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Entrevista Mainstage

Entrevistamos: Santti no Hopi Night

Inspirado pela coletânea Summer Eletrohits, Gui Boratto, pai de família e com uma gig que deu até polícia. Entrevistamos Santti no Hopi Night!

Foi num sábado de muito sol, que partimos para uma cobertura diferente. Em Valinhos, terra de alguns dos nossos clubs preferidos, o destino foi um dos maiores parques de diversões da América Latina, o Hopi Hari. Entre muitas famílias, brinquedos radicais e muita diversão, aconteceu mais uma edição da Hopi Night, evento que transforma o parque numa verdadeira pista de dança a céu aberto. Para aquela aquele dia, o convidado especial foi ninguém menos que Santti, que nos recebeu no camarim para uma entrevista. Confira!

Beat for Beat –  Você já disse em entrevistas sobre seu começo, de ter várias bandas, de seu primeiro contato com um CD Summer Eletro Hits e até mesmo de Gui Boratto. Dentro desse contexto, você consegue lembrar de uma música, tanto do Gui e da coletânea Summer Eletro Hits, que te marcaram definitivamente?

Santti – A minha história com a música começou quando eu tocava em bandas. Por ter nascido no Mato Grosso, eu acabei sendo baterista de dupla sertaneja, que é o gênero que toca bastante por lá, mas também tive bandas de rock, que era o que eu gostava. Quando conheci a música eletrônica, foi quando ganhei um CD do Summer Eletrohits e se for pra lembrar de uma, com certeza ‘Call On Me’ do Eric Prydz, que foi uma grande referência para mim. Eu vicei muito no CD, tanto que ouvi diversas e diversas vezes.

Um pouco depois, quando já estava um pouco mais maduro e conhecendo mais da música eletrônica, na época da faculdade, conheci o Gui Boratto. Dele, sem dúvida nenhuma, ‘No Turning Back’. Para mim, ele é o artista Top #1 do Brasil, disparado. Sou muito fã dele e inclusive, toquei com ele esses tempos atrás. Ele é uma grande referência para mim.

B4B – E quando a gente fala de começo, como foi sua primeira gig? Foi traumatizante, como é para muitos ou você traz bons momentos dela?

Santti – Depende (risos). Existe a primeira gig que eu toquei e a que eu não toquei. Começando pela que não toquei, que foi a primeira de todas, quando cheguei na festa, com meu produtor e antes de nós entrarmos, chegou a polícia e fechou tudo. Até hoje não sei se for por conta do som ou o que. Sei que saímos de fininho e essa foi a primeira gig de todas.

Agora vamos para a que toquei. Eu comecei minhas gigs depois de já ser produtor, então comecei grande, em Búzios. Lembro que eu ainda estava no Mato Grosso do Sul e uma agência de São Paulo me ligou, mas quando eu via o DDD 11, já achava que era trote ou cobrança. Atendi e me falaram que tinham ouvido meu som e me fizeram a proposta de entrar pra agência, para então venderem meus shows.

Não acreditei muito, mas de repente mandaram passagem, confirmação de hotel e então, fiz a estreia de verdade no Silk Beach Club, em Búzios e foi uma noite muito incrível. Eu toquei o que eu tinha produzido, minha bagagem. Foi muito importante, pois eu toquei pra mim, o que eu queria e não só para o público, no sentido de mudar o set, incluir ou deixar de fora algumas músicas.

B4B – Você possui hits gigantescos com grandes nomes da cena nacional, como Vintage, Cat Dealers, Ownboss. Tem alguém no cenário, principalmente nacional, que você ainda não colaborou e que você tem muita vontade?

Santti – A gente tá ensaiando faz tempo, mas nunca dá certo, é com os caras do Dubdogz. Eu amo o Marquinhos e o Lucas, quando a gente se encontra é sempre uma troca muito legal, a gente se conecta muito bem. A gente até tinha uma collab ali no pente, que quase foi, mas não foi. O Dubdogz é o projeto de pessoas que amo, gosto muito do som deles e espero que nossa música saia em breve.

B4B – Recentemente você lançou ‘Under The Sun’, uma música que traz uma vibe um pouco diferente do que ‘Beautiful and Broken’ e ‘Never Enough’, por exemplo. Como você faz pra decidir o mood que suas músicas vão ter? 

Santti – Quando comecei a ter meu contato com a música eletrônica, durante minha infância, eu escutava música de manhã ou de tarde. Eu sempre fui um DJ que gosta de tocar pela manhã, durante o dia e para mim, o sol presente no meu set, sempre me deu uma energia a mais, torna o momento ainda mais especial, seja durante o nascer ou o por do sol.

Essa repaginada que estou fazendo no meu som, é para trazer uma sonoridade mais alegre. Senti que nos últimos anos, a música eletrônica seguiu para um caminho comercial com uma vibe mais triste, mais melancólico, muito “cavernoso”. Eu quero ir contra isso, quero tirar sorrisos das peças, aquele sentimento mãos para cima. Quero que as pessoas saiam desse momento tão introspectiva.

B4B – Você já passou por diversos grandes festivais e tocou para públicos distintos. Hoje, você se apresentará para um público que provavelmente nunca esteve numa rave ou grande festival, até mesmo por conta da idade ou por não fazerem parte da cena dance music. Como é a preparação para um show como esse?

Santti – Realmente hoje foi muito diferente. Desde as crianças que estão com seus pais, até os fãs que também vieram aqui, então foi um set muito eclético, mas com coisas que eu gosto, da história que construí, com muito amor. Hoje a vibe foi de euforia.

Quando vou tocar em um lugar, em sempre penso no que eu quero transmitir e no que as pessoas querem sentir durante meu set. Se vai ser mais melancólico, mais club, mais psicodélico. As músicas fazem isso, com acordes maiores, menores. Hoje foi um dia alegre. O pai que esteve ali queria dançar e se divertir com o filho.

B4B – Você tornou-se pai esse ano e certamente as coisas mudaram. Como está sua rotina para conciliar a vida pessoal com a profissional? Como está sua rotina?

Santti – Eu brinco com minha equipe que estamos indo trabalhar, mas na verdade eu tô tirando um momento de descanso. Ter um bebê de 6 meses é muita responsabilidade. Você precisa ser uma presença constante, pois a criança depende de você.

Isso diminui nosso tempo de estúdio, de trabalho, mas é muito gratificante. Eu estou na estrada a bastante tempo, por isso estou me dando ao luxo de dedicar um pouco da minha rotina para essa criança. E estou usando esse momento também para repaginar meu projeto no sentido de, poder ouvir as músicas no futuro, mostrar para meu filho e ter orgulho do que fiz.

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Entrevista

Entrevistamos: Jessica Brankka no Ultra Brasil

De frequentadora do Warung ao Ultra Brasil, Jessica Brankka fechou um dos palcos do festival e ainda conversou com nossa equipe.

Uma clubber raiz, que saiu das pistas de dança, até ir parar comandando várias delas. Natural de Curitiba, Jessica Brankka não projetava uma carreira artística, mas isso se desenvolveu de forma muito natural. Na ativa há poucos anos, hoje ela já pode ser considerada uma das grandes mulheres da cena eletrônica nacional e que no feriado de 21 de abril, fechou um dos palcos do Ultra Brasil. Foi lá que ela conversou com nossa equipe. Entrevistamos: Jessica Brankka.

Beat for Beat – Você era frequentadora assídua do Warung, até mesmo numa época em que nem sonhava em tocar. Você lembra quando e como aconteceu o seu despertar” pra vida artística?

Quando eu frequentava o Warung, eu morava do lado dele na verdade. Eu costumo dizer que o Warung foi e é o meu berço. Eu aprendi muita coisa ali. Quando eu frequentava, apenas como público, eu não tinha a mínima noção de que eu viria me tornar uma DJ, que eu tocaria lá. Hoje até faço essa análise quando eu estou lá, pois acho tudo muito louco, de como as coisas mudam e de uma forma rápida.

Tudo veio muito natural pra mim. Eu não nunca tive pretensão de ser artista, eu acho que aconteceu muito naturalmente. Eu comecei a tocar, eu sempre admirava, sempre gostei muito, sempre amei, sempre frequentei esses eventos e quando eu percebi, já estava recebendo convites pra tocar, estava andando com os artistas, as pessoas estavam me elogiando, os amigos me incentivando e fui me envolvendo cada vez mais.

Foi ai que tive o estalo de que eu já estava na cena e então, pensei: “cara eu acho que eu posso tentar, por que não?”. Então veio de maneira muito natural pra mim, não foi nada pensado, no sentido de “eu vou virar uma artista”. A música me fez sentir que isso era possível. O amor pela música me fez pensar que isso me moveria pra esse mundo artístico.

B4B – E você ter ser vizinha do Warung, como foi a primeira vez que você se apresentou lá?

Eu me sentia como uma criança num parque de diversões. Eu olhava aquilo e percebia ainda mais como é incrível aquele lugar. Mesmo hoje, sempre que chego lá, parece que é a mesma emoção. É um lugar que eu admiro muito, é um lugar que eu respeito, é um lugar que eu tenho um amor desde a primeira vez que eu estive lá, foi assim, amor à primeira vista. E é um dos meus clubs favoritos. Eu amo aquele lugar. Estou feliz que que estamos de volta. Está voltando.

Jessica Brankka no Warung

B4B – Inclusive, você é formada em Educação Física. Como foi essa transição do mundo “corporativo clt” pra algo totalmente diferente daquilo que você aprendeu na faculdade?

A música sempre esteve conectada com o meu esporte. A vida super saudável que eu tinha, que eu me dedicava, obviamente é difícil conciliar hoje ainda, mesmo ainda que eu pratique esportes e faça atividade física, foi uma virada de chave completamente. Eu não esperava. Eu amo muito praticar atividade física, esporte, tanto quanto eu amo a música, então foi tranquila pra mim essa transição e até hoje eu consigo ter uma vida saudável, consigo tocar e consigo ser artista, sem deixar algo totalmente de lado.

Eu costumo brincar com a galera de que eu sou a nova geração dos artistas, pois eu tenho impressão de que antes ou você tinha uma vida saudável, se cuidava ou você era artista e hoje mudou muito esse conceito. Você vê vários artistas que conseguem ter uma vida saudável, que conseguem tocar, que conseguem conciliar a rotina e então esse é o meu objetivo de conseguir sempre também me cuidar e ter a minha vida artística mais saudável.

B4B – E você tenta transmitir isso de alguma forma para os seus seguidores, seus ouvintes: vamos fazer as duas coisas, a gente consegue ir para uma rave, mas também consegue ser saudável ao mesmo tempo?

Eu consigo sim ter essa conversa as vezes, entro em debate com os meus amigos, pois as pessoas são muito oito ou oitenta. Eu não sou oito ou oitenta, eu consigo ter esse equilíbrio de que se exagerei, se eu passei do muito do horário, por conta de uma festa que toquei muito tarde, eu sempre busco fazer uma compensação. Quando eu extrapolo, eu tento me cuidar mais durante a semana, eu tenho sempre cuidar do sono, então acho que dá sim pra conciliar as coisas.

Eu pretendo cada vez mais trazer isso para as pessoas. É uma cultura muito errônea de achar que quem faz festa não se cuida, não consegue ter uma vida saudável, acho que dá pra ter um equilíbrio. Eu tenho esse equilíbrio e espero conseguir ter sempre.

B4B – Você tem cerca de 4 anos de carreira e já alcançou feitos importantes, como tocar hoje no Ultra. Como você vê essa ascensão meteórica?

Às vezes a gente não tem consciência, quem tá dentro não consegue ter essa visão tão ampla de que foi tão rápido. Quem está nos bastidores sabe o que aconteceu, o que passamos para chegar onde chegamos. Então, para mim, não parece que foi tão rápido. Mas se eu parar e analisar realmente em anos, pensando que eu comecei em 2019, onde eu estou e tudo que eu venho construindo, que eu construí até agora, de fato foi rápido sim, mas com muito trabalho, dedicação.

Muito depende de você, das suas metas, do quão você está disposto, a se dedicar para aquilo que você se dispõe. Não foi tão rápido, mas também não foi tão lento, eu acho que foi na medida certa. A gente vive num mundo muito acelerado, querendo as coisas pra ontem, a gente é muito imediatista e eu tenho um pouco disso, de querer tipo fazer as coisas rápido. Por que ser lenta, se eu posso ser rápida, se eu posso ser ágil no meu processo?

Jessica Brankka no backstage do Ultra Brasil

B4B – E uma das coisas que você falava bastante no começo, é que você queria ser mais do que um rostinho bonito, para que a indústria não colocasse sua beleza em primeiro lugar. Você acha que conseguiu atingir seu objetivo?

Eu acredito que sim. Esse era meu maior desafio no inicio, pois as pessoas sempre acham que a beleza é sinônimo de não competência, que ser bonito basta ou não basta e na verdade eu não entrei para querer mostrar um rosto bonito, eu queria e quero até hoje, mostrar minha música. Eu quero que meu som venha a frente de qualquer coisa.

Hoje eu posso dizer que boa parte dessa barreira envolvendo beleza e musicalidade já foi quebrada, pois estou tocando cada vez mais, mostrando para as pessoas meu objetivo como artista, meu propósito.

E o reflexo disso, é você, por ser mulher, fechando um dos palcos do Ultra. Como foi sua apresentação? O que você sentiu?

Eu sempre sonhei tocar no Ultra, um dos maiores do mundo, mais respeitados e poder encerrar um dos palcos é uma felicidade imensa. Eu não esperava que fosse rápido dessa forma, esse lugar de destaque e poder tocar, representar meu país, no meu país, é algo ainda mais especial.

Eu estou muito grata, isso me faz ter a certeza de que estou no caminho certo, que estou de acordo com meu propósito, que as coisas estão acontecendo da forma como a gente esperava, desejava e trabalhou muito desde 2019.

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Entrevista

Entrevistamos: Nora En Pure no Lollapalooza Brasil

Nora En Pure, que ama compartilhar seu sentimentos através da música, também admira o silêncio da natureza. Confira nossa entrevista!

Lollapalooza Brasil, backstage. Enquanto diversos artistas e convidados super produzidos estão naquele vai e vem, uma atração do palco Perry vai na contramão. Natural da África da Sul, mas que hoje mora na Suíça, Nora en Pure foi de uma simplicidade sem tamanho. De camiseta, shorts e chinelo, um look bem parecido com os que posta em suas fotos no Instagram, ela nos recebeu para um papo leve e descontraído, que você confere agora. Entrevistamos: Nora En Pure.

Beat for Beat – Pra começar, queremos falar sobre ‘Indulgence’, um dos seus últimos lançamentos. Pode contar pra gente um pouquinho sobre o processo criativo dela?

Nora En Pure – Eu comecei a música no último ano, quando comecei a compor algumas partes, como o bass line. Um tempo depois surgiu um arp mais entusiástico e a ideia era ver como os dois elementos soariam juntos, já que um é mais dramático e o outro mais pra cima, feliz. Foi como combinar dois opostos e a música surgiu.

B4B – A sua música possui algumas influências de melódico. Numa época em que o melódico está muito em alta, como fazer para se destacar?

Nora En Pure – De alguma forma é até bom que exista esse hype do melódico hoje em dia, mais pro techno, por assim dizer, mas isso faz com que mais portas sejam abertas, nos dá uma plataforma. Como você mesmo disse, é preciso que você se mantenha único, apresentar sua própria sonoridade, fazer com que as pessoas possam reconhecer sua música.

Hoje, não vejo meu som como totalmente melódico. Acredito que o hype seja algo mais na linha da Afterlife, mais underground. Minha sonoridade é mais feliz. Quero fazer com que as pessoas sintam-se felizes, pensamentos positivos. Eu sinto uma vibe mais “dark” no melódico que está em alta hoje e mesmo que minha música tenha elementos mais melódicos, eu prefiro seguir uma linha mais positiva, de felicidade. Eu quero que as pessoas, enquanto esteja ouvindo minha música, possam se conectar com ela, com o que estão fazendo, com aquele momento.

Mas voltando ao começo da pergunta, acredito que para se destacar você precisa se preocupar com os pequenos detalhes. Eu mesma, sempre coloco algum som orgânico, algo mais natural. Não seguir apenas uma tendência, fazer aquilo que você realmente sente, mesmo com tantos artistas existentes no mercado hoje, você conseguirá o destaque que procura.

B4B – E você coloca seus próprios sentimentos nas músicas ou tenta colocar um sentimento que seja mais geral a todos?

Nora En Pure – Um pouco das duas coisas. Eu tento colocar alguns sentimentos pessoais, mas também aqueles que percebo que sejam comuns entre as pessoas que me escutam. Eu tento quebrar as barreiras e tocar você com minha música.

B4B – Quem te acompanha, sabe que você curte surfar, mergulhar. Como é sua conexão com a natureza?

Nora En Pure – É simplesmente quem eu sou. Eu cresci na África do Sul, bem próxima a natureza e faz parte dos meus fundamentos. Nesse mundo onde vivemos tão ocupados, eu tento sempre encontrar um lugar para me desconectar. Eu encontrei isso na música e na natureza e quando consigo combinar isso, é o melhor que posso fazer por mim.

Eu espero que isso também possa servir de inspiração para outras pessoas. Gostaria que as pessoas pudessem sentir o que sinto quando estou em contato com a natureza. Sem sinal, sem celular, sem trânsito, só curtindo o silêncio ao seu redor, o que é totalmente oposto a música.

B4B – Então você curte bastante ficar offline?

Nora En Pure – Com certeza! O tempo todo, sempre que posso. Claro que preciso usar o Instagram algumas vezes, postar algumas fotos de onde toquei. Eu também não tenho uma equipe de social media, pois acredito muito mais na conexão humana, mesmo que numa rede social. Hoje faz parte do nosso trabalho, mas se pudermos evitar um pouco, evite.

B4B – A sua label já lançou alguns artistas brasileiros, como PACS. Como é o processo de escolhas dos artistas que a Purified lança? Você participa do processo?

Nora En Pure – Participar? Eu faço tudo eu mesma (risos). Eu escuto toda demo que chega até a Purified e então eu envio para meu time, para decidirmos juntos sobre os lançamentos. Não importante se você tem muitos seguidores ou se você é uma pessoa “desconhecida”, o que avaliaremos primeiro sempre será a música.

Claro que depois vamos verificar a visão do artista, procurar saber mais sobre o projeto, pois existem diferentes tipos de músicas e de profissionais e precisamos buscar quem também esteja alinhado a nós. E aqui, já digo que quem quiser nos enviar uma demo, faça isso. Iremos ouvir!

B4B – E agora, falando de Lollapalloza Brasil, como foi tocar hoje no evento? 

Nora En Pure – Eu toquei um mix de músicas mais clássicas e algumas novas, pois fazia 4 anos desde minha última passagem por aqui. Eu lembro que anos atrás, eu chegava a vir 3 ou 4 vezes no ano e agora, estive longe por muito tempo. Vocês puderam ouvir meu som, aquilo que gosto de produzir, lançar na gravadora. Foi algo muito genuíno de mim.

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Entrevista

Entrevistamos: Devochka no Lollapalooza Brasil

Após reinventar-se musicalmente falando, Devochka se apresentou no Lollapalooza Brasil e conversou com nossa redação.

Mulher, DJ, Produtora, com 12 anos de carreira, entre ser DJ e Produtora, Devochka sempre foi uma grande potência feminina na cena eletrônica brasileira. Ela, que começou com um som mais pesado, mudou de sonoridade, foi julgada, mas se reergueu como uma fênix, fez um belíssimo show no último Lollapalooza Brasil  e conversou com nossa redação, falando sobre seu passado, presente, é claro, um pouco do futuro. Entrevistamos: Devochka!

Beat for Beat – Pra começar, um tema até clichê, mas que vem mudando. Neste Lolla, pudemos perceber a presença de mais mulheres no line, mudando aquela imagem que apenas homens dominavam a cena. Como é participar desse momento de quase igualdade dos gêneros nos lines?

Devochka – Inclusive, essa foi uma das coisas que mais admirei esse ano, quando vi o line do festival. É muito incrível ver que finalmente estão fazendo isso, fazendo essa igualdade de gêneros no line. Isso é importante pois as vezes, é uma coisa que vem de base, a questão da predominância masculina e hoje, eles estão dando oportunidade para meninas que são tão boas quanto os homens, de virem mostrar seus trabalhos.

Eu li um comentário que me marcou muito: “Beleza, colocar mulher pela militância, mas ai vai cair a qualidade do festival“. Eu fiquei estarrecida, o que fez a pessoa pensar que mulher diminuiria a qualidade sonora do evento? Então hoje, virmos como mulheres, para entregarmos uma boa apresentação, será muito importante para nós, para o festival e para nossa cultura de música.

B4B – E convenhamos, sem citar nomes, tem muita mulher que toca muito melhor que vários homens por ai…

Devochka – Isso é você quem tá falando haha. Mas sem militar, estou muito feliz com a atitude do festival e acho que outros festivais, principalmente os grandes, precisam tomar essa mesma atitude. Vamos torcer para que dê certo.

B4B – Esse ano você completa 10 anos desde seu start como produtora. Como é olhar pra trás e ver seu começo? O que mais mudou nas suas produções desde 2013?

Nossa, verdade, você estudou a Devochka! Eu comecei tocando, como DJ e comecei a bombar música de outras pessoas, aquelas que eu colocava no meu set, então pensei que eu também queria bombar minhas próprias músicas, quero aprender a produzir e foi ali em 2013, quando eu larguei meu trabalho “formal”, meti o louco e comecei a produzir. São 10 anos desde então, obrigada por me lembrar disso!

A experiência é tudo na vida. Eu sempre falo que a gente precisa viver para aprender, entender, a vivência é a base de muita coisa. Lá atrás, quando eu comecei, eu tinha pouca noção, pois eu não tinha viajado tanto ainda. Eu praticamente nem tinha saído de Belo Horizonte ainda, então quando você começa a tocar em vários eventos, de diversos lugares, com culturas diferentes, pessoas diferentes, você vai absorvendo tudo que uma pista precisa. Cada pista é uma pista e você precisa mesclar para chegar em algo que seja homogêneo.

Eu vejo hoje uma evolução não só como produtora, mas como DJ, artista, mulher, uma evolução como um todo, pela minha vontade de aprender mais. Eu comecei a buscar muitas referências, principalmente para fazer o meu som atual, com influências de muito DJ gringo, mas colocando aquele jeitinho brasileiro.

Tudo tem um começo. Você começa lá embaixo e vai evoluindo. Eu busquei essa evolução.

B4B – Você já disse que “era do Slipknot” do eletrônico, mas que com o passar dos anos, foi mudando sua sonoridade. Como você decide o que produzir hoje? Como é seu processo criativo?

Devochka – De fato por muitas vezes eu “fui o Slipknot da música eletrônica”, eu tocava um som mais pesado, até que comecei a não me identificar mais com aquele som. Tanto que por isso, eu tive uma fase muito difícil da minha vida e carreira, que foi quando decidi me reinventar 100%. Eu não troquei uma coisa ou outra, eu sai “do Slipknot” e fui para uma coisa totalmente diferente. Hoje, minhas referências são Chris Lake, Kyle Watson, artistas que eu gosto bastante.

Eu funciono assim, eu ouvi alguma coisa, ou toco no fim de semana, eu volto muito empolgada, pois sei como a pista reagiu e posso usar aquela música como referência. Eu gosto de ouvir coisas, de todos os estilos musicais possíveis, pra trazer referências para a Devochka.

B4B – Vamos falar de Lolla agora. Conte foi a sensação de tocar nesse grande festival do Brasil e do mundo? Como estava o coração?

Devochka – Por incrível que pareça, eu estava bem calma. Eu lembro quando toquei no meu primeiro Lolla, em 2018, quando fui a primeira a tocar e foi incrível. As pessoas chegaram cedo para me verem tocar.

Hoje, por mais que tenha sido minha segunda vez, foi como se fosse a primeira, um renascimento. Depois que troquei minha linha de som, em 2020, eu fui muito julgada. Com a pandemia, eu não consegui mostrar esse meu trabalho, tanto que o Lolla hoje, nessa nova fase da Devochka, foi o primeiro festival gigante que toquei. Eu mostrei o novo eu, minha nova sonoridade. Foi tudo muito diferente de 2018.

Eu me preparei bastante. Refiz algumas músicas que toquei e que ainda não havia tocado em lugar nenhum. Foi muito legal!

B4B – Pensando já no futuro, o que podemos esperar de Devochka para o resto de 2023?

Devochka – Eu relancei recentemente uma das minhas músicas, ‘She Wanna 2.0’, com essa nova sonoridade minha e acabei fazendo mais duas para o show de hoje, que também vou lançar. São músicas das antigas, que a galera curte bastante e que vão poder ouvir em uma nova versão.

Fora esses lançamentos, eu costumo dizer que estou zero planos. Eu estou vivendo a vida. Por muito tempo durante minha carreira nesses últimos anos, 12 anos como DJ, 10 como produtora, eu sempre quis planejar muito e quando você coloca tanta expectativa, você acaba se decepcionando, pois você não conseguiu entregar aquilo que queria.

Por isso também que hoje eu toquei bem relaxada. Eu vim aqui, eu sei do que sou capaz, da minha experiência e por isso me entreguei de corpo e alma. É o Lollapalooza!

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Entrevista

Entrevistamos: Alison Wonderland

Prestes a se apresentar no Lollapalooza Brasil, A DJ e Produtora Australiana, Alison Wonderland, conversou com o B4B. Confira!

Australiana, uma das mulheres mais importantes da cena Bass Music mundial, dona de uma discografia impecável e diversos talentos, Alison Wonderland é uma daquelas artistas completas. Atração do Lollapalooza Brasil, que acontece no próximo fim  de semana, em São Paulo, DJ e Produtora conversou com nossa redação, falando sobre seu passado, presente e claro, seu show em nosso país. Confira o papo na íntegra, logo abaixo:

Beat for Beat – Sabemos do seu passado com a música clássica e que, posteriormente, você migrou para a música eletrônica. Você lembra exatamente como aconteceu essa mudança? Que memórias tem dos seus primeiros  contatos com a dance music?

Alison Wonderland  Eu lembro um pouco. Eu lembro quando parei de tocar violoncelo e quando passei a fazer parte de uma banda de punk um pouco depois. Foi através dessa banda, que tive os primeiros contatos com os nightclubs e então, fui exposta de verdade a música eletrônica. Antes disso, os únicos artistas de dance music que eu realmente amava eram The Prodigy e Fatboy Slim, sabia que tinha muita coisa além disso, mas era o que eu ouvia.

Frequentando os clubs, conheci The Knife, um duo sueco que eu fiquei obcecada e foi neste momento que eu percebi que eu queria fazer música eletrônica. Foi um verdadeiro “clique” para mim e soou até estranho, pois de repente eu pensei “essa é a coisa mais incrível que já ouvi e é o que eu quero fazer”. É muito bom quando você descobre algo para você mesma, que muda totalmente o curso da sua vida.

Outra memória que tenho, foi quando ouvi Hudson Mohawke pela primeira vez, em meados de 2009, percebendo que ele fazia beat de forma diferente. Foi então que minha mente se abriu mais uma vez, quando percebi que podia trazer os sintetizadores do The Knife, com beats mais quebrados, como Hudson Mohawke e aquilo chegou bem perto da ideia geral que eu tinha para a minha música. São essas duas grandes memórias que tenho da minha vinda para a dance music.

Você veio da Austrália, que tem uma  cena diferente dos outros países. Como foi começar sua carreira por lá e como você vê a cena da música eletrônica do mundo, atualmente?

Alison Wonderland  O Brasil tem sua cena, os EUA também, assim como a Austrália possui suas particularidades. Consigo lembrar que quando eu estava começando, com uma sonoridade mais alternativa, que eu encontrei várias pessoas fazendo coisas juntas. Uma verdadeira comunidade.

Acabei de voltar da Austrália, por exemplo, e lá tínhamos eu e Flume, além de outros grandes artistas, que muitos caracterizavam como “sonoridade Australiana”, mas estávamos fazendo apenas música. Nós encontramos essa forma muito nossa de fazer música e acabamos nos apoiando um nos outros e isso foi um grande momento na cena Australiana, com toda certeza.

Nós ainda somos amigos. Nos falamos sempre, todos os artistas australianos, vamos uns nas casas dos outros, compartilhamos músicas, tocamos coisas um dos outros e isso é o que sinto falta hoje, desse senso de camaradagem. Hoje as pessoas estão apenas batalhando umas contras as outras, é difícil ser visto, as pessoas que fazem coisas em comum não se apoiam mais para um dar suporte ao outro.

Inclusive, eu tenho um pouco de medo do que virá a seguir, musicalmente falando, pois tem muito “barulho” nas plataformas e menos música. Hoje, querem que a gente fique criando conteúdo para as redes o tempo todo, deixando o lado musical quase como secundário. Serão tempos muito difíceis para a música e ter de volta esse sendo de comunidade me deixaria muito feliz e perceber que é possível fazer tudo acontecer de forma natural.

Ano passado você lançou seu último álbum, ‘Loner’. Pode nos contar um pouco sobre o álbum? Como foi a criação dele e o que ele representa para você?

Alison Wonderland ‘Loner’ teve um processo criativo um pouco diferente para mim, pois o mundo estava entrando numa pandemia, as pessoas começando a surtar e então, eu foquei um pouco mais em mim. O álbum não traz nenhuma colaboração, eu quis fazer algo totalmente sozinha, antes de voltar a chamar pessoas para fazer algo comigo. Usei a produção desse álbum para refletir em mim.

A principal diferença entre este álbum e todos os outros, é que quando parei para ouvir, todos traziam um tema em comum, que era eu me vitimizando e eu decidi que não queria fazer mais isso. Quando refleti para a minha vida atual, a minha vida real, tive certeza de que não quero ser mais uma vítima. Eu quero vencer na vida.

Esse álbum traz uma mensagem de esperança para mim. É meu álbum favorito entre todos os meus já lançados, sem dúvida nenhuma, pois traz meus pensamentos mais positivos.

Foi difícil compor, obviamente, estávamos numa pandemia. Eram tempos diferentes. Não havia mais shows e quando lembro do processo com o álbum anterior, ainda havia um pequeno time me ajudando nisso, eu até gostava, mas já estava também na hora de eu fazer algo sozinha, internalizando todos os processos.

Claro, precisamos falar sobre o Brasil. Você está vindo para nosso país mais uma vez, você gosta daqui? Como se sente tocando em nosso país?

Alison Wonderland Eu amo o Brasil! Não estou brincando quando digo que eu amo seu país. Quando eu recebi a proposta para tocar no Lollapalooza Brasil, eu fiquei muito animada. Falei logo para meu manager: “Não quero saber de nada, eu vou, eu vou, eu vou! Estou de volta ao LollaBR”. Meu show anterior no Lolla foi um dos mais insanos da minha carreira. Eu lembro do público, de me acompanharem em todas músicas. Óbvio que amo seu país!

E sobre o show propriamente dito, consegue nos adiantar algo?

Alison Wonderland  Eu vou trazer meu show audiovisual completo, o que não aconteceu da última vez. Teremos muitos vídeos selecionados especialmente para o show, proporcionando dessa vez uma experiência completa e estou muito ansiosa para isso.

O público brasileiro é muito especial, pois é raro encontrar pistas onde todos estão ali, conectados com a música e deixando todo o resto de lado por aqueles momentos. Eu amo estar no Brasil e será muito especial. Nós veremos no Lollapalooza Brasil!

Os ingressos para o Lollapalooza Brasil ainda estão disponíveis e você pode comprar o seu clicando aqui.

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Entrevista

Entrevistamos: Quintino

Quintino, um dos principais nomes da dance music mainstream, teve uma rápida passagem pelo Brasil, no Ame Laroc Festival. Leia nossa entrevista na íntegra.

Quintino no Ame Laroc Festival (Arquivo pessoal, 2023)

Quintino, produtor holandês que é um dos principais talentos da cena global mainstream, começou a dar grandes passos na sua carreira nos anos 2010. Conhecido por seus grandes remixes para mainstage, o DJ ficou mundialmente famoso com o remix de sucesso “Rap das Armas”. Descoberto por Laidback Luke e amigo de longa data de Hardwell, Quintino possui grandes lançamentos em seu repertório gigantesco, entre as últimas colabs podemos citar nomes como Dimitri Vegas e Like Mike e Steve Aoki.

Em sua passagem pelo Ame Laroc Festival, conversamos sobre sua carreira, sua recente paternidade e também sobre projetos futuros, confira nossa entrevista na íntegra:

B4B: Sua relação com o Brasil sempre foi muito íntima. Uma das principais razões da qual você foi descoberto foi seu remix para “Rap das Armas”. Consegue nos contar um pouco sua história sobre como foi essa pesquisa e o processo produtivo?

Quintino: Isso foi há muito tempo, naquela época o house com influências latinas era muito popular na Holanda, então eu estava procurando ativamente por samples e vocais do tipo e lembro que encontrei esse vocal de “Rap das Armas” gostei da energia. Trabalhei no estúdio para produzir uma música e saiu um dos maiores sucessos daquele ano na Holanda, que chegou a alcançar o primeiro lugar nas paradas.

Quintino, no Tomorrowland Bélgica, 2022

B4B: Aproveitando essa oportunidade em dialogar um pouquinho mais sobre seu início de carreira, como é sua amizade com Laidback Luke? Você possuem uma relação próxima?

Quintino: Bem, ser um artista itinerante é sempre difícil, já que geralmente estamos em diferentes partes do mundo, mantemos contato enviando mensagens de texto e novas músicas, mas sim, somos amigos íntimos e sempre que nos encontramos em um festival, sempre leva um tempo para tirar recuperar o atraso da nossa amizade.

B4B: Você recebeu o dom da paternidade recentemente. Como você divide sua rotina diária, agora sendo pai?

Quintino: Amo ser pai! Melhor coisa do mundo. Bom, se eu estou em casa, tento mesmo ficar em casa, cuidar da minha família. Equilibro estar em casa e no estúdio. A coisa mais difícil ultimamente é eu estar longe, mas amo meu trabalho e amo fazer shows para meus fãs, então só devo encontrar sempre o equilíbrio perfeito.

B4B: Seus fãs estão ansiosos por esta passagem ao Brasil. Seu nome sempre foi muito pedido nas redes sociais do Laroc. Como estão seus preparativos para este show no Ame Laroc Festival?

Quintino: Será um pouco especial! Sempre adorei vir para o Brasil e sabendo que o Laroc não é apenas um club, mas parece um festival. Acabei trazendo muita música nova comigo, há alguns artistas incríveis tocando antes de mim, Diplo, John Summit, Meduza. Prometo encerrar a noite com um set cheio de energia e muita música nova.

B4B: Este ano promete ser grandioso para sua carreira. O que temos de novidades para Quintino em 2023?

Quintino: Este ano tenho me concentrado em muitas colaborações musicais. Já lancei “Name of your DJ’ com o 3 Are Legend (Dimitri Vegas, Like Mike e Steve Aoki). Minha colab com Hardwell será lançada no início de março e algumas outras grandes colaborações estão chegando ainda este ano, as quais tocarei em seu set no Laroc.

B4B: Existem muitos DJs e produtores brasileiros que também se inspiram no seu trabalho. Que mensagem você deixaria para essa galera que está começando?

Quintino: Seja você mesmo, seja autêntico.

Quintino no Ame Laroc Festival, 2023
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Entrevista

Entrevistamos: TOYZZ

Realizando um sonho e lançando pela TECHNE Records, o DJ e Produtor espanhol, TOYZZ, conversou com a nossa redação. Confira!

O DJ e produtor musical espanhol TOYZZ tem ganhado mais espaço na cena eletrônica além de seu estúdio. Ele acaba de realizar um sonho, lançando sua nova faixa ‘ASI’ pela TECHNE Records, gravadora do DJ Noizu. Em conversa com o artista, ficamos sabendo um pouco mais sobre o seu próximo lançamento e sobre os objetivos da carreira. Leia abaixo para conhecer um pouco mais sobre esse projeto.

Beat for Beat – “Asi” foi lançada pela TECHNE Records, gravadora de um dos grandes nomes do tech house: Noizu. Como aconteceu esse contato?

TOYZZ – Temos tentado contato há algum tempo, mas a track não se encaixava nos padrões da label, e por isso rejeitaram algumas das minhas demos. Com “ASI”, me responderam imediatamente, prepararam tudo para que este lançamento acontecesse, e com isso eu fiquei muito feliz. Foi um sonho que se tornou realidade, porque eu acompanho Noizu desde os seus primeiros lançamentos, e ter o seu apoio desta forma é algo que me deixa muito orgulhoso.

Para esse ano você ainda tem um lançamento na gravadora do Wade, a Criterio Music. Como aconteceu essa conexão e quais são suas expectativas ao lançar pela label?</strong

Enviei a Wade algumas demos no ano passado, mas o meu estilo era um pouco pesado para  seus sets. Este verão enviei uma playlist de 20 faixas não lançadas e ele escolheu duas delas, uma era “ASI”, e a outra que ele assinou chamada “Muevelo”. Me lembro que ele enviava alguns vídeos dele tocando a track em Nova Iorque, Itália, Espanha… e fiquei chocado com a reação do público. Ainda é inacreditável.

‘ASI’ já está sendo tocada nas pistas? Se sim, qual tem sido a reação do público?

Viajei até Criterio, na Sevilla, para ver a reação do público a estas faixas, e fiquei espantado ao ver 10 mil pessoas dançando ao som de: “Asi, así, así me gusta a mí”. Além disso, o apoio dos artistas está sendo incrível, desde Wade, Malaa, John Summit até Solardo, Paco Osuna e outros talentos musicais. Ainda não tive oportunidade de tocá-la na pista, mas estamos trabalhando muito duro para que isto aconteça muito em breve.

Sendo espanhol e morando na Europa, lugar muito conhecido por ter um verão badalado, você tem o sonho de tocar em qual grande festa ou festival?

Tenho sonhado muito com isso, em 2013 viajei para Ibiza e fiquei chocado com a  quantidade de músicas incríveis que tocaram por lá (Amnésia, Pacha, Ushuaïa) e depois decidi começar a minha viagem musical com EDM. Por isso, ficarei tão feliz por recuperar as minhas raízes musicais, é mais como um objetivo espiritual do que tocar ao vivo. Falando de festival, adoraria tocar no Coachella, por causa da cena musical alternativa de lá, e acho que me encaixo mais lá do que em qualquer outro festival de mainstream, mas de qualquer forma terei todo o prazer em visitar qualquer festival do mundo.

O que você sente ao tocar para o seu público?

Sendo honesto, fico um pouco nervoso quando toco ao vivo porque sou muito perfeccionista, e isso me leva para um lugar difícil de gerir, mas estou trabalhando nisso. Penso que é normal, sou um homem das cavernas de um estúdio de música e sair é assustador, mas estou aprendendo a pensar de forma diferente e tomo isso como um desafio. Para a minha psicóloga Teresa, preciso dizer que estou fazendo isso do jeito certo.

Gostou de ficar um pouco mais por dentro do projeto espanhol de tech house TOYZZ? Então não deixe de conferir ‘ASI’ em todas as plataformas digitais, e siga o artista em suas redes sociais para não perder nenhuma novidade que vem por aí.

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Entrevista

Entrevistamos: Henrique Camacho

Batemos um papo com o expressivo DJ e produtor de Progressive Trance e Hi-Tech que acaba de lançar seu novo álbum, “Metamorfose”

Henrique Camacho

 

Henrique Camacho foi revelado ao vencer um concurso da XXXperience Festival em parceria com a Universidade Anhembi Morumbi e D-Edge com singelos 16 anos, ganhando uma bolsa integral para estudar produção fonográfica com ênfase em música eletrônica.São 12 anos dessa jornada como produtor e 10 anos em atividade como DJ, o que já rendeu à Camacho apresentações por algumas boas pistas como Garden Festival , Moving Festival, Atmosphere Festival (México), Great Indian Gathering (Índia), Psychedelic Circus (Argentina), Techno Privados (Colômbia) Klangwelten (Alemanha) e muito mais…

Tours Internacionais 2022
Só este ano, o artista passou por Alemanha, Argentina, Colômbia, Índia e México.

Na produção musical, não espere expressividade menor por parte do produtor que entrega excelentes faixas seja colo, como “Contagiante II” (15 Milhões de views só no Youtube) “Sevilla” “Maharani Hi-Tech” e “Catalunya” — 4 grandes sucessos —, ou em colaborações com nomes como Chapeleiro, Mandragora e Raz.

Batemos um papo com o DJ e produtor musical para entender melhor seu background, referências, objetivos e seu novo álbum, Metamorfose, que você pode ouvir abaixo:

Beat for Beat Olá Henrique, seja bem-vindo ao B4B! Acho que nada mais justo do que começarmos contextualizando seu background. O que te motivou, aos 16 anos, a entrar em um concurso (e ganhar)?

Henrique Camacho Fala pessoal da B4B!! Muito legal conversar com vocês!! Então, naquela época, por conta da idade, eu tinha dificuldades em conseguir festas para tocar, todos diziam que eu precisava de um certificado do curso de DJ. Então quando fiquei sabendo desse concurso da XXXperience, era um projeto social deles e eu entrei priorizando o certificado no final, e no fim acabei vencendo o concurso e conseguindo a bolsa pra faculdade..

Beat for Beat Desde aquela época, há 10 anos atrás, você já tinha plena convicção de que era a música o que você quer da vida?

Henrique Camacho Com certeza! Desde os 14 anos, quando comecei tocar em um buffet infantil, comecei pesquisar sobre produção musical , fui aprendendo aos poucos, evoluindo música após música e desde então, é o que mais amo fazer!

Beat for Beat: Você passou por alguns dos palcos mais validados do Trance nacional além de boas experiências internacionais. O que acha que te conduziu à esse nível?

Henrique Camacho Acredito que ter feito músicas que tocaram as pessoas de alguma forma, tento passar boa energia para as pessoas em todas as apresentações, para criar uma conexão com todos os fãs e fazer um show especial.

Beat for Beat Além das boas gigs, são várias colaborações e remixes para grandes nomes. Como você interpreta o que te habilita para estar no meio de algumas das maiores referências do Trance na atualidade?

Henrique Camacho Acho que ter trabalhado duro todos esses anos, me deu a oportunidade de conhecer e  ser amigo de grandes artistas, e também oportunidade de mostrar meu trabalho mais a fundo para alguns deles, e como consequência, saíram algumas músicas de sucesso e isso me deixa muito feliz!!

Beat for Beat E agora você lançou seu novo disco…

Henrique Camacho SIMM!! Esse novo álbum é muito importante pra mim, se chama “Metamorfose” e tem 8 faixas.Escolhi o nome Metamorfose, porque quis fazer um álbum que não seguisse um padrão, e Metamorfose significa “Transformação ou Mudança completa”, que é basicamente meu set hahaha, então fui criando as músicas de acordo com o humor do dia, sem pensar em seguir uma linha de BPM ou Vertente.

E esse foi o resultado, o álbum tem músicas melódicas, algumas mais sérias e aceleradas, outras com mais explosão, transitando entre o Prog e o Hi-Tech, e eu espero que as pessoas gostem!!

Beat for Beat Para finalizarmos, rola um spoiler dos futuros projetos? Valeu pelo papo, Henrique!

Henrique Camacho Já tem bastante coisa nova pra ser lançada, tem muitos singles solo, e muitas collabs também, algumas delas são com: Shanti People, Chapeleiro, Mandragora, Raz e mais algumas que sairão mais pra frente.. Gostaria de agradecer a B4B por esse papo =D TAMO JUNTOOOO!!

Henrique Camacho está no Instagram , Spotify e YouTube.

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Entrevista

Entrevistamos: Chemical Surf

Lucas e Hugo são irmãos e parceiros de estúdio. Com diversos hits e colaborações de sucesso, o Chemical Surf é hoje uma das maiores duplas de DJs do nosso país.

Chemical Surf

De Maringá para o mundo, Lucas e Hugo desde 2003 se esforçam assiduamente para levarem o projeto Chemical Surf para o mundo. Com remixes de grandes faixas brasileiras como “Verdinha” de Ludmilla e com colaborações com grandes nomes da dance music como Kaskade, a dupla recentemente fez uma grande tour pela Europa, tocando até no Tomorrowland. Conversamos com Chemical Surf sobre seu início de carreira, últimos lançamentos e sobre sua apresentação no palco New Dance Order do Rock in Rio, maior festival de música do nosso país. Confira nosso papo:

Beat for Beat: Parabéns, já é o quarto Rock in Rio, e vamos voltar ao passado, quais foram as primeiras memórias de vocês ouvindo música juntos e como vocês trouxeram essas memórias para o projeto?

Chemical Surf: Nós sempre tivemos um gosto musical muito parecido, e quando começamos a produzir e tocar juntos, lá em 2003, não sabíamos se ia dar certo, mas gostávamos muito de música. E em uma festinha pequena, nós íamos nos apresentar de forma separada e no fim acabamos decidindo se apresentar juntos e a galera já elogiou bastante. A partir daí eram duas cabeças pensando como uma.

Beat for Beat: E como funciona o processo produtivo de vocês no estúdio? Vocês conseguem trabalhar juntos, se dividem? Como funciona a rotina de vocês?

Chemical Surf: Nós trabalhamos bastante juntos, como somos irmãos, raramente sai algumas discussões e se acontece alguma briga, é questão de 5 minutos e já estamos juntos novamente.

Chemical Surf

Beat for Beat: Recentemente vocês produziram um remix para “Verdinha” de Ludmilla, como foi tocar essa track lá fora? Como vocês viram a aceitação do público com o funk e com as músicas em português?

Chemical Surf: A galera tá se interessando mais, depois da febre do espanhol, sentimos que o português já é muito mais aceito lá fora. Tem muito gringo tocando nosso remix lá e a galera super curte

Beat for Beat: Por falar em exterior, vocês fizeram o Tomorrowland recentemente, como foi a sensação de tocar no maior festival de música eletrônica do mundo?

Chemical Surf: Foi emocionante, é um sonho realizado para a gente. A gente sempre trabalhou para estarmos nos maiores festivais de música do mundo e o Tomorrowland não é diferente, foi sensacional. Foi quase uma década no Rock in Rio e Lollapalooza Brasil e finalmente começamos a trabalhar bastante no exterior, isso também mostra que temos uma cena cada dia mais sólida lá fora.

Chemical Surf no Lollapalooza Brasil

Beat for Beat: Vocês também produziram uma colaboração com o Kaskade, que também se apresentou no New Dance Order no mesmo dia que vocês, como foi trabalhar com este que é um dos maiores nomes da dance music atualmente?

Chemical Surf: Ele sempre nos dava suporte em algumas faixas e víamos que ele nos seguia nas redes sociais e encaminhamos uma mensagem e começamos a conversar, ele mesmo nos chamou para criarmos uma faixa juntos. Depois fomos para Los Angeles, trabalhar no estúdio com ele e acabamos trazendo o timbre brasileiro para a track, com bastante percussão e acabamos pegando uma cuíca para incorporar a track.

Beat for Beat: E para encerrar, como é voltar pra casa, depois de uma tour enorme lá fora e ainda de cara vir tocar no New Dance Order do Rock in Rio?

Chemical Surf: É nossa quarta vez, mas é como se fosse a primeira. Esses grandes festivais dá sempre um frio na barriga, a relevância do Rock in Rio é enorme, o Brasil todo está vendo o que preparamos para o set. Trabalhamos em bastante edits, pensamos bastante nos nossos hits e a gente tá feliz demais pela entrega!

Parabéns pelo show e obrigado pela entrevista Chemical Surf!

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Entrevista

Entrevistamos: Cat Dealers no Rock in Rio

Retornando de uma bem sucedida tour europeia, a dupla Cat Dealers se apresentou no Rock in Rio e conversou com a gente. Confira!

Foto: Matheus Coutinho

Irmãos, parceiros de produção, representantes brasileiros que viajam o mundo levando seu som. Pedrão e Lugui, também conhecidos como Cat Dealers, são hoje um dos maiores nomes da cena eletrônica mainstream nacional. Após tour pela Europa, a dupla esteve presente no Rock in Rio, onde conversou com nossa redação. Confira!

Beat for Beat – Vocês estão voando, literalmente e acabaram de voltar de uma super gig no Tomorrowland. O que se passa na cabeça de vocês, ao verem onde chegaram e o que estão conquistando?

Cat Dealers – É um filme. Desde sempre nós sonhamos com isso. Mesmo parecendo clichê, um dos nossos maiores sonhos era tocar no Tomorrowland e realizar isso, relativamente cedo, afinal o Cat Dealers existe há apenas 6 anos, nos deixa muito felizes, em vermos todas essas coisas acontecendo e que estamos chegando onde sempre sonhamos. Ver que o futuro está tomando cada vez mais forma, tornando-se mais promissor, só nos dá mais vontade de continuar.

E como foi no Tomorrowland?

Cat Dealers – Foi incrível! Difícil até de descrever. É viver um sonho. Nós ainda não tínhamos ido para a edição da Bélgica, nem para visitar. Fomos na edição do Tomorrowland Brasil e eu, Pedrão, até passei muito mal no dia, então não tive uma experiência muito boa. Podemos dizer que foi meu primeiro Tomorrowland de todos os tempos e já tocando. Lá é algo surreal, inacreditável, que você muitas vezes acha que nunca mais vai ver de novo.

Cat Dealers no Tomorrowland

Duas cabeças pensam melhor que uma, mas sabemos quão conflitante a relação entre irmãos pode ser. Rola alguma treta na hora de produzir ou vocês conseguem separar bem as relações irmãos/profissionais?

Cat Dealers – É complicado às vezes, mas a maneira como a gente faz, nem parece que temos uma relação tão profissional assim. Nós crescemos juntos e pensamos muito parecidos, além de termos começado a tocar desde muito cedo também. Nós crescemos com a ideia de sermos DJs. Antigamente usávamos o nome de Moshe, depois viramos Cat Dealers e literalmente faz parte da nossa vida, do nosso dia a dia. Não precisamos separar o trabalho, é só mais um dia sendo irmãos.

Acho que só separamos a vida pessoal do profissional, quando o Pedrão se mudou de casa e isso foi até bom, pois a gente passava tanto tempo junto, trabalhando, que quando chegava a noite um queria cobrar o outro durante o descanso. Agora, criamos uma rotina de trabalho. A gente ainda se fala o dia inteiro, só não moramos dentro da mesma casa mais.

As brigas acontecem, claro, mas a gente acaba de resolvendo muito rapidamente. A gente bate de frente, mas daqui 5 minutos a gente já resolve o problema e vida que segue.

Dos palcos do mundo, para o nosso gigante Rock in Rio. Como é tocar em casa?

Cat Dealers – Tocar no Rock in Rio é sempre muito especial. Eu (Pedrão), vim no Rock in Rio em 2001 e é muito bom poder fazer parte da história dele. O festival tem uma dimensão tão grande, que sempre que chegamos por aqui, todo mundo vem falar com a gente. Ele atinge um público que vai muito além da música eletrônica, que acabam chegando aqui para ouvir algo diferente e ouvir coisas novas.

Por sermos do Rio, nossa família estava toda com a gente. Nossos amigos e isso torna a ocasião ainda mais especial. Fora que nós participamos da transição dos palcos. Tocamos a primeira vez na aranha, que ela menor e em 2019 já viemos direto para esse palco surreal. Subiu ainda mais o patamar do festival, ainda mais pela estrutura do palco.

Cat Dealers em visita técnica no Rock in Rio

A última música de vocês, ‘Hey Hey’, já é um sucesso e usa vocais icônicos. Como foi o processo de construção dela e como surgiu a ideia de usar esse vocal?

Cat Dealers – Existem vários fatores e um deles é que ‘Hey Hey‘ é uma música que sempre gostamos muito. Nós sempre encaixávamos ela em nossos sets, em diferentes versões, e tínhamos vontade de criar uma versão nossa, já que as que tocávamos, nem sempre eram tão fáceis de colocar num set, principalmente em apresentações menores. A música sempre combinou com nosso set e então, decidimos pegar e fazer algo com nossa cara.

Um fato curioso, é que estávamos produzindo uma outra música, com uma outra ideia, com outro vocal, mas o resultado não estava agradando tanto. Fomos procurar outro vocal e ‘Hey Hey’ brotou do nada. O vocal encaixou perfeitamente, na mesma tonalidade do projeto e então, redesenhamos ele inteiro, usando o vocal como base dessa vez. Após algumas versões, chegamos no resultado esperado.

O legal é que nessa era de retorno dos eventos, as pessoas estão fazendo muito remakes. O público tá curtindo ouvir músicas já conhecidas, que todos ouviam tempos atrás, mas repaginadas em novas versões. Reflexo disso, são as plataformas de streaming mostrando esses remakes nos topos das paradas e queríamos um remake nosso também.

E pra finalizar, o que podemos esperar o Cat Dealers para ainda esse ano?

Cat Dealers – Nós temos algumas música engatilhadas. Durante a pandemia, nós encontramos a linha sonora que realmente faz sentido para nós e os últimos lançamentos já refletem essa nova sonoridade e estamos muito felizes com o resultado.

Claro que ainda estamos testando coisas novas. Temos muitas demos que estamos tocando em alguns shows, mudando algumas coisas, mas tudo indica que nosso próximo lançamento seja ‘Hear You’ ou uma collab com o Moguai, que vai se chamar ‘How We Do It‘, mas não sabemos ao certo as datas, certeza que em Outubro tem novidade por ai, acompanhem!

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Entrevista

Entrevistamos: Öwnboss no Rock in Rio

Uma das atrações do Rock in Rio e dono do gigante hit ‘Move Your Boby’, Öwnboss conversou com nossa redação durante o RiR. Confira!

Se você acha que são poucos os artistas brasileiros que possuem uma forte presença na cena eletrônica nacional e internacional, está tremendamente enganado. Eduardo Zaniolo, nome por trás do projeto Öwnboss, saiu de Florianópolis para as pistas do mundo todo. Neste ano de 2022, marcou presença também no Rock in Rio, onde conversou com nossa redação. Confira!

Beat for Beat – Você já disse em entrevista que começou a frequentar raves aos 16 anos e se apaixonou por esse universo. Você lembra de alguma festa ou artista que marcou esse início?

ÖwnbossVários artistas me influenciaram lá no começo, como Tiësto, Steve Angelo, Kaskade, entre outros. Eu sou de Florianópolis, e quando comecei a sair, lá pelos 16 anos, um club da região começou a trazer esses grandes artistas internacionais, que certamente me marcaram.

Mas se eu for voltar um pouco mais no tempo, eu frequentava algumas raves também, com Raja Ram, Skazi e o todo o PLUR que faz parte do Psytrance. Era o que rolava no Brasil na minha época, até mesmo o Gabe veio do psytrance com o Wrecked Machines. Ali foi o começo de tudo.

E fazendo uma espécie de termômetro, como está a sua paixão com a música eletrônica? Como você define seu relacionamento com ela?

ÖwnbossA paixão pela música sempre existiu. Eu tive uma banda com meu irmão quando era mais novo, então sempre tive contato com a música como um todo, mas ai vem a música eletrônica. Ela me amparou em um momento delicado da minha vida, quando perdi minha mãe, entre outras situações delicadas que passei e a música eletrônica foi o que me segurou, minha válvula de escape.

Naturalmente toda minha relação com ela foi se desenvolvendo com o passar dos anos. Comecei lá no psytrance, fui conhecendo outras vertentes e até hoje estou estudando e aprendendo. Sei curtir diversos artistas de outros gêneros, não me prendendo a estilos musicais. Quando enjoo de um, passo a curtir outro e permito que tudo isso some. Música é sobre somar.

E isso também se reflete nas suas produções, você não vive dentro de uma caixinha, certo?

ÖwnbossQuando se trata do Öwnboss, eu levo para as minhas produções tudo o que sinto na minha pele. Quando toco num lugar e senti que algo do meu set funcionou bem ou que outro artista depois de mim também fez algo diferente, mas efetivo, eu vou juntando tudo para a minha realidade. Vou somando.

Já fora do Öwnboss, na minha vida pessoal, música é música, sem rótulos. São duas realidades diferentes e sei separar as duas coisas perfeitamente.

Muita coisa mudou dos seus 16 anos pra cá e você hoje, tem viajado não só o Brasil, como pelo mundo todo. O Eduardo lá de trás, imaginava tudo isso? Como você analisa sua história e tudo que construiu até hoje?

ÖwnbossAs vezes eu preciso parar, fechar o olho e mentalizar “isso aqui está realmente acontecendo”. É muito comum entrarmos no piloto automático e as coisas vão acontecendo, passando e você nem percebe. É foda perceber que você está ganhando espaço, conhecendo aqueles artistas que sempre curtiu e se você não parar e se colocar naquele momento, você pode acabar perdendo tudo o que está acontecendo.

Todos esses universos que estou conhecendo, como tocar no Brasil todo, no Canadá ou Estados Unidos, são todos incríveis. É a realização de um grande sonho e estou vivendo ele cada vez mais.

Falando de tours e gigs, não podemos deixar o rock in rio de lado. Mesmo já tendo pisado nos maiores palcos lá de fora, a emoção de ter tocado em casa, no maior festival de música que temos, foi diferente?

ÖwnbossTocar no Rock in Rio foi muito especial. Tocar aqui tem sempre uma perspectiva diferente. Os meus dindos, por exemplo, que têm 80 anos de idade, não entendem muito bem o que é música eletrônica, mas quando eles ficam sabendo que vou tocar no Rock in Rio, eles conseguem perceber a dimensão que a música eletrônica está ganhando.

Eu toquei no Tomorrowland, em outros grandes festivais, dedicados à música eletrônica, mas tocar no RiR, onde pessoas de fora da cena podem te ouvir e reconhecer, principalmente num país onde a nossa cena ainda é considerada nova, é gratificante poder mostrar para essas pessoas um pouco da nossa realidade.

Öwnboss no Rock in Rio

Ano de copa do mundo e você emplacou logo uma música na trilha do FIFA 22. Como rolou esse convite?

ÖwnbossO engraçado disso é que quando me mandaram a proposta, não era para o FIFA, mas sim para o jogo da F1 e era algo que eu pagaria para fazer parte, mas ainda bem que quiseram me pagar para estar ali.

Eu cresci ouvindo várias bandas que faziam parte de trilhas sonoras de games que eu jogava e agora, minha música está lá e espero que esse feito possa influenciar toda uma geração, assim como eu fui influenciado.

E pra finalizar, o que podemos esperar o Öwnboss nesses últimos meses do ano? Novidades ainda pra 2022?

ÖwnbossCom a ‘Move Your Body‘, minha última música, eu subi a régua e o maior desafio é manter esse nível de produção, de músicas novas, novidades.

O complexo disso tudo é que a ‘Move Your Body’ já aconteceu. Eu posso fazer 5 músicas iguais a ela, que o impacto não será o mesmo. Eu preciso criar mais músicas, ter um pouco mais tempo de estúdio, já que estou viajando muito ultimamente, mas o foco para esse ano é cumprir o calendário de lançamentos, das minhas apresentações aqui e na Europa.

Já pensando em 2023, quero estar ainda maior e levar nosso Brasil para o mundo todo.

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Entrevista

Entrevistamos: Scorz

Representante da Armada e residente no Laroc, Scorz é um dos maiores nomes da cena nacional de progressive house.

Scorz

Scorz é sem via de dúvidas o maior representante de progressive/melodic house que temos em nosso país. Atuando como DJ e produtor musical desde 2010, Diego Fonseca foi apadrinhado por ninguém menos que Armin van Buuren, ao nomear sua faixa “Come to Life”, como a melhor track da Armada em 2020. Residente do Laroc Club, 9º maior club do mundo segundo a revista DJ Mag e também com shows marcados por todo o país, Scorz recentemente teve um de seus maiores sonhos realizados, abrir um show de Armin van Buuren e conhece-lo pessoalmente. Após este importante momento de sua carreira, conversamos com Diego sobre sua trajetória até aqui. Confira nossa entrevista completa:

Scorz no Ame Club, 2022 (por gblls)

B4B: Scorz, primeiro eu queria agradecer a oportunidade em conversar um pouquinho com você. A primeira pergunta é sobre as suas referências na infância, sobre a dance music. Tem algo que você ouvia lá atrás e que você conseguiu trazer para sua carreira?

Scorz: Então conheci música eletrônica mesmo de verdade conscientemente em 2004, quando um amigo meu apresentou 2 grandes DJs pra mim, Armin van Buuren e Tiësto, desde então esses dois caras foram as minhas duas maiores referências pra mim dentro da música eletrônica. E comecei a comprar DVDs dos dois e assistindo todas as performances deles eu entendi ali que eu queria viver de música.

B4B: Você ficou um tempinho sem tocar, foi um período que você criou uma evolução na produção, mas era ghost producer. Neste momento, quais foram as reflexões que você teve para retomar sua carreira?

Scorz: Na verdade, eu não voltei, eu ainda não tocava, eu só produzia. Comecei a produzir em fevereiro de 2010 e até 2014 estava lançando músicas próprias. Aí comecei a ter destaque de nomes como Armin van Buuren e Ferry Corsten e as pessoas começaram a me chamar para produzir músicas para elas e para outros artistas e acabei deixando de lado meu projeto próprio. Então em 2020, quando ainda estava produzindo música para outros artistas, acabei finalizando a faixa “Come to Life” com a intenção de entregar para outro artista, mas quando terminei, não sei o que deu na minha cabeça, mas decidi enviar para a Armada Music, para ver se eles curtiam e quem sabe eu renovo meu portfólio e logo depois que eu encaminhei, eles me responderam dizendo que o Armin tinha adorado a música.

Scorz na ARCA, 2022 (gblls)

B4B: Sim! A próxima pergunta fala até sobre a “Come to Life”, que foi reconhecida como a melhor track de 2020 pelo Armin van Buuren certo?

Scorz: Isso! O Armin gostou e lançou a música pela gravadora dele. Depois começou tocar ela direto, fez alguns mashups com a música e depois escolheu ela como música do ano. Não sabia que ela tinha sido eleita a track do ano por ele, contaram para mim e eu fui ver lá na enquete da DJ Mag, ali entendi todo o reconhecimento que ele tinha com meu som e com minha carreira.

B4B: Falando em Laroc, você é residente de lá e estreou recentemente seu projeto com o Silvio Soul, que vocês denominaram Scorsoul. Como surgiu a parceria e como é dividir o palco com o Silvio?

Scorz: Eu sempre curti as casas, Laroc e Ame, desde a abertura. Sempre estive por lá em todas as oportunidades e conhecer o Silvio e ter a oportunidade em trabalhar com ele é sensacional. Além de visionário ele é uma pessoa incrível, todo mundo no Laroc eu considero como uma família e como o gosto musical meu e dele são muito parecidos, a gente decidiu criar esse projeto. Nós tentamos desvincular um pouco dos nossos projetos solos, vir numa pegada mais pesada, mas sem perder nossa identidade melódica também.

B4B: E para finalizar, como foi abrir para o Armin van Buuren em sua última tour aqui no Brasil? Como foi a sensação em encontrar seu ídolo?

Scorz: Sem dúvidas foi uma das melhores experiências que eu já tive. Após diversos suportes que o Armin vem me dando a ansiedade estava grande e foi muito bom poder entregar a pista para ele. Não vejo a hora de estarmos juntos novamente.

Scorz e Armin van Buuren

E para finalizar, assista com exclusividade ao encontro de Scorz e Armin van Buuren no backstage de seu show em São Paulo:

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