Repetindo a dose do ano passado, o Time Warp Brasil entregou mais um grande evento em São Paulo, deixando o gostinho de quero mais.
In.ten.so: adjetivo. Do latim, intensu; 1. que se manifesta ou se faz sentir com força, com vigor, com abundância; 2. que ultrapassa as medidas ou o grau habitual; Se fôssemos definir o Time Warp Brasil 2019, em uma única palavra, mesmo que isso seja completamente impossível, Intenso seria a escolhida.
15 de novembro. Feriado no Brasil. Proclamação da República. Em todo o país, uma folga mais que merecida diante a correria do dia a dia. Em São Paulo, uma legião de fãs de house e techno deslocavam-se sentido a um dos cartões postais da cidade, o Sambódromo do Anhembi. Conhecido por sua mais tradicional festa, o Carnaval, o Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo transformava-se, mais uma vez, numa gigantesca pista de dança. Os carros alegóricos deram lugares a dois palcos; As alas foram substituídas por ravers de todos os tipos, cores e formas; Penas, plumas e lantejoulas foram trocadas pela roupa preta; O samba transformou-se em house e techno da melhor qualidade; A paixão pela música se fez presente.
A euforia pela segunda edição do Time Warp Brasil era cada vez mais crescente. Pessoas de diversos lugares do Brasil e do Mundo, esperaram por esse momento durante todo o último ano. Desde a entrada no evento, até a saído do último dia, na manhã do domingo, dia 16, a felicidade era visível no rosto de cada um dos presentes. Nada, nem o cansaço de dois dias de festa, era capaz de apagar o sorriso constante. Mesmo antes de acabar, a vontade era de mais e mais.
Seguindo a fórmula de sucesso do seu ano anterior, o Time Warp Brasil trouxe dois palcos para sua edição tupiniquim. O Outdoor Stage, seguindo os padrões do ano passado, ganhou mais leds, já o Cave Stage, tão característico, não sofreu alterações. Os 25 anos do festival foram comemorados em grande estilo, trazendo o melhor da música eletrônica mundial para a maior cidade da América Latina. Durante os 2 dias de festa, grandes nomes da cena nacional e internacional, se revezaram nas pickups e fizeram aquilo que sabem de melhor: colocaram a pista pra dançar.
Na sexta, o techno no Cave era predominante. Eli Iwasa fez as honras e abriu nossa noite, com toda sua classe e experiência de anos de noite; Rodhad trouxe sua sonoridade marcante, preparando o terreno para o peso que viria em seguida; Amelie Lens, como um verdadeiro trator, provou que pra ser feminina, você não precisa ser delicada; Nossa querida ANNA, entregou um set repleto de músicas próprias, novas e mostrou o motivo de ser hoje, a brasileira de maior destaque no cenário internacional; Fechando de forma brilhante a primeira noite, Richie Hawtin nos presentou com mais um grande set.
“O Time Warp foi a realização de um grande sonho. Fiquei muito feliz com meu slot, antes do Rødhåd que é um dos meus DJs de techno favoritos, e peguei um Cave Stage bem cheio no meu horário. Não dá para explicar o que é ver uma pista daquele tamanho explodir, eu ouvia a vibração das pessoas, enxergava um mar de braços para cima, e só agradecia por viver aquilo.“ disse Eli Iwasa, após sua apresentação.
Enquanto isso, no Outdoor Stage, DJ Koze nos fez viajar entre décadas, com um técnica impecável e foi seguido pelo irreverente Ricardo Villalobos. Um artista único, que divide opiniões, Villalobos trouxe a velha guarda da música eletrônica em forma de vinil e apresentou uma verdadeira experiência sonora, que ficou ainda melhor quando os primeiros raios de sol começaram a surgir no horizonte. Foi com um beijo, que Villalobos passou o bastão, e os decks, para The Black Madonna. Com um set híbrido, ela transitou entre diversos gêneros da música eletrônica, flertando com o house, techno, disco e até mesmo a nova EDM. Sem barreiras e com o sol já brilhando alto, foi com The Black Madonna que encerramos o primeiro dia de Time Warp Brasil.
Parecia que não havíamos dormido nada e já estávamos ali de volta. Invertendo a ordem das coisas, foi no Outdoor Stage que começamos os trabalhos do dia 16. Diferente da noite anterior, house era a palavra de ordem da noite. Blond:Ish e todo seu carisma transformaram a área aberta do festival num verdadeiro baile de hits. Com um sorriso gigante, seu cabelos loiros e sua roupa neon iluminavam o ambiente; Denis Sulta e toda sua irreverência não deixaram a pista parar em nenhum momento, que foi presenteada com grandes clássicos.
Enquanto isso, no Cave, Peggy Gou nos transportou para Londres dos anos 80. Flertando com o acid house, a sul-coreana fez jus ao público brasileiro, que a aguardava com tanta ansiedade. Durante 2 horas, que pareceram 10 minutos, a tenda do Time Warp Brasil dançou sem descanso; Jamie Jones, um velho conhecido do público, assumiu o comando em seguida e trouxe sua a mistura do techno com tech house tão conhecida, completamente elegante.
O sol já estava alto quando Honey Dijon subiu ao palco. Mulher, trans e preta, Miss Honey era um dos nomes mais esperados do evento. Com uma técnica impecável, Honey nos encantou, criando mashups ao vivo, colocando em prática a verdadeira arte da discotecagem. Com uma bandeira do movimento LGBT, Honey nos abraçou ali do palco, enchendo os olhos de lágrimas dos presentes e provando que na música eletrônica, todos somos iguais.
Sem muitas filas, com bares funcionando bem, este ano o Time Warp Brasil ganhou até um lounge para quem curte vaporizadores, patrocinado pela Zomo. A praça de alimentação também ganhou um novo lugar e mais opções, deixando livre o espaço entre os palcos, que ganhou algumas redes para descanso, que foram disputadas. Sem muito estardalhaço, priorizando a experiência sonora, o Time Warp Brasil entregou excelência num evento sem erros, mostrando que é possível sim, fazer uma grande festa sem precisar de grandes artifícios. Mais uma vez, o Time Warp mostrou que menos é mais.
Obrigado Entourage, Obrigado Time Warp Brasil. Nos encontramos ano que vem!
Imagens: Fernando Sigma | Jorge Alexandre | Pedro Pini | Thiago Xavier
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