próxima edição.