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Via UnderGROUND

Bernardo Campos apresenta seus projetos e iniciativas como multiartista

Multiartista, Bernardo Campos nos apresenta todos os seus projetos e iniciativas, que o transformam numa peça fundamental da cena carioca.

Bernardo Campos é peça fundamental na construção da cena eletrônica do Rio de Janeiro, e nem é exagero. Além de, claro, entusiasta da música e suas infinitas possibilidades, Bernardo é DJ, produtor de música e eventos, curador, e ainda deu pinta na criação de coletivos ativos na busca de fomentar a cultura da música eletrônica nacional, como a Underdogs e a gravadora Molotov21.

O carioca é residente e cuida da seleção de DJs para o gastrobar Pato com Laranja, em sua cidade natal, lá consegue desenvolver uma curadoria com tons de música de brasileira a jazz a eletrônica, dependendo do momento. Onde ele consegue explorar outras  vertentes, como Afro House e Minimal é na label/party Underdogs, com foco em sons tribais, por onde inclusive lançou seu EP ‘Desejo‘.

Fora o bar, Bernardo é residente de três outras festas, a Água Viva, a Rara e a Festa do Bbzão, um rolê LGBTQIA+ que, segundo ele, é um dos mais divertidos que já foi na vida. Todos os projetos do artista tem uma coisa em comum: música boa! Sua iniciativa no Rio, a Rara, já recebeu nomes como Miss Kittin, Moodymann, Laurent Garnier e no último carnaval lotou o Circo Voador com Seth Troxler.

O DJ e produtor transita entre os estilos e vertentes como ninguém. Bernardo prefere não colocar muitos rótulos em suas produções e estar livre para experimentar. É o caso de seu duo com o conterrâneo Fábio Santanna, Nu Azeite, que mistura música eletrônica, brasileira, disco-funk e soul com uma pitada de boogie que basta ouvir para notar a assinatura carioca: música que combina com sol e praia.

Chega a faltar fôlego para falar das multi-funções executadas por Bernardo, mas segundo ele o segredo é dedicação. Não é fácil viver de música, mas depois de tantos anos nessa indústria vital, ele chegou à uma equação: trabalho + disciplina + parceiros + saúde mental e física = sucesso! Para não perder nenhum lançamento do artista, fique de olho nas redes sociais:

Instagram | Soundcloud

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Entrevista

Entrevistamos: Felipe Fella

Com passagens por festivais como Rock in Rio e Universo Paralello, Felipe Fella carrega um currículo gigante e agora, conversa com a gente.

Não é difícil encontrar um artista que cresceu e vingou na cidade carioca, isto porque as paisagens e belezas naturais do Rio de Janeiro são, muitas vezes, grandes responsáveis por inspirar a parte criativa de muita gente. Quem compartilha dessa verdade é Felipe Fella, atualmente um DJ e produtor que pode ser considerado como um dos mais ativos na cena da cidade.

Num passado não muito distante, ele marcou presença em eventos como Rock in Rio, Universo Paralello e Rio Music Carnival (RMC), mas a gente acredita que o grande destaque é mesmo seu lado como produtor. Além de grandes lançamentos por labels como Cr2,  Criminal Hype e LouLou Records, ele também assume o posto de headlabel da Molotov21. Vira e mexe seu nome está nos charts de Tech House e sua música sendo tocada por caras  como Latmun, Gene Farris ou mesmo o houseiro Roger Sanchez.

Sua conquista mais recente, porém, é o remix que será lançado da faixa ‘How We Do‘, de Raffa FL, graças a um contest da Criminal Hype que ele participou e integrou na lista dos finalistas — o remix entrou até mesmo na playlist Toolroom Tech House. No total, o EP terá seis faixas, sendo cinco remixes selecionados do contest, além de um re-edit do próprio Raffa FL. Se liga abaixo enquanto confere nosso papo com ele:

Beat for Beat – Felipe! Bem-vindo ao B4B e obrigado por topar essa entrevista. Vamos começar falando dessa novidade? Nos conta sobre a sensação de ter seu remix escolhido por esse artista que é super renomado no mercado internacional…

Felipe Fella – Quando eu vi que a label anunciou o remix contest eu pensei na hora “não posso deixar essa oportunidade passar”. É uma track que está entre as 5 que mais me marcaram desde sempre como DJ e produtor. Então a sensação quando recebi o e-mail dizendo que o meu remix tinha sido selecionado foi de felicidade pura. Um sonho realizado.

Essa track foi lançada em 2016 pela Criminal Hype e foi um clássico de muitas pistas pelo mundo. Como foi o seu flow no estúdio pra esse remix? Demorou muito pra finalizá-la? Teve algum desafio em especial?

Felipe Fella – Geralmente meu workflow é bem rápido. Levo dois a três dias para finalizar uma música, às vezes sai tudo no mesmo dia… Mas dessa vez demorou mais de um mês. Eu fiz sete versões até chegar em um resultado satisfatório. Porque o objetivo não era apenas fazer uma música boa. Eu tinha que fazer o melhor remix possível, pois não queria deixar essa oportunidade escapar. Eu sei que a chance de receber um convite para remixar uma track clássica assim é muito difícil. Então tinha que ser pelo remix contest (risos).

O maior desafio foi manter a estética da track original dos synths “conversando” com os vocais, e ao mesmo tempo criar algo novo com a minha assinatura. Pensei o seguinte: “para fazer isso, quero que synth e vocais lembrem a original enquanto que o restante (baixo, bateria, percussão, efeitos) lembrem as minhas produções”. A solução foi fazer dessa forma, com algumas variações nas notas do synth principal (num timbre completamente diferente) e uns cuts diferentes nos vocais. O desafio mesmo foi abrir mão de um monte de ideias que vieram na cabeça e chegar nessa ideia de estrutura da track. Mais simples, porém mais efetiva e coerente com a track original.

E parece que esse mundo de competições de remixes cai bem pra você, né? Já é o terceiro que você vence… dá pra dizer que você tem alguma preferência ou até facilidade pra remixes? Como você enxerga isso?

Felipe Fella – É verdade. Anteriormente venci os remixes contests pela In Tune de Londres e pela Porky de Barcelona, de uma track do Lex Luca e outra do Apollo 84 respectivamente. Mas também tiveram muitos outros que participei e não venci (risos). Não chega a ser uma preferência, mas eu gosto muito sim de fazer remixes. Acho que quando você gosta da música original, já é meio caminho andado. Porque a ideia da track está ali, nas partes que você recebe para usar no remix. Basta dar uma nova roupagem. Criar um groove bom, muita gente cria. O difícil mesmo na produção, na minha opinião, é ter boas ideias. E quando você começa um remix, geralmente a ideia central ou pelo menos um ponto de partida já está ali.

Bom, a gente percebeu que, como muitos, seu foco se virou totalmente para o trabalho de estúdio. Mas no geral, como foi pra você esse desafio de ficar longe dos palcos? Teve algum momento mais complicado pessoalmente pra você durante a pandemia?

Felipe Fella – Foi e está sendo complicado demais. Tenho focado 100% no estúdio porque é o que podemos fazer. Não podemos estagnar. Tem dias que inevitavelmente bate um desânimo porque ainda estamos sem perspectiva, sem ideia de quando voltaremos ao normal. Mas converso com muitos colegas de profissão e sei que não sou só eu quem me sinto assim. Não temos outra saída a não ser nos reinventar pelo menos durante esse período.

Durante a pandemia virei sócio da gravadora Molotov21 junto com meus amigos de longa data Bernardo Campos e Pedro Mezzonato e tenho feito bastante mixagem e masterização para alguns clientes, que é o que tem segurado as contas realmente. Mas nem todo mês tenho tantos clientes, então eu diria que enquanto as gigs não voltarem ao normal, esse momento mais complicado ficará indo e vindo.

E dos últimos lançamentos que você teve, tem algum em especial que merece destaque, pra galera conhecer ainda mais o teu som?

Felipe Fella – 2020 e este ano têm sido bem produtivo para mim no estúdio. O remix da How We Do será o meu quinto lançamento de 2021. Dos mais recentes que foram bem nos charts de venda do Beatport teve o meu EP na Ole Records “Get My Love” com 2 faixas, sendo uma delas collab com o Luca di Napoli, que ficou por 6 dias no Top 1 de Tech House Releases e no Top 2 de Overall Releases.

Recentemente lançamos outro collab que saiu como single pela Play My Tune de Londres que também foi bem nos charts, batendo a posição 49 no Top 100 de Tech House Tracks, o mais concorrido do site. Meu collab com o SIQUEIRA “Guess What” que saiu pela RIM de Barcelona, também foi muito bem, ficando por vários meses no Hype Top 100 de Tech House e recebendo muitos suportes, como o do inglês James Hype.

Apesar do bom tempo de estrada que você já tem, ainda há aqueles artistas que você  se  espelha e tem como referência na hora de produzir? Quem na sua opinião vem fazendo um trabalho fora da curva dentro do Tech House?

Felipe Fella – Com certeza. Tenho muitas referências que me inspiram na hora de produzir. Fora do Brasil: Gene Farris, Green Velvet, Latmun, Iglesias, Detlef, Max Chapman, Pawsa, Michael Bibi, Dennis Cruz, Sidney Charles. No Brasil: Classmatic, Gabe, Glen, Dakar, muitos outros… Fora da curva por aqui temos muitos. O Diego Lima é um que vem fazendo um ótimo trabalho, lançando em várias labels grandes assim como o Jean Bacarreza, Feelgood, Teklow, GIOC, Deeft, Lucas MB, Pemax, Ciszak, Bruno Furlan, Pirate Snake, Pleight, Vinnci, Doctor Jack, Tough Art, Autobotz.

Tem muitos outros que estão fazendo um trabalho muito bom e produzindo tracks completamente fora da curva durante a pandemia. Drunk & Play, Jho Roscioli, NA7AN, Mochakk, Nicolau Marinho, Brunelli, Jay Mariani, Cla$$ & JCult, Benan, Brisotti, Enne, Rov, Duarte, Ragie Ban, Trallez, Viot, Jame C, guerrA, Beltran, Guilherme Rossi, MK Jay, Matheus Rosa, Zebob, Samuel F, Thuggin’ Drums, Simas, Sterium, Cesar Nardini, Roddy Lima, Vitor Vinter, Gustavo Reinert, Guigak, Sillaz, e a turma que transita entre o deep e o tech, Vanucci, Gabriel Evoke, Beatype, Alex Dittrich, Douse.

Tem muito mais, peço desculpas desde já porque tenho certeza que mesmo citando tantos esqueci de citar outros, realmente são muitos (risos). Acho que estamos e estaremos por muito tempo bem representados nesse gênero aqui no Brasil.

E seu curso de produção musical? Ainda tá rolando? Como está sendo essa experiência como docente? Foi algo novo pra você ou não exatamente?

Felipe Fella – Sim. Está rolando. Apesar de ter sido gravado no Ableton 9 na época (atualmente a maioria dos usuários utilizam o Ableton 10, que tem alguns recursos diferentes), até hoje ainda estão comprando, pois praticamente tudo que é ensinado durante o curso é perfeitamente aplicável no Ableton 10, ou até mesmo em outros softwares. Lancei o curso no início de 2019 e foi sim algo novo para mim. Já dava aulas presenciais esporadicamente no meu estúdio, mas a possibilidade de disponibilizar o conteúdo online me pareceu uma alternativa muito boa tanto para mim quanto para os alunos em questão de tempo, principalmente.

O maior esforço foi na hora de gravar os vídeos. Depois tem sido mais um trabalho de divulgação e manutenção da plataforma. Acaba sendo mais em conta para quem compra e mais cômodo para quem produz o conteúdo. O pessoal que comprou o curso está conseguindo suportes de artistas como Michael Bibi, Stefano Noferini, Kevin Knapp, Loulou Players, Sirus Hood e assinando em labels como LouLou Records, Safe Underground, Baikonur, Dogghaüz, Cocoa, UP Club e na Molotov21, é claro (risos). O curso está disponível no www.felipefella.com.br para quem estiver interessado (a).

Pra gente fechar, que tal uma palinha do que vem pela frente ainda nesse primeiro semestre? Valeu!

Felipe Fella – Ainda neste primeiro semestre vai sair um EP com 4 faixas, sendo 2 collabs, um com o Brunelli e outro com o Douse, na Sibil-la Music da Espanha, label do Bizen Lopes; um remix de uma track do Sillaz chamada Soul Music Is, pela Molotov21; um EP com 2 collabs com o Bernardo Campos, Undress Your Mind e No Matter What, pela Ole Groove, da Romênia; um remix de um collab do Drunk & Play com o Brunelli, chamado Tango, pela Array Music, da Itália; e uma track em um V.A. pela The Bedroom, da Grécia, chamada You Know Anything.

Bastante coisa pela frente, tô bem feliz com tudo o que está rolando. Valeu pela entrevista!

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Descubra

Descubra: Bernardo Campos

Um artista carioca multifacetado, Bernardo Campos, já tocou ao lado de várias estrelas da cena underground e tá sempre em movimento.

Como resumir o perfil de um artista que já foi residente de clubs icônicos como Fosfobox, Dama de Ferro, Clandestino e é da festa RARA, que trouxe ao RJ nomes como Derrick Carter e Moodymann e que já tocou ao lado de Laurent Garnier, Tiga, Carl Craig e Solomun? Se você acha que é muito, calma que ainda tem mais.

Ele também idealizou o selo Molotov21 ao lado do DJ Pedro Mezzonato e Felipe Fella, é nome por trás da Festa Base, já teve suportes de Maya Jane Coles e Maceo Plex, recebeu em 2013 o Prêmio Noite Rio como melhor DJ de música eletrônica da cidade, é  metade do duo Nu Azeite que acabou de lançar seu debut álbum e também fez parte da crew Underdogs há algum tempo atrás! Ufffff… quase faltou fôlego por aqui.

Então, bom, se você ainda não ouviu o nome de Bernardo Campos antes, vai descobrir mais sobre ele agora, mas neste momento com um foco especial para seu trabalho de estúdio, sua parceria com o núcleo Underdogs, por onde irá lançar um release em breve, além de outras novidades.

Beat for Beat – E aí Bernardo, valeu por topar esse bate-papo. A gente já vai começar perguntando qual o segredo pra administrar/lidar com tantos projetos e iniciativas ao mesmo tempo… como é a sua rotina? Deve ser no mínimo maluca…

Bernardo Campos – Fala pessoal, valeu pelo espaço! O meu primeiro segredo é que eu trabalho exclusivamente com isso. Na verdade eu nunca tive outro emprego, comecei a trabalhar com música aos 20 anos e não olhei mais para trás. Acordo todo dia e o foco é sempre esse.

Um outro segredo é fazer parcerias, desde que comecei na música, percebi que a troca com outros artistas me enriquecia muito, então sempre procurei diferentes parceiros, mas que obviamente tinham alguma visão parecida comigo, pessoas que eu admirava de alguma forma.

O último segredo e talvez o mais importante: trabalhe muito! Seja disciplinado e se leve a sério. Já vi muitas pessoas se perdendo, pois à noite pode ser muito traiçoeira. É importante saber que você está ali trabalhando num ambiente que a grande maioria das pessoas está se divertindo. Mantenha sua saúde física e mental sempre em dia, talvez esse seja o maior dos segredos. 🙂

Imaginamos que pela pandemia ter congelado boa parte dos projetos que você faz parte, principalmente dos eventos, hoje, além do Nu Azeite, o trabalho de estúdio deve estar “à frente” dos demais… é mais ou menos isso?

Bernardo Campos – Com certeza, tenho focado muito no estúdio e no restaurante que trabalho que é o Pato com Laranja, único lugar que ainda posso discotecar. Aproveitei para fazer alguns cursos e ajeitar meu home studio. Tem saído umas coisas bem legais, diria que estou na minha melhor fase de produção até hoje.

Existe uma linha de som que você se familiariza ou prefere produzir? Seus próximos lançamentos abraçam o Chicago House, né? Fala um pouco mais sobre essa identidade e dos releases que vão chegar…

Bernardo Campos – Eu gosto do House em todas suas formas. Chicago é o berço e, inevitavelmente, sai uns sons assim porque eu amo esses timbres mais clássicos. Mas também tem umas coisas bem Afro que tenho produzido com meu amigo Icle. Nosso último release lançado pela WIRED em collab com Bruce Leroys e com os vocais da Bia Barros, ‘Dos Cuerpos‘, chegou ao top 4 de vendas do Beatport no gênero Afro House.

Gosto muito também de fazer Acid, Minimal, Disco, Edits e no Nu Azeite essa mistura de música brasileira com boogie. Eu vejo as minhas produções como extensão dos meus sets e como toco vários estilos acaba que isso transmuta pro estúdio também.

Essa linha mais houseira também tem um fit com o trabalho da galera do Underdogs, núcleo onde você é DJ residente e tá sempre em contato com eles. Como surgiu essa relação?

Bernardo Campos – Sim, o Underdogs foi um projeto que eu entrei tem uns 3 anos e foi justamente por essa afinidade musical com o Ricardo Salim e o Rodrigo Morgado. Lá a gente toca bastante House, Afro, Disco, edits…

E os planos também são promissores… você vai assinar o release de  estreia da gravadora deles, né? O que rola adiantar pra gente sobre isso?

Bernardo Campos – Exato! A faixa se chama Connected. Eu comecei ela no meu estúdio, gravei o vocal, fiz uma base e mandei pro Icle. Ele mexeu e terminamos ela em Niterói no estúdio dos amigos do Bruce Leroys. O resultado ficou bem bacana e a faixa vai ganhar remix de um grande artista que admiro muito mas ainda não posso falar muito sobre isso 🙂.

Pra fechar: quando bate aquela saturação de estúdio ou da música, qual é sua área de escape, pra esvaziar a cabeça, descansar um pouco e até respirar outros ares?

Bernardo Campos – Agora mesmo eu tive um block criativo de quase três meses. É uma coisa que vem e não tem como você lutar contra, tem que ter paciência que uma hora acaba voltando. O que eu gosto muito de fazer é pesquisar música, ver um tutorial, ouvir um set ou até ouvir minhas produções antigas, isso sempre me ajuda muito. Outra coisa que eu amo fazer é dar uma volta de Bike ouvindo playlists, sempre dá certo! Valeu turma!

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