Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Aninha

Com mais de 20 anos de carreira, Aninha transporta sua essência e personalidade nas pistas de todo o Brasil com seu seletivo repertório.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: NA7AN

Artista que já recebeu suporte de nomes como Nicole Moudaber, Butch, Steve Lawler, Solardo e Ilario Alicante, o mineiro-paulistano, NA7AN, conversou com a gente!

Paciência, persistência e cuidar de si são alguns dos aspectos primordiais para atingir seus objetivos no cenário, segundo Na7an. O artista de Tech House, criado no interior de São Paulo e hoje com base em Poços de Caldas-MG, pode dizer que valeu a pena; entre seus suportes estrondosos estão nomes como Nicole Moudaber, Butch, Steve Lawler, Solardo e Ilario Alicante. 

O jovem DJ e produtor também fincou bandeira em selos de grande porte, a exemplo de CUFF, SOLA, LouLou Records, Roush e Revival NY. Ele está agora celebrando, via Dogghauz Records, o lançamento da faixa “Fuck That Shit”, produzida em parceria com Trallez e possível de ser ouvida aqui embaixo. Com tanta coisa boa rolando em uma carreira de apenas quatro anos, decidimos falar com ele. 

Beat for Beat – Oi, Na7an, tudo bem? Como começou esse amor pela dance music? Quais foram seus primeiros passos e referências nesse cenário?

Na7an – Olá, tudo certo por aqui e com vocês? Meu amor pela dance music começou lá em 2011 / 2012 quando eu escutava muito djs como Afrojack, Avicii, David Guetta e outros nomes do EDM. Sempre que assistia os vídeos dos sets desses artistas eu me imaginava em cima do palco e também tinha curiosidade de saber como eles produziam suas próprias músicas que faziam milhares de pessoas vibrarem. Ao longo do tempo fui conhecendo diversas vertentes. Primeiro eu aprendi a tocar. Eu costumava ficar horas e horas com um equipamento de um conhecido em casa tocando e vendo vídeos de outros djs tocando para prestar atenção no que eles faziam. Já um ano depois tocando eu comecei a estudar sozinho produção musical e confesso que foi muito difícil. Não existia a quantidade de cursos e videoaulas que temos hoje. 

Em pouco mais de quatro anos profissionalmente inserido na música eletrônica você teve outros dois projetos. Quais as diferenças entre cada um e por que, neste momento, Na7an é o que mais te representa?

Na7an – Então, eu acredito que o Na7an hoje é o que mais me representa e que eu consegui chegar a expressar exatamente o que queria nas minhas produções. Meus outros dois projetos eram mais focados para o Techno, porém eu não estava muito contente e não conseguia me expressar exatamente como queria. 

Seus lançamentos têm sido muito expressivos, tem algum especificamente que te marcou de maneira especial, que “virou a chave” para você?

Na7an – Eu particularmente gosto de todos os meus lançamentos e acho que cada um tem sua característica específica, se assim posso dizer. Acredito que o lançamento da “Te Quiero“, com o Classmatic, foi o que mais me marcou e fez não desistir dos meus objetivos. 

Agora sobre a “Fuck That Shit”, quais foram as etapas para esse lançamento? Curtiu a experiência de produzir ao lado de Trallez? 

Na7an – Produzir com o Trallez é sempre muito bom. Eu sempre falo que ele é meu irmão de outra mãe. Fizemos a “Fuck That Shit” durante a pandemia e ficamos com a faixa parada um bom tempo, pois estávamos à procura de uma gravadora que ela fosse se encaixar perfeitamente. Não tinha outra gravadora para ela ser lançada que não fosse a Dogghauz.

À frente da festa House Secrett, como você lida com este trabalho de bastidores e como vê a cena do interior mineiro no momento? 

Na7an – A House Secrett surgiu de uma ideia com uns amigos aqui da minha cidade. Fizemos a primeira edição da festa com apenas três dias e a nossa ideia era criar algo que tivesse um conceito por trás e que as pessoas pudessem curtir um evento de qualidade no quintal de casa. Acredito que a cena aqui no interior de Minas Gerais tem muito potencial e vejo diversos produtores aqui fazendo um bom trabalho como Jame C, Thuggin’ Drums, Galani, Leo Lacerda, Bruna Oliveira, Voxicode, Jotap, Nagaz, Pitros entre outros…

Na vastidão de referências que você possui, tem algum artista específico com quem sonhe em colaborar, ou eventos almejados onde deseja se apresentar, mas ainda não rolou? 

Na7an – Tem vários artistas que tenho vontade de fazer collab, mas meu maior sonho é ter uma com o Jamie Jones e uma com o Loco Dice. É aquilo que eu sempre falo, quem sonha realiza kkkkk. Me identifico muito com eles e com o som que eles fazem. Agora falando de eventos almejados, meu sonho é tocar no Warung e no CAOS.

Tanto em um aspecto pessoal quanto de carreira, o que pretende para os próximos anos?

Na7an – Para os próximos anos quero assinar nas gravadoras que eu almejo, tocar nas festas / clubs que sonho e com a minha música conhecer novos lugares. 

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: raF

O brasileiro, radicado em Sydney, apresenta Cheeky Request EP pela label Reecords

por Rodrigo Airaf

Uma paixão genuína pela arte que se intensificou a partir dos seus 11 anos é o combustível que energiza Rafael Melo em sua carreira. DJ há mais de 13 anos e produtor musical há três, ele guia-se pelas batidas de Tech House e suas derivações para contagiar pistas sob a alcunha raF. O artista viu seu desenvolvimento tomar novas proporções quando mudou-se para Sydney, maior cidade da Austrália. 

Atualmente um personagem cada dia mais promissor na dance music, raF tem nas costas lançamentos por selos como o suíço Lemon Juice, o mexicano Street Habitat, a italiana Ribox, o espanhol Defined, além de lançamentos pela Toro Records, do Brasil, e presença no va da francesa Encasa Records, gravadora de Chicks Luv Us. Seu som também já ecoou em cabines internacionais como Space Ibiza, The MET, WeLove, Lost Festival, GOODBAR, Arcade e Chinese Laundry, trazendo esta aura cosmopolita para seu currículo. 

A novidade agora é o lançamento do seu EP Cheeky Request, pela label Reecords, comandada pelo húngaro Reelow. DJ e Produtor da renomada crew SOLID GROOVES Aqui, não somente raF atiça os ouvintes com moods otimistas permeando batidas minimalistas e linhas de baixo loopadas vibrantes; o EP ganhou um remix de ninguém menos que Gabe, um dos mais requisitados DJs e produtores do Brasil. Motivo de sobra para entrevistarmos raF na Beat for Beat. 

B4B – Oi, raF, tudo bem? Primeiramente, por que Sydney? 

raF: Ola Galera, Tudo sim. Primeiramente obrigado por essa oportunidade de falar um pouco com vocês. Bom, Sydney foi por uma aventura ao desconhecido. Estagnado em SP, sem muitas oportunidades de crescimento no meio, decidi embarcar para uma aventura sem muito saber o que poderia acontecer.

B4B – Você se interessou pela pesquisa musical aos 11 anos. Quais foram suas primeiras influências musicais e como foi evoluindo seus interesses ao longo da sua vida?

raF: Primeiro contato Direto com Discotecagem foi em uma festa eletrônica de chácara (Famosas PVTS) e quem estava no comando era o DJ Pazinha, na época era o âncora da Rádio Jovem PAN. Porém, fui evoluindo meu primeiro gênero de escolha foi o Electro house, vindo de Dr. Lektroluv, Bruno Barudi, ELECTRIXX, FELGUK, Vitor Valline, Fractal System, H20 Project, hehe até mesmo Victor Ruiz em meados de “Take a Nap”, entre outros. Com a queda da cena Electro House, fui me atentando ao mercado porém estava muito ligado ao electro, naquela transição para o EDM aprendi a gostar de Martin Garrix, Hardwell, entre outros, foi aí que cheguei no tech house, por gostar muito de POPOF, Format B que são minimal porém com beats repetitivos eu aprendi a selecionar melhor os sons através dessa mutação toda rs, 

B4B – E a dance music? Qual foi a virada de chave que te fez decidir que, sim, aquilo seria sua carreira para sempre? 

raF: Nunca cheguei a desistir, já desanimei, não vou mentir. Porém o reconhecimento e o carinho que eu recebo aqui em Sydney foram fundamentais para que eu acreditasse em minha carreira.

B4B – Agora que você possui vários lançamentos no Beatport, podemos perceber sua assinatura sonora. Defina, em quantas palavras achar necessárias, seu estilo de som. 

raF: Eu sempre procuro produzir sons groovados, baterias altas, frequências “estranhas” . Eu faço o que sinto. Tento terminar o máximo de projetos possíveis mesmo que não se enquadrem em nenhuma gravadora. Vou sempre seguindo o meu flow. 

B4B – Como foi o processo criativo do EP “Cheeky Request”? 

raF: Eu pensei em Kicks quebrados voltados ao breakbeat, baterias marcantes para dar movimentos, Um bass concentrado para segurar e pista. Foram essas misturas de elementos que consegui chegar nesse que no momento é meu maior lançamento. 

B4B – Ainda sobre este lançamento, como se deu sua entrada na Reecords e como se sente sobre ser remixado por Gabe? 

raF: Por incrível que pareça, um email de promos que o Reelow postou no stories dele eu arrisquei a mandar, já o acompanhava e gosto demais do som dele. Então as tracks que ele gostou eram as últimas que tinha feito e as únicas que ainda não tinham casa, foi aí que surgiu o convite para lançar na gravadora dele. De promos duas tracks viraram DEMOS.

Reelow então disse que gostaria muito que um Produtor BR fizesse um remix, quando ele disse o  chamaria GABE e quando eu olhei meu inbox o GABE me mandou uma mensagem, eu quase caí pra trás hehe, simplesmente uma LENDA da música eletrônica Brasileira. que honra. Sou muito grato ao GABE por ter aceitado e sobre o Reelow, que pessoa incrível super gente boa, aliás: “Reelow my broooo, what’s up ?! Thanks for all” . 

B4B – Como você é um brasileiro tocando internacionalmente, é de se imaginar que, em algum momento, retornará para casa para se apresentar em alguns lugares. Pense na sua wishlist e conte-nos: quais seriam os clubs e festivais brasileiros onde você mais deseja tocar?

raF: Como sou de SP, não posso deixar de falar da D-EDGE, sonhos de muitos. Quero muito ter oportunidade de tocar na região Sul do Brasil creio que onde o tech house se enquadra mais. Tenho acompanhado mesmo de longe alguns lugares, um que me chamou muita atenção Park.Art, porém, toda região Sul é de meu agrado. Quero conhecer a TORO club em Vitória/ES. (Aliás, fiquem ligados nesse nome). 

B4B – Vamos mais fundo agora: de que maneira a sua carreira na dance music te torna um ser humano melhor e mais feliz? 

raF: Meu, sinto que quanto mais você trabalhar sem querer ser melhor que ninguém, apenas buscando seu espaço, resultados bons e reais irão se concretizar. Acredito muito na minha paixão pela Música eletrônica, vivo leve, um dia de cada vez buscando sempre aprender e melhorar para poder chegar nos objetivos e sonhos desejados.

O próximo lançamento de raF é um remix para a faixa “Airplane Mode”, de Simon Erar, pela Great Stuff Records.

raF. está no Instagram e SoundCloud.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Gabe no Tribe Festival

Considerado um dos principais nomes do Tech-House nacional, Gabe nos recebeu no Tribe Festival, para um papo. Confira!

Por muitos anos, ele foi conhecido por seus dois projetos, que cresceram, amadureceram e seguiram caminhos opostos. Hoje, focado no Gabe, Gabriel Serrasqueiro é um fenômeno na cena eletrônica nacional. Dono de uma carreira brilhante, ele nos recebeu no backstage do Tribe, para uma entrevista, que você confere agora. Entrevistamos: Gabe

Beat for Beat – A personalidade do Gabe, por muitos anos, se misturou com a do Wrecked Machines, projetos completamente opostos. Como funcionava ou até mesmo funciona sua cabeça, na hora de construir duas personalidades diferentes para os palcos?

Gabe – O projeto Wrecked Machines é bem esporádico. Eu não faço ele tanto, apenas em algumas ocasiões e por isso, não preciso dividir tanto a minha personalidade. Tocar hoje no Tribe foi um desses casos a parte.

No passado, pesava muito essa coisa de tocar como um projeto em um lugar e tocar com outro projeto logo em sequência. Pessoalmente, o estilo do Gabe me agrada mais e por isso, acabei optando por focar nele e o Wrecked Machines ficou para festas especiais.

Você sempre foi grandioso no Brasil, mas nos últimos anos sua legião de fãs têm aumentado cada vez mais. Como é para você, hoje, ser considerado um dos maiores nomes do tech-house nacional?

abe – Eu vi isso como um movimento natural. Eu confesso que não vou mensurando dados. Não acompanho números para ver se estou crescendo ou não, só vou fazendo o meu trabalho e o reconhecimento veio com o passar dos anos.

Além disso, não vejo como um crescimento só meu, mas também da cena como um todo. A música eletrônica tem crescido muito nos últimos anos. É importante seguir tendências e acompanhar esse crescimento e claro, focar em material novo, original.

Sua relação com o Tribe é algo que vem atravessando as décadas. Como é sua relação pessoal com o Du e como é para você tocar no festival?

Gabe – O meu relacionamento com o Du vem de muito tempo atrás, acho que desde que eu tenho 10/11 anos de idade. Nos conhecemos na praia, onde minha família tinha casa e nossa primeira Tribe, fizemos no jardim de uma ex-namorada minha.

O Tribe começou com 30 pessoas e isso foi só o começo. Nossa relação é de muita amizade e de muitos anos na bagagem. Tocar no Tribe é jogar em casa. Aqui eu me sinto muito à vontade. É sempre um prazer tocar no evento

Em 2020 você criou sua própria label, a G-Spot. Como é o processo de escolha das faixas que serão lançadas? Você participa ativamente de todas as escolhas?

Gabe – Sim, sou em quem faço a curadoria das músicas. Eu recebo, escuto e vou separando aquilo que vejo que tem potencial. Além disso, tenho minha equipe, que me ajuda em todos os lançamentos.

Uma coisa que tem funcionado bastante são as indicações. Amigos DJs e produtores me sugerem artistas que eles acreditam ter bom material, escuto e então, planejamos o lançamento.


Conta pra gente, da onde surgiu o termo chinelada?

Gabe – O termo chinelada surgiu por conta do filme ‘Meu Nome Não é Johnny’. Uma vez escrevi esse termo no Instagram e viralizou. Quando dei por mim, chinelada já estava me acompanhando em todos os lugares.

Pra finalizar, o que podemos esperar do Gabe nos próximos meses? Podemos esperar algum retorno oficial do Wrecked Machines?

Gabe – Agora vou focar bastante na carreira internacional. Quero tocar em alguns países, além do Brasil e lançar música nova sem parar. Quero fazer algumas parcerias, com brasileiros e gringos, além de tocar a gravadora.

Já sobre o Wrecked Machines, vamos deixar em segredo por enquanto.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Boris Brejcha no Tribe Festival

Retornando ao Brasil e ao Tribe Festival, o mascarado Boris Brejcha recebeu nossa redação para uma entrevista super bacana. Confira agora!

Ele é uma verdadeira lenda. O mascarado que dispensa apresentações, Boris Brejcha, é o tipo de artista que carrega uma legião de fãs por onde quer que vá. Com diversos hits de sucesso, álbuns com milhares de plays e apresentações lendárias, incluindo as do canal Cercle, Boris é um verdadeiro bruxo e seu legado confirma isso.

Retornando para o Brasil, país onde sua história como DJ começou, ele nos recebeu no Tribe Festival. Um dos primeiros artistas internacionais que entrevistamos por aqui, Boris foi de uma gentileza sem tamanho. Mesmo ansioso e preparando-se para seu set, conversou com a gente e contou um pouco mais sobre seu relacionamento com o Brasil, descobrir talentos, entre outros assuntos.

Entrevistamos: Boris Brejcha

Beat for Beat – Sabemos que o Brasil é um país muito importante na sua carreira. Qual é a importância do público brasileiro na sua carreira?

Boris Brejcha – De fato, minha primeira gig foi aqui, em 2006 e tocar aqui é como tocar em casa. Eu sinto que aqui é quase minha terra natal. Desde então, eu tenho tocado aqui constantemente e isso influência muito na minha carreira. É sempre muito gratificante tocar no Brasil. O público é muito amável, sempre.

Você vem remodelando sua sonoridade com o passar do tempo, sempre mudando e trazendo coisas diferentes. Como é o seu processo criativo e como você define o gênero que mais vai te influenciar naquele momento?

Boris Brejcha – Isso é bem simples. Toda vez que eu vou para o estúdio, eu produzo conforme as coisas fluem. Eu nunca entro no estúdio pensando que vou produzir isso ou aquilo, eu deixo as coisas fluírem. O meu humor naquele dia vai ajudar bastante no que será produzido.

Há dias em que eu estou mais introspectivo e acabam saindo músicas mais melódicas, já em dias mais felizes, acabo indo para o techno. Tudo depende bastante e gosto de não ter esse formato padronizado de produção.

Você é, com toda certeza, um dos artistas com mais sets no canal Cercle. Como é para você colecionar essas apresentações e como funciona na questão da tracklist, para não ser repetitivo?

Boris Brejcha – Eu sou o primeiro artista a ter três sets no Cercle e eu sou muito grato ter participado tantas vezes. Cercle é uma plataforma muito grande, conhecida mundialmente e consigo usar para experimentar coisas. Eu produzo muita música, tenho muita coisa não lançada e neste último show do Cercle, por exemplo, toquei algumas e isso é muito legal, pois hoje, no Tribe, eu vou tocar novamente essas tracks e as pessoas já vão reconhecer.

Você tem um ótimo ouvido e consegue identificar talentos com muita facilidade e Moritz é uma das provas disso. Como você garimpa esses artistas e tem alguém novo que esteja de olho?

Boris Brejcha – Descobrir talentos não é tão fácil assim. Nós recebemos muitas demos, de produtores de todo o mundo, mas algumas vezes acontece de achar algo muito bom bem rapidamente. No caso do Moritz, por exemplo, eu precisei ouvir uma ou duas músicas para perceber que ele era um ótimo produtor e que ele poderia construir uma ótima carreira. Hoje, não estou de olho em ninguém em particular, mas quem sabe em breve.

Finalizando, sua história com o Tribe é algo de longa data. Qual a sensação de estar de volta?

Boris Brejcha – Tocar no Tribe é sempre muito bom para mim. Minha primeira participação no evento foi em 2008 e desde então, eu toquei praticamente todos os anos. Somos já uma família. Os produtores, os artistas que tocam aqui. Somos todos muito próximos.

É muito legal saber que pensam em mim para praticamente todos os anos e mesmo após tantas apresentações, estou muito nervoso para hoje, para ver a reação do público. Só espero poder fazer uma boa apresentação e poder proporcionar ótimos momentos para o público que está aqui.

Nosso editor, Viktor e Boris Brejcha no Tribe
Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Valentina Luz

Do interior do Paraná para as pistas de dança do Brasil, Valentina despeja sua luz nos palcos por onde passa, incluindo o DGTL São Paulo.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Melanie Ribbe

Melanie Ribbe, desde 2015, tem ganhado forte destaque na cena underground, indo do tech-house groovado a um poderoso techno em instantes.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Mandragora

Considerado o líder do “future progressive”, o mexicano Mandragora, de alma brasileira nos conta mais detalhes sobre sua trajetória musical.

Mandragora é o projeto de “future progressive” de um DJ e produtor mexicano com talento notável e presença de palco contagiante, sem dúvidas um dos destaques da nova geração do Psytrance. Desde 2012 trabalhando com sua música, ele deu um salto quântico quando recebeu grande destaque com a faixa “Wild Wild West” produzida em parceria com o projeto Groovaholik e remixada pelo produtor Sesto Sento, um nome de peso dentro da comunidade Trance.

Com passagens em selos como Def Jam, Alien Records e SPINNIN, o artista já encabeçou um álbum triplo, com vinte e sete faixas de estilos diversos, muitas delas nem mesmo aplicáveis dentro de um único gênero – o que ele já admitiu ser proposital. É só conferir seu catálogo nas plataformas e entender que se trata de um produtor versátil que não está muito preocupado com distinções disso ou daquilo.

Trocamos uma ideia bem detalhada com ele para saber mais sobre sua história, a jornada com a música, a mística por trás de sua biografia e claro, sobre os planos que vem por aí. Confira!

Beat for Beat – Olá Mandragora, tudo bem? Bom, antes de mais nada conte-nos sobre esse viajante do tempo, vindo de 1354, estamos curiosos! E como tudo começou na música pra você?

Mandragora Oá, pessoal! Desde criança eu sabia que eu ia trabalhar com cultura, minha mãe me botou numa aula de piano aos 4-5 anos e quando tinha 11 anos meu avô me deu uma antiga câmera de vídeo, então comecei fazer filmes curtos. Aos 16 anos fui aceito no conservatório de música de Chihuahua, mas fiquei apenas um ano porque ao mesmo tempo já tinha começado a produzir. Depois comecei a trabalhar em telemarketing e conheci a rave ao mesmo tempo, um brother me abriu os olhos que eu ia me dar bem como produtor de trance, botei fé e agora estamos aqui!

Você é considerado um dos novos talentos da nova geração, especialmente pelo seu jeito desprendido de rótulos. Por que você assumiu essa postura?

Mandragora Porque acredito demais em mim mesmo e eu queria que os outros acreditassem também, o DM que eu mais recebo é de pessoas agradecendo não pela música, mas pelo efeito que tem na vida deles, eles me contam que sentem coragem pra viver a vida, então eu tenho que tomar riscos pra inspirar outros a tomar riscos também. Só os loucos sabem, as pessoas que conseguem mudar o mundo são os que são malucos o suficiente pra acreditar que elas podem mudar o mundo.

O que nutre sua alma na hora de criar seus sons?

Mandragora Me divertir! obviamente!

Você teve uma música remixada por um projeto famoso da cena Psytrance, o Sesto Sento, como foi para você esse tipo de reconhecimento? O que mudou após esse feito?

Mandragora Mano, eles me deram a maior moral! Antes do remix e antes de ser Vini Vici, lá no México, trombei com eles várias vezes nas festas e sempre me deram bons conselhos, tipo ‘não escuta música muito alto porque seu ouvido e sua ferramenta de trabalho’, eles sempre acreditaram em mim e foram mó gente fina, então eu sou eternamente agradecido. Beijão pra eles!

 

Fala-se muito sobre sua apresentação seguir por vias diferenciadas, a começar pela sua presença de palco. Conte-nos um pouco sobre como é esse momento para você? Existe uma preparação ou é algo que flui naturalmente?

Mandragora O bagulho é passar uma energia boa, claro que existe uma preparação, a gente assiste um monte de show dos rockstar das antigas, não é à toa que a gente se veste desse jeito… eu quero imprimir imagens inesquecíveis!

Além disso, você é um dos nomes responsáveis pelo “novo” progressivo das grandes pistas, o future progressive. O que seria esse som? Por que você acha que recebeu esse título?

Mandragora Eu me autonomeei o criador do futureprog no ano 2012 porque eu sou muito fã do rapper future, sério! Aí como eu realmente me esforço em trazer algo novo pra cena, eu estava ligado que meu som era diferente desde a criação do conceito, então não quis encaixar ele no Psytrance que é cheio de regrinhas. Futurprog é basicamente o irmão descolado do EDM, aí o movimento começou pegar força, vários produtores de renome abraçaram o tamo na luta sempre tentando representar num lugar novo.

Uma curiosidade sobre você é que temos um mexicano que se diz de alma brasileira. São duas culturas muito fortes e cheias de história. É algo que inspira sua música de alguma forma?

Mandragora Claro! MPB e Funk são dois dos meus gêneros favoritos pra escutar em casa, eu sampleei a ‘Céu no sem chão’ porque tava rolando um playlist de MPB enquanto trocava uma ideia com uns brother em São Paulo, e como os funkeiro falam, ‘eu canto o que vejo’, então se eu estou no Brasil eu vou me mergulhar na cultura e representar ela nas minhas próprias palavras.

Agora que estou morando na França, estou aprendendo francês e já lancei duas faixas com rapper em francês junto com o produtor belga Tod1efor, ele faz os beats pros maiores rappers franceses, então hoje em dia to me mergulhando em mais outra cultura… é uma pira de mochileiro kkk

A pandemia foi um tema que assombrou a mente de todos os artistas no mundo. Mas hoje, podemos dizer que estamos finalmente fechando esse ciclo. Como estão seus planos para 2022? Algo vindo por aí que você possa nos contar? Obrigada!

Mandragora Eu vou responder essa pergunta com o filme que acabei de lançar:

Mandragora está no Instagram, Youtube & Soundcloud.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Martin Garrix

NoÀs vésperas do retorno do Lollapalooza ao Brasil, entrevistamos um dos headliners da dance music mais aguardados do festival, Martin Garrix.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Carola

Com debute garantido em pleno Carnival Festival, no El Fortin, conversamos com Carola, uma das pontuais expoentes da cena nacional.

por Isabela Junqueira

A força musical de Carola se vê em uma crescente de tirar o chapéu. A DJ e produtora mergulha no oceano de possibilidades da House Music para gerar uma assinatura característica a partir da mistura entre o Bass House, Future House e Rave. Integrada não só ao catálogo de grandes labels mundiais da música eletrônica, a produtora também possui suportes de nomes como Alok, David Guetta, Don Diablo, Fedde Le Grand, Martin Garrix, SOFI TUFFER e Tiësto.

Com competência, técnica e persistência, Carola conquista, dia após dia, êxito e reconhecimento que celebram não só a potência musical, mas a representatividade por ver uma mulher negra e periférica ocupar tamanho lugar de destaque. Orgulhosamente conversamos com Carola, em um papo muito especial. Confira:

Beat for Beat – Olá Carola, é um prazer! O que acha de começarmos contextualizando o cenário cultural e de influências?! Você veio do Rio de Grande do Sul e trouxe referências do house e da música urbana gaúcha. Quais foram suas referências e como surgiu o insight em se tornar uma produtora musical?

Carola – Oi galera, o prazer é todo meu! Apesar de ser gaúcha, minhas referências sempre foram de artistas de outros estados e artistas internacionais. A vontade nasceu de maneira muito natural, eu sempre gostei muito de música, independente do gênero e os primeiros contatos que eu tive com música eletrônica foram na cena psytrance do meu estado, depois o cenário dos eventos foi mudando e na época que eu comecei a tocar eu estava inserida em uma cena que era bem electro house e progressive house. São 10 anos trabalhando com isso e fico muito feliz de agora poder mostrar o meu trabalho para o mercado brasileiro e para o mundo tá ok também.

E a partir desse despertar, como foi a sua trajetória na música? Que influências você carrega da raiz gaúcha?

Carola – Eu comecei discotecando em 2012, na época eu não tinha dinheiro para pagar um curso então eu usei as ferramentas que eu tinha, que no caso era somente um notebook de 4gb de ram hahahah Assistia muitos vídeos no youtube e lia muitos artigos em blogs sobre os equipamentos, mixagem harmônica, percentual de mixagem e etc…

Eu não tenho muitas referências de artistas do meu estado, por que eu sempre foquei no som mais mainstream, então na época que eu comecei minhas referências eram Nervo, Krewella e etc… Mas vale ressaltar que eu iniciei minha carreira em 2012 apenas como DJ, a produção entrou na minha vida apenas 3 anos depois.

 

Você é, sem dúvidas alguma, uma mulher que transcende potência seja através da música ou do seu próprio estilo. Como você foi traçando a sua estética e identidade musical?

Carola – Eu estudo produção musical a 7 anos, o lance da estética é algo que foi se moldando naturalmente, eu já produzi diferentes vertentes dentro do house, e continuarei fazendo isso por que eu quero sempre experimentar o maior número de coisas possíveis. Quem ouve minhas músicas, sabe que elas são minhas, eu sempre procuro utilizar alguns samples muito específicos em todas as músicas, então mesmo que a estrutura, os leads principais, e as vezes até o estilo sejam um poucos distintos, quem acompanha meu trabalho sabe que eu estou ali, impressa em  detalhes daquele som.

Recentemente você foi contemplada com uma parceria com a Armada Music, uma das maiores gravadoras de música eletrônica do mundo, como foi o processo de lançamento de “Come With Me” e como foi pra você alcançar esse grande selo mundial?

Carola – Nós enviamos algumas músicas para eles, se eu não me engano foram 7 e dessas 7 eles quiseram assinar 5. Come With Me foi a primeira e agora em março teremos mais um release com eles, a música Run que eu fiz em parceria com o Adrian Monteiro. A Armada é uma label incrível, eles pegam junto nos releases e fazem o que está ao alcance deles para que a música seja ouvida por mais pessoas e seja tocada por mais artistas. É uma das melhores parcerias que eu tive até aqui  então eu estou muito feliz e ansiosa para que vocês ouçam em breve as novas músicas.

Você também foi a primeira mulher a ter lançado pela STMPD, selo do Martin Garrix, outra grande e importante gravadora mundial. Ainda existe uma grande distância entre as mulheres e a produção musical? Essa lacuna está enraizada na dance music? O que você acha?

Carola – Eu acho que hoje em dia estamos conquistando nosso espaço, eu vejo muito mais meninas se interessando por produção músical e estudando do que eu via a tempos atrás, vejo projetos como Carol Fávero, Curol, Daphne, Tálita, Ella De Vuono, Nyella, Molothav, Priscila Diaz, Bia Varella, Lebox, Lowez (eu poderia citar muito mais)  estudando, se esforçando, se preocupando em ter lançamentos frequentes e buscando seu espaço pelo principal, que é e sempre será a música. Nós viemos de uma cultura que não cobrou produção musical de artistas no passado, então isso influenciou na quantidade de produtoras que temos hoje em dia, mas vejo o mercado mudando positivamente.

É inegável o fato de que a cena da música eletrônica é formada, em sua maioria, por homens brancos. Você desponta não só pelo imenso talento, mas pelo belíssimo exemplo de representatividade. Comente como você encara isso e o que acha que pode ser mudado para que essa dinâmica comece a demonstrar mudanças.

Carola – A cena eletrônica surgiu da diversidade e é preocupante que hoje em dia essa diversidade não seja tão presente no cenário mainstream. Acho que a democratização desse universo vai acontecer com o tempo, por que é importante entender que hoje essa é uma pauta presente na nossa sociedade e se a música eletrônica quer ganhar cada vez mais espaço e mais adeptos é necessário estar alinhado com o que está acontecendo no mundo.

Subir ao palco do Carnival Festival, no El Fortin, em meio à um line predominantemente masculino carrega também um tom de representatividade? Qual o sentimento diante desse cenário?

Carola – Acho que o principal critério que o El Fortin usa para contratar seus artistas é a música boa, eu fico feliz de saber que estou lá por isso, que meu projeto está crescendo e ganhando visibilidade. A representatividade é importante e eu não vou deixar de carregar essa responsabilidade, mas quero que me vejam nesse espaço como mais uma pessoa que está vencendo pelos seus próprios méritos, e quem se identificar comigo seja pela estética ou objetivos, entenda que é possível vencer.

Parece que você já chegou no topo, mas sua carreira só está começando e você realizando os seus maiores sonhos. Recentemente, você foi anunciada como a primeira brasileira no line-up do Tomorrowland 2022. Como está o coração neste momento? Quais as expectativas e como estão os preparativos para o show?

Carola – No mercado nacional eu ganhei notoriedade a partir de 2020, mas carrego comigo 10 anos de experiência  e acho que por isso algumas conquistas que pareciam distantes já estão rolando, sem contar que eu devo muito disso ao time incrível que trabalha comigo hoje. Estou muito feliz, é uma conquista enorme e eu vejo isso como uma vitória não só minha, mas a cena brasileira ganha, a cena feminina ganha, e todas as pessoas que tem sonhos considerados impossíveis, ganham também. As expectativas são as melhores possíveis, vou me esforçar para fazer jus a essa responsabilidade e eu tenho certeza que isso colocará o meu projeto em outro patamar.

Você como mulher, preta, periférica e brasileira, hoje quebra todos os paradigmas possíveis quando falamos de sucesso no mundo da música eletrônica. Só ano passado você bateu 16 milhões de streams apenas no Spotify, fora suas grandes apresentações em palcos importantíssimos. Qual é o conselho que você daria para uma garota que está começando neste momento e que precisa compreender mais sobre este mundo, ainda não desigual para mulheres? Obrigada pelo papo, Carola!

Carola – Estude, se dedique e não dê ouvidos aos outros, as pessoas vão tentar fazer você desistir por que talvez elas não estejam prontas para lutar pelos próprios sonhos mas, só você é capaz de mudar a sua realidade.

Para curtir Carola e outros nomes de peso do Carnaval do El Fortin acompanhe o Instagram e reserve seu ingresso aqui.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Paulete Lindacelva

A artista que é sinônimo de diversidade, Paulete Lindacelva, acaba de entrar para o cast da SmartBiz e conversou com a gente. Confira!

Foto: RECREIOclubber

por Rodrigo Airaf

Entre os nomes mais prolíficos da cena de São Paulo e que trilham também um caminho de consolidação a nível nacional, Paulete Lindacelva embarca em seu nono ano de carreira com uma novidade: é a nova integrante do cast da agência SmartBiz, posicionando-se entre artistas que são colegas dos movimentos independentes do qual faz parte, como Gezender, Valentina Luz e Nikkatze, e reforçando o propósito da agência de abraçar essas iniciativas e ampliar o espaço para esses artistas.

Paulete é natural de Recife e, tanto lá quanto após tomar base em SP, moldou para si uma carreira ativa no cenário. DJ residente de festas inconfundíveis, como Mamba Negra e Sangra Muta, seu repertório antenado, permeado pelo ecletismo e atuante como uma fusão de sons de techno, disco, brasilidades, dark disco, house, breakbeats e muito mais, já passou também por rolês como Virada Cultural, BLUM, Caracol Bar, Voodoohop, VGLNT, Caos, O/NDA e Festival No Ar Coquetel Molotov.

Multiartista, curadora independente e comunicadora, Paulete conduz o programa de rádio Mote, via Cereal Melodia, que recebe convidados do porte de Getúlio Abelha, Jup do Bairro e Badsista. Animados por este momento climático de Paulete e interessados em saber mais sobre sua música e suas ideias, conversamos com a própria.

Beat for Beat – Oi Paulete, tudo bem? Um prazer falar contigo. Conte-nos um pouco sobre sua base. O que te fez decidir pela música? Quais foram suas experiências, em qualquer momento da sua vida, mais marcantes até que decidisse seguir essa carreira?

Paulete Lindacelva – Olá, queridos, tudo ótimo. Grata pelo convite e feliz com a troca.

Minha base sonora tem uma ligação forte com a música negra e sua diáspora. Acho que parte da minha noção rítmica vem da minha vivência com a percussão dentro de alguns maracatus que passei na infância e adolescência nas periferias da Zona Norte do Recife.

Além disso, era uma frequentadora assídua dos cocos e afoxés. Partindo desses espaços, trazendo eles na mente e no corpo como um lugar de memória afetiva, tento pôr nas minhas seleções esses sentimentos e fazer com que os dançantes presentes sejam levados a esse lugar de memória afetiva ou criem esse momento ou sentimento afetivo daquele dance.

Sua trajetória curatorial permeou momentos diversos, seja abordando brasilidades e vertentes das diásporas afro, ou através das sonoridades clubber que consolidaram-se nas festas paulistanas. Como você define hoje, dentro de todos os adjetivos dos quais queira fazer uso, o seu som e o que pretende transmitir com suas escolhas musicais?

Paulete Lindacelva – Groove. Acho que o que permeia todos esses momentos da minha carreira é o swing e, sem dúvidas, como disse anteriormente, para mim a pista é um lugar de criar e rememorar afetos, ao mesmo tempo esquecer e fazer lembrar. Então acho que gosto de transmitir e criar memórias de afeto.

Você acaba de entrar no cast da Smartbiz, agência que vem acolhendo mais e mais as artes vindas de pessoas trans. Acredita que, a partir daqui, poderá perfurar mais e mais “bolhas”? A morte do preconceito é a convivência e a exposição?

Paulete Lindacelva – De certa forma é inegável que estar num lugar de visibilidade ajuda a criar imaginário e faz outras pessoas trans acreditarem nisso, mas também é importante pontuar que muitas outras pessoas trans já estavam nessa disputa de criar outras narrativas. Num todo, acho que o preconceito se faz por pura arrogância, principalmente dos frequentadores de festas, clubs e festivais.

Quem conhece a história, sabe como e onde as maiores vertentes da música eletrônica surgiram, sabe que foram nos guetos e que a presença de corpos trans não só eram maioria, como eram também os protagonistas, estando na vanguarda do movimento. Acho que a morte do preconceito não se dá pela exposição dos corpos trans, mas sim quando as pessaos cis buscam conhecimento, buscarem entender as questões de classe e raça e, aí sim, deixaremos de ser punidas pela falta de alcance e por suas ignorâncias.

Ainda sobre a sua entrada na agência, mais seis artistas da Mamba Negra entraram junto. O que representa, para você, o trabalho com a Mamba?

Paulete Lindacelva – Orgulho! A Mamba é uma coletiva construída por mulheres e muitas pessoas sexo-gênero dissidentes e desenvolve um trabalho lindo que busca e dá protagonismo a essas pessoas. É uma coletiva que está ativa nas atuais discussões e que ainda entrega experiências únicas em suas festas, fazendo valer o prêmio de melhor festa da cidade de São Paulo.

Você vislumbra, daqui pra frente, uma interconexão ainda maior entre suas personas artísticas (como comunicadora, como artista visual, etc) ou pretende levar adiante como prioridade o seu desenvolvimento na dance music?

Paulete Lindacelva – Não só pretendo, como tenho mantido essas interconexões. Acho que o que envolve todos os trabalhos que estou envolvida, seja como comunicadora, curadora de arte e DJ, é a vontade de reunir pessoas. A música, lógico, tem um lugarzinho especial no meu coração, mas uma coisa não anula a outra e todas podem acontecer ao mesmo tempo.

Artistas inspiram-se de várias maneiras, ouvindo sua intuição e respeitando seus sentimentos, cada indivíduo expressando-se dentro de suas inquietudes. Uma caminhada no parque, uma visita a uma galeria de arte, uma viagem, uma conversa com desconhecidos, uma recarga ou descarga de ideias, qualquer coisa vale. Conte-nos, Paulete, o que costuma te inspirar?

Paulete Lindacelva – Transitar na cidade, sentar num bar, conversar com os amigos, ver filmes… tudo isso me inspira muito, me toca e me faz criar afeto.

A história mostrou e ainda mostra uma configuração do mundo que cria, primariamente, espaços praticamente sob medida para maiorias que detêm privilégios sociais, culturais, econômicos e mais. Enquanto multiartista, como você busca inspirar as atuais e futuras gerações e como diria que elas podem, elas mesmas, inspirar também?

Paulete Lindacelva – Acho que estar viva e presente nesses espaços é uma boa forma de inspirar pessoas, tendo em vista todo o apagamento.

Foto: @ivimaigabugrimenko

Seu programa “Mote” é um poderoso exercício de abordagem da resistência e das vivências de grupos desprivilegiados sem a menor burocracia, abordando os temas de maneira que reconheça-se o passado dos grupos periféricos e de dissidentes de gênero, trazendo à tona, com sensibilidade, mas com os olhares atentos para o futuro, as dores que permeiam essas vivências. Acredita que a voz e as mudanças partem daí, dessa abordagem destemida?

Paulete Lindacelva – Para mim desburocratizar a comunicação é quase um dever. Se afastar de um lugar classista na construção de conhecimento deveria ser de interesse público. Desmistificar uma ideia de merecimento e pertencimento a partir de um conhecimento formal e academicista nos limita e deslegitima outros saberes que não passam por esse espaço que, convenhamos, se dá com uma base extremamente elitista, classista e, consequentemente, higienista e racista. Se houvesse um compromisso público de refazer a comunicabilidade e seus meios, certamente o Brasil não estaria passando por esse momento crítico.

Por falar em abordagem destemida, além de você, quais são os principais artistas, coletivos e outros componentes da cena independente, que você gostaria de citar como referências desses movimentos de luta racial e transgênere, dentro desse modus de ocupação, a arte e os corpos como atos políticos e a transcendência das barreiras de opressão?

Paulete Lindacelva – São muitos, mas posso citar aqui a própria Mamba Negra, a Batekoo, a Coletiva Scapa, de Recife, Atrita, de Fortaleza, Turmalina, de Porto Alegre, Coletividade Marsha, de São Paulo, Coletivo Carni, enfim… São tantos que fazem um trabalho bonito, generoso e importante.

Sigano Instagram & Soundcloud.

Categorias
Entrevista

Entrevistamos: Ekanta

Ekanta é uma das progenitoras do psytrance no Brasil e acaba de apresentar o álbum Vozes. Confira mais detalhes em nosso papo!

por Isabela Junqueira

Ekanta | Foto: Fernanda Petrillo

Ekanta apresentou recentemente o álbum ‘Vozes‘, um mergulho em culturas étnicas potentemente reverberadas sinteticamente pelas mãos da produtora de psytrance que se reuniu à bons amigos para a composição das nove faixas que formam esse compilado — um genuíno chamado da natureza e de seus habitantes.

São sete anos desde o último álbum de Ekanta. As dúvidas são muitas, desde a atual fase profissional da produtora, até os conceitos que a moveram nas produções e planos futuros, esclarecidos em um descontraído papo.

B4B – Olá Ekanta, é um prazer imenso! São 7 anos desde o seu último álbum e de lá para cá muita coisa mudou né? Vamos começar contextualizando como está a sua carreira atualmente e como esse álbum encaixa nesse momento?

Ekanta – Satisfação! Realmente muita coisa mudou, mas sinto que depois de 7 anos é como se eu retomasse minha essência , a mesma que me inspirou a anos atrás com o álbum Raízes Eletrônicas. Nesse mundo louco, as vezes a gente acaba se perdendo da gente mesmo, então nesse momento me sinto conectada e com mais força pra me expressar como artista. Esses últimos anos, apesar de terem sido difíceis, foram uma grande oportunidade de crescimento.

E o que difere aquela Ekanta do último álbum pra de agora?

Ekanta – Talvez 3 netos? hahaha, isso já diz quase tudo… Brincadeiras à parte, me vejo mais madura, mais confiante na força de ‘Vozes‘ e mais profissional a termos da concepção, criação e lançamento do álbum.

Vozes‘ chega em um momento propício. O mundo está sobrecarregado, pedindo por mais leveza. O que você quer transmitir com esse compilado?

Ekanta – Alegria, simplicidade, conexão espiritual, relembrar o poder das medicinas sagradas, valorização e preservação da natureza, dos povos indígenas e das crianças.

E como você formulou o conceito?

Ekanta – De uma primeira track que foi ‘Caboclas’, surgiu a ideia do álbum e daí tudo foi fluindo, como se fossem “vozes” me inspirando. No começo eu não tinha um plano concreto, específico, mas a vibe foi acontecendo e os “chamados” veram.

E você foi fundo no explorar dos sons orgânicos da natureza, não é mesmo? Desde a incorporação de cantos até animais. É um trabalho que exige uma responsabilidade grande, que você dispõe com naturalidade. O que, na sua opinião, te conduz à essa habilidade?

Ekanta – É um movimento bem natural pra mim, sempre estive nesse universo.

Fala também sobre o processo de desenvolvimento, já que o álbum está cheio de colaborações. 

Ekanta – Também foi uma coisa orgânica que foi acontecendo. No começo da concepção fiz uma lista de amigos que eu gostaria que fizessem parte do álbum, mas no meio do processo outros vieram e alguns dessa lista acabaram não participando, as coisas vão acontecendo né, e a gente tem de estar abertos ao flow. Já passei 15 dias com um amigo e fizemos 2:30 de música, e com outro em 2 dias uma track… é uma questão de sinergia.

Falando em colaborações… tem o dedinho da família e/ou influências?

Ekanta – As vozes Yanawas que usei em alguns tracks foram gravadas na primeira viagem do Alok ao Acre há 7 anos e por coincidência este ano ele também produziu um álbum com o mesmo conceito, mas não sabíamos do projeto um do outro. Talvez ouvimos as mesmas “vozes”? E tem a track com o Logica, né? Que é o projeto de psy dos meus filhos.

Ekanta e seus filhos Alok (dir.) e Bhaskar (esq.)

Depois de liberar esse álbum aos ouvintes, que mensagem você gostaria que fosse extraída e proliferada ao mundo para o próximo ano?

Ekanta – As músicas de ‘Vozes‘ emitem uma energia de amor e leveza, quero que as pessoas se sintam bem ao escutá-las. Esse é a principal mensagem porque acredito que se você estiver bem tudo a sua volta vai estar é uma coisa contagiante. E nessa frequência  a gente pode fazer do Mundo um lugar melhor!

Por último, mas não menos importante: podemos esperar um hiato menor para o próximo álbum? Obrigada pela conversa!

Ekanta – Eu super espero que sim, mas não vou fazer música por fazer… quero ter uma inspiração, um motivo, um conceito pra me expressar. Então mantendo a sintonia quem sabe jaja vem a próxima motivação. Obrigada!!

Se ainda não ouviu, escute agora ‘Vozes‘, novo álbum de Ekanta!

Sair da versão mobile